O iPhone X é um dos gadgets mais badalados do momento. Não só porque é o mais recente elemento de uma linhagem de equipamentos de grande sucesso, mas também porque representou a maior transformação visual que o iPhone sofreu desde o seu lançamento original em 2007. O upgrade tecnológico veio acompanhado de um update no preço e, no caso português, o modelo de base do iPhone X custa 1.179 euros.
Por todos estes factores e muitos outros – como os rumores de a Apple ter ‘cortado’ nas encomendas do iPhone X devido a vendas abaixo do esperado -, quisemos saber junto da IDC quais as vendas deste modelo específico no mercado português. Segundo dados da IDC partilhados com o FUTURE BEHIND, o iPhone X vendeu 17 mil unidades em Portugal no ano de 2017.
A questão que se coloca é: são estes números bons ou maus?
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Em primeiro lugar é necessário ter em consideração alguns elementos que ajudam a enquadrar este valor. Apesar de as vendas dizerem respeito aos resultados anuais totais, é preciso salientar que o iPhone X chegou ao mercado português no dia 3 de novembro, portanto já na reta final de 2017.
Também é importante perceber qual foi a performance total da Apple para percebermos como se encaixa o iPhone X nestes números. Em 2017 a Apple foi a terceira marca que mais smartphones vendeu em Portugal, tendo comercializado perto de 360 mil unidades, segundo os valores registados pela IDC.
Depois também é preciso considerar que o iPhone X é o smartphone de lançamento mais caro de sempre da Apple, que Portugal é um país onde o salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrém ronda os 846 euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, e que 30% dos trabalhadores em Portugal ganham menos de 600 euros, segundo a OCDE. Ou seja, o poder de compra fica muito abaixo do preço de entrada do iPhone X.
Mesmo considerando todos estes elementos de enquadramento, não seria de esperar vendas superiores do iPhone X em Portugal, especialmente tendo em conta que é um dos maiores lançamentos da Apple nos últimos tempos?
“Sim e não”, respondeu o líder de análise da IDC para a área das comunicações móveis. Francisco Jerónimo considera que por muito apelativo que o iPhone X possa ser para os consumidores, no caso específico do mercado português é um smartphone que não está ao alcance financeiro de muitas pessoas.
“A não ser que se endividem ou tenham outras formas de comprar o iPhone X, caso contrário nem sempre a vontade de comprar um produto leva a que isso possa acontecer. (…) Em Portugal as pessoas podem achar interessante, mas se acharem exagerado e se em cima disso não tiverem a mínima possibilidade, porque o preço do telefone representa muito mais do que a média de salário, claramente isso está fora de questão”, referiu em entrevista por Skype ao FUTURE BEHIND.
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Perante esta análise, então coloca-se a questão de forma invertida: o facto de a Apple ter conseguido vender 17 mil iPhone X em Portugal em tão curto espaço de tempo deve ser visto como uma vitória por parte da marca da maçã? Mais uma vez a resposta não é linear.
“Há muitas pessoas que têm a possibilidade de comprar e compram. Em Portugal se não se venderam mais porque os operadores não quiseram arriscar mais, porque sabem que há um limite. A grande dificuldade para os retalhistas e para os operadores é saber onde é que está esse limite. Por outro lado também soubemos que a Apple teve problemas em entregar o produto”, começou por explicar Francisco Jerónimo.
“Tivemos o feedback de muitos retalhistas que diziam que no dia em que o telefone chegava, era entregue ao cliente, havia listas de espera. Também não se vendeu mais porque se calhar a Apple não conseguiu entregar mais”.
Por outro lado torna-se difícil resumir o sucesso ou insucesso de uma marca a apenas um produto, neste caso o iPhone X. Só no último trimestre de 2017, por exemplo, a Apple teve em Portugal uma quota de mercado de 13,5%.
“Com um preço médio que é quase o dobro do concorrente direto [Samsung], também temos aqui uma indicação que há um grupo de pessoas com capacidade financeira em Portugal e essas pessoas efetivamente compram o iPhone, caso contrário a Apple não estaria como o terceiro maior fabricante de smartphones em Portugal no quatro trimestre, estaria muito mais abaixo. Claramente estão numa posição em que conseguem captar as pessoas que têm poder de compra – claramente estão a captá-las”.
Em Portugal durante o ano de 2017 os modelos de smartphones da Apple mais populares foram, por esta ordem, o iPhone 7, o iPhone SE, o iPhone 6 e o iPhone 7 Plus – uma lista que mostra que mesmo modelos mais antigos e tecnologicamente mais fracos, como o iPhone SE, continuam a ser motores de rendimento para a tecnológica de Cupertino em mercados como o português.