Uma luva e um chapéu com sensores que ajudam as pessoas invisuais a evitar obstáculos. Um sistema de alerta automático sempre que deteta fogos nas florestas. Um capacete inteligente para ciclistas que reporta automaticamente um acidente quando regista um forte impacto. Um projeto de QR Codes para promover a relação entre as pessoas e a cultura. E ainda uma aplicação que permite às pessoas surdas comunicarem com os serviços de emergência.
Gostou do conceito dos projetos? E se lhe dissermos que são todos feitos por jovens estudantes do ensino básico, secundário ou do primeiro ano de faculdade? Ficámos a conhecer melhor cada uma destas iniciativas tecnológicas quando visitámos hoje, 1 de junho, a X Mostra de Ciência. O evento reúne em Lisboa mais de 260 jovens de 39 instituições de ensino.
Os projetos relacionados com as áreas de biologia e química continuam a ser os mais abundantes – sabia que a urina é um bom fertilizante para tomates? -, mas ao FUTURE BEHIND interessaram sobretudo os que tinham um pendor tecnológico.
Luvas para invisuais
Francisco Vasconcelos, Ilídio Barbosa, Rui Sacramento e Luís Pires são alunos do Instituto de Educação Técnica (INETE) e a concurso levaram uma luva que pode ajudar as pessoas invisuais a terem uma melhor orientação.
Cada luva tem integrados dois ultrassons que ajudam o utilizador a perceber quando há um desnível e quando está a aproximar-se de um obstáculo. A luva comunica depois através de duas formas: emite sinais sonoros quando está próximo de um elemento físico; e vibra sempre que deteta uma diferença na nivelação do solo.
Experimentámos a luva e era funcional. O protótipo recorria a uma placa Arduino para fazer a conversão dos dados recolhidos pelos sensores em sinais que ajudam realmente o utilizador a tomar decisões.
Chapéus há muitos…
Não é normal ver um chapéu com dois sensores na parte frontal e um interruptor de lado. Isso fica explicado pois o projeto de Mário Cristóvão, Pedro Coroado e Susana Devesa, do Colégio da Imaculada Conceição, também serve para ajudar pessoas invisuais.
Um pouco como acontece na luva já referida, os sensores colocados no chapéu ajudam a perceber quando a pessoa está a aproximar-se de um obstáculo. Quanto mais próxima estiver mais intenso é o sinal sonoro.
Smoke the Fire
Já os alunos da Escola Secundária de Oliveira do Bairro levaram até ao Museu de Ciência e História Natural – local onde decorreu a mostra de ciência – um gagdget que tem como objetivo alertar os bombeiros e as autoridades para a ocorrência de fogos em zonas verdes.
O equipamento é composto por um sensor detetor de fumo, por uma placa Arduino e também por um módulo GSM. Quando detetado fumo dentro de uma área de 200 metros o sistema envia um SMS de alerta sobre o perigo de fogo e possivelmente ocorrência de incêndio. Partilha também as coordenadas para que a ajuda possa chegar ao local exato.
Para tornar a tecnologia mais integrada no meio ambiente a equipa constituída por Diogo Albuquerque, Samuel Santos e Vitaliy Davydovych criou um invólucro impresso em 3D com filamento de madeira. O protótipo custou 25 euros a desenvolver, mas se produzido numa escala maior podia ficar apenas por dez euros a unidade.
SAMU: é do Brasil, mas também funcionaria em Portugal
A X Mostra de Ciência convidou projetos estrangeiros para marcarem presença em Lisboa. Jaqueline Dahmer aceitou o desafio e veio representar a Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, do Brasil.
O que Jaqueline desenvolveu foi uma aplicação para smartphones que facilita a comunicação entre uma pessoa surda e os serviços de emergência. A app permite ter definidos alguns dados pessoais como o nome, número de bilhete de identidade, contacto, local de residência e também de trabalho.
É ainda possível definir uma lista dos problemas de saúde mais comuns que a pessoa tem.
Assim que é ativado o serviço, a aplicação traduz os dados essenciais e converte-os de texto para voz. Quando o atendedor do serviço de emergência toma registo da ocorrência é logo alertado para o facto de a pessoa ser surda. Depois de anotados os dados essenciais é só enviar o socorro.
O serviço está desenhado para funcionar no Brasil, mas de acordo com Jaqueline Dahmer seria simples adaptar o sistema para o serviço 112 em Portugal ou noutro país qualquer.