O Web Summit é um evento dedicado à tecnologia e ao empreendedorismo, mas nem todos os projetos que vieram até Lisboa pertencem a um segmento puramente tecnológico como a inteligência artificial, as realidades virtual e aumentada ou a Internet das Coisas. Existem novas empresas que simplesmente estão a aproveitar a conveniência das ferramentas digitais disponíveis para reinventarem negócios já com muitos anos.
No caso da Basirly o objetivo é reinventar um negócio milenar: o dos tarólogos, adivinhos, mentalistas, consultores espirituais e videntes. A empresa criou uma aplicação que permite ligar os utilizadores a profissionais que disponibilizam diferentes serviços nas áreas referidas.
Depois de inscrito na aplicação o utilizador tem de selecionar a tipologia do serviço que pretende, definir alguns dados pessoais e escolher o profissional através do qual pretende ser atendido. A aplicação dá informações sobre quais os tarólogos e videntes que estão online e qual o tempo médio de resposta.
Cada consulta implica o pagamento de um determinado número de créditos – varia de profissional para profissional -, sendo que estes créditos custam dinheiro: 265 basirlees, a divisa da aplicação, custam 222 euros.
A Basirly está longe de pertencer ao clube dos negócios convencionais de um evento como o Web Summit, mas a empresa diz que os seis meses que já levam de mercado estão a correr bem: 200 mil utilizadores registados na plataforma. Uma visita ao Google Play indica que já houve mais de cem mil downloads da aplicação só neste sistema operativo.
“Temos uma grande variedade de videntes da Europa, Médio Oriente, América do Sul, América do Norte, África. Portanto, de diferentes partes do mundo”, disse Ayman Itani em entrevista ao FUTURE BEHIND.
“Tivemos muitos desafios. Um dos primeiros desafios que tivemos e que nos atraiu para este negócio é que esta indústria é muito antiga. Tem uma variedade de diferentes culturas e de diferentes idiomas”, disse depois o o porta-voz da Basirly a propósito do facto de estas práticas estarem longe de ser uma ciência exata.
A questão é que mesmo não sendo uma ciência exata, existem pessoas que acreditam no destino, na leitura das mãos e até das borras dos cafés. “Temos videntes que são estrelas. Têm programas de TV, são muito conhecidos. Estão interessados em juntar-se à plataforma e a aumentar a exposição regional e global. Temos estado num caminho de crescimento”.
Talvez o grande potencial da aplicação é captar a atenção de pessoas que ‘na vida real’ não consultariam um vidente. E para o CEO da Basirly isto já está a acontecer: de acordo com os dados demográficos captados pela empresa, os homens têm aderido bastante à plataforma, representando 35% dos utilizadores.
“Cada vez mais homens estão a registar-se porque estão a tirar partido da ideia. Talvez fossem tímidos em admitir que queriam ver um vidente, mas se o fizerem a partir de casa, fazem-no sem ninguém saber”, explicou Ayman Itani.