Windows XP

Windows XP, o dinossauro que não se rende à extinção

Esta semana a Google anunciou que o seu serviço de email, o Gmail, vai deixar de ser totalmente compatível com navegadores de internet mais antigos. Na altura do anúncio, o ângulo de interpretação de vários meios de comunicação foi ‘o Gmail vai deixar de funcionar no Windows XP e no Windows Vista’.

Será que são sistemas operativos assim tão relevantes para causar preocupação?

Sobretudo no caso do Windows XP ainda pode haver motivos para esse alarme. O sistema operativo da Microsoft é nesta altura um verdadeiro ‘dinossauro’ a caminhar pelo mundo moderno, mas os números de utilização e base de instalação ainda estão do seu lado.




De acordo com os dados da empresa Net Applications, o Windows XP tinha no mês de janeiro uma quota de mercado mundial de 9,17%. Sim, esse Windows XP, esse que foi lançado no mercado em 2001 e que já perdeu o suporte oficial da Microsoft.

Os valores compilados pela Net Applications mostram inclusive que o Windows XP é o terceiro sistema operativo para computadores mais utilizado em todo o mundo. Fica apenas a perder para os 25,3% de quota do Windows 10 e para os 47,2% do Windows 7.

 

Em Portugal o cenário já não é tão animador para o sistema operativo que já tem 15 anos de mercado. Na semana de 16 a 22 de janeiro o Windows XP representou 3,73% dos acessos à internet feitos em Portugal e monitorizados pela Marktest.

Apesar de este não ser um valor tão fiável como a quota de mercado, acaba por dar uma perspetiva diferente, uma que mostra que um software datado e já sem atualizações de segurança há dois anos e meio continua a ser utilizado para aceder à rede das grandes maravilhas e dos grandes perigos.

No mercado português o Windows XP ocupa a quarta posição no número de acessos à internet, sendo superado pelo Windows 10, Windows 7 e Windows 8.1, respetivamente. Mas a quota de mercado que o XP mantém ainda é suficiente para gerar mais tráfego do que o Mac OS X da Apple. Dá que pensar.

Ainda em meados de janeiro a Microsoft usou o Windows XP como uma forma de persuasão para que quem tem um computador com o Windows 7 não espere pelo ciclo final de suporte para fazer o upgrade – caso contrário isso dará origem a novas situações de alarme e a transições deficitárias pois não foram atempadamente preparadas.

Neste alerta feito pela Microsoft, lê-se ainda outra ideia interessante: o próprio Windows 7 “não cumpre os requisitos dos sistemas modernos, nem os requisitos de segurança dos departamentos de TI”, salientou Milad Aslaner, da Microsoft, citado pelo ArsTechnica.

Se o Windows 7 não está de acordo com os requisitos e padrões atuais da computação, então o Windows XP está num nível inferior.

O facto de neste momento implicar custos de atualização – ou compra o novo Windows 10 ou compra um novo computador -, o facto de os lançamentos posteriores não terem sido brilhantes – sobretudo o Windows Vista e Windows 8 – e o facto de os computadores manterem ainda a sua funcionalidade, são motivos que podem justificar o facto de muitas pessoas e empresas utilizarem máquinas com Windows XP.

Questões de segurança além do sistema operativo

O facto de haver muito menos pessoas a utilizarem o Windows XP pode fazer com que o sistema operativo não seja o alvo preferido dos piratas informáticos. O Windows 10 e o Windows 7, dentro do segmento de computadores, têm muitas mais potenciais vítimas.

Ainda que sejam vítimas menos prováveis, também é verdade que os utilizadores do Windows XP são vítimas mais vulneráveis. No dia 8 de abril vai fazer três anos desde que a Microsoft deixou de produzir atualizações de segurança cíclicas para o Windows XP. A empresa ainda emitiu um update crítico após esta data, mas acabou por não mexer mais no sistema operativo depois desse momento.

A partir do dia em que a Microsoft deixou de suportar oficialmente o Windows XP, as empresas que desenvolviam programas e aplicações para o sistema operativo seguiram o mesmo caminho e passaram a focar o seu desenvolvimento nas versões mais recentes do software.

Isso significa que não só o próprio Windows XP representa um perigo de utilização nesta altura, como muitos dos software criados para a plataforma também estão já eles desatualizados. Isto aumenta e bastante o espectro de possíveis ataques. Os piratas informáticos podem não conseguir encontrar mais falhas de segurança no Windows XP, mas podem, por exemplo, encontrar uma vulnerabilidade num browser já antigo ou num outro programa qualquer.