“É o começo de uma nova fase para a Waymo”, começou por dizer o diretor executivo da tecnológica, John Krafcik, antes de fazer o grande anúncio: “Os carros de condução completamente autónoma já chegaram”.
A divisão de veículos da Google veio a Portugal, através do Web Summit, revelar em primeira mão que além de ter carros que já são 100% autónomos, querendo isto dizer que dispensam por completo alguém sentado no lugar de condutor, são carros que vão ficar disponíveis para o grande público ainda no decorrer de 2017.
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John Krafcik anunciou também pela primeira vez o lançamento do Waymo Driverless Service, uma plataforma através da qual as pessoas vão poder chamar os veículos autónomos para as suas viagens. “Pensem na nossa tecnologia como uma plataforma que pode ter várias aplicações”, disse o CEO. “Estamos a trabalhar para trazer este serviço comercial para o público. Ter acesso vai ser tão fácil como usar uma aplicação e o veículo leva-te onde quiseres”.
No longo termo a Waymo vai poder concretizar qualquer tipologia de viagem, não apenas as pequenas deslocações de rotina. Haverá veículos talhados para as diferentes viagens que os utilizadores queiram fazer – uma viagem de longo curso provavelmente será feita por um veículo com um maior cuidado no conforto, por exemplo. “O carro já não precisa de ser desenhado em torno do condutor, mas em torno das tarefas que nós temos enquanto utilizadores”, salientou o porta-voz da Waymo.
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Os primeiros a ter acesso aos veículos da Waymo vão ser os habitantes da cidade de Phoenix, nos EUA. Os carros vão conduzir pelas estradas públicas sem qualquer restrição. “Vão poder usar os carros da Waymo para ir ao ginásio, para o trabalho e para fazer a sua rotina diária”, acrescentou o CEO da Waymo.
Para atingir este nível de autonomia, a Waymo apetrechou os seus veículos de todas as tecnologias que ajudam a fazer uma análise contextual do mundo que está à sua volta, como sistemas LIDAR, radares e sensores infravermelhos que conseguem detetar objetos até 300 metros de distância. O carro em si tem uma visão compreensiva de 360º, o que acaba por ser muito superior à de um condutor humano.
Quão bom é o sistema da Waymo? É bom ao ponto de ver um grupo de galinhas a atravessar uma estrada, de forma completamente aleatória e não planeada, e parar.
Além disso os veículos estão ainda equipados com sistemas de monitorização que em caso de deteção de uma anomalia nos sistemas informáticos, encosta automaticamente para que possa ser feita uma verificação daquilo que se passa.
Escala virtual
Para atingir o estado total de automação nos seus veículos muito antes da concorrência direta – Uber, Tesla, Comma.ai -, a Waymo tem usado uma combinação de testes em estrada e testes virtuais. Na prática a divisão de mobilidade da Google desenvolveu um simulador virtual para treinar o software de condução autónoma que lhe permite escalar muito mais rapidamente o ensinamento das suas ferramentas de inteligência artificial.
“Temos um simulador virtual onde conduzem 25 mil veículos, todos os dias, todas as horas. Nos últimos 12 meses completamos quatro mil milhões de quilómetros de condução virtual”, explicou John Krafcik. Já em estradas públicas os carros da Waymo amealharam 5,5 milhões de quilómetros ao longo dos últimos oito anos.
A Waymo está assim muito mais perto de concretizar o seu grande objetivo: fazer com que o condutor passe a ser um passageiro a tempo inteiro.