Pelo palco de abertura do Web Summit passaram algumas das pessoas mais influentes da atualidade: o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, a comissária europeia para a área da concorrência, Margrethe Vestager, e até o investigador Stephen Hawking fez um discurso-surpresa através de teleconferência.
O que vai na cabeça destas pessoas? Cada um, fruto da sua área específica, tem preocupações distintas, mas todos acabaram por confluir no tema da inteligência artificial (AI). Em resumo todos reconhecem a sua importância para o futuro da inovação tecnológica e da própria humanidade – mas todos também concordam que os perigos da AI pairam no ar.
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“Continuamos a empurrar os limites da tecnologia e da inovação. Queremos também construir um mundo melhor. Com a exploração vêm os riscos e uma grande responsabilidade”, começou por dizer o diretor executivo da Feedzai, Nuno Sebastião, durante a sua participação no evento de abertura, relativamente à inteligência artificial.
“A inteligência artificial é uma ferramenta incrível, não há duvidas. (…) É vital que alguém o faça [desenvolvimentos em AI]. É algo do qual os nossos filhos e netos nos vão agradecer por termos sido pioneiros”, acrescentou o empreendedor português, cujo parte do sucesso da sua empresa está diretamente relacionado com o que a inteligência artificial e o machine learning vieram potenciar.
Logo de seguida veio uma voz experiente e uma das que mais tem alertado para os perigos associados à inteligência artificial. Stephen Hawking tem feito inúmeros alertas sobre os resultados negativos que podem surgir desta revolução tecnológica. E começou de uma forma bastante crua.
“Acredito que não há diferença entre o que pode ser feito por um cérebro biológico e um cérebro tecnológico”, defendeu.
“Não conseguimos prever o que vamos atingir, talvez com as ferramentas desta nova revolução tecnológica vamos desfazer alguns erros passados”, referindo-se depois aos problemas criados pela industrialização e à forte pobreza que ainda subsiste no mundo. “Criar uma inteligência artificial eficaz pode ser o melhor para a nossa civilização ou o pior – simplesmente não sabemos”.
Stephen Hawking foi mesmo ao ponto mais negativo de todos: a inteligência artificial pode chegar a destruir a humanidade e não é apenas uma simples ameaça aos nossos postos de trabalho. Depois de ter abanado os participantes com estas palavras, veio uma mensagem positiva.
“Sou um otimista e acredito que podemos criar um mundo melhor, a inteligência artificial pode viver em sintonia connosco. Apenas precisamos de estar conscientes dos perigos (…) e prepararmo-nos antecipadamente”.
“Estamos no limite de um novo mundo. Vocês são os pioneiros”, disse no final como mensagem de incentivo às centenas de empreendedores que estavam a ouvi-lo.
Stephen Hawking apelou também à necessidade de regulação, pois por vezes é necessário haver algumas barreiras delimitadas para que todos saibam quando determinado movimento pode ser demais. E nem de propósito, a comissária europeia da concorrência também passou pela sessão de abertura do Web Summit.
“Os algoritmos precisam todos de ir à escola antes de andarem por aí. Por isso é que precisas de ensinar ao teu algoritmo o que deve fazer ou não deve fazer, caso contrário podes acabar com cartéis. Não queremos que os algoritmos aprendam os truques dos antigos cartelistas, queremos que aprendam as regras que estão nos livros”, disse a Margrethe Vestager a propósito deste tema.
Esta foi uma mensagem clara para empresas e investigadores: atenção à forma como desenvolvem as vossas ferramentas de inteligência artificial, pois estamos cá para evitar que surjam desequilíbrios que surjam destas inovações – palavra de quem já multou a Google, a Amazon, o Facebook e está agora atrás da Apple.
A balança está muito equilibrada entre os benefícios que a inteligência artificial pode trazer ao nosso mundo e os perigos que nos pode fazer enfrentar – e é isto que faz Brian Johnson levantar-se da cama todos os dias de manhã, aquele que acabou por ser a cereja em cima do bolo.
O empreendedor norte-americano é o fundador da Kernel, uma empresa que quer desbloquear as potencialidades do nosso cérebro. Como? Através de código. Na prática o CEO da Kernel quer que possamos escrever código para aproveitarmos o máximo potencial das capacidades cognitivas do nosso cérebro.
“A evolução da raça humana deve ser a nossa prioridade número um”.