Com a cerimónia de entrega dos prémios The Game Awards 2020 a acontecer hoje, dia 10 de dezembro, é normal que a internet comece a fazer as suas apostas sobre os grandes vencedores da noite… Por aqui queremos fazer o mesmo e explicar, para cada um de nós, qual é o jogo do ano, ou GOTY, de 2020. Dentro dos nomeados para jogo do ano temos:
- Ghost of Tsushima
- The Last of Us Parte II
- Hades
- Doom Eternal
- Animal Crossing: New Horizons
- Final Fantasy VII Remake
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Com uma lista onde todos os jogos merecem, de uma forma ou de outra, ganhar o galardão de Game Of The Year [GOTY – Jogo do Ano 2020] fica difícil escolher apenas um, mas a equipa do FUTURE BEHIND juntou-se para fazer a sua escolha e explicar o porquê dessa mesma escolha. Um a um, vamos todos mostrar aquele jogo que nos marcou, que nos deixou sem palavras ou até com palavras a mais.
Gui Galão
The Last of Us Parte II
Para além de ser talvez uma das sequelas mais aguardadas, The Last of Us Parte II é, para mim, um marco na história dos videojogos. Surpreendeu na narrativa ao entregar uma história realista, não se limitando apenas ao que os fãs queriam ver. A vida é assim, imprevisível, injusta, e crua. A Naughty Dog não teve medo de o mostrar no seu jogo.
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Talvez o mais importante para mim seja a presença conteúdo LGBTQI+ num jogo tão aclamado, e o quão natural está feito. A relação da Ellie e da Dina é realista e não é sexualizada para apelar às massas (como maior parte do conteúdo lésbico nos média, sejamos realistas). Simplesmente é uma relação normal entre duas pessoas que se amam, e é mostrada como tal de forma natural e realista. O Lev também é apresentado e aceite pela Abby com uma naturalidade que muitas pessoas transgénero desejam ter dos mais próximos. Chamas-te Lev, mas estas pessoas que te odeiam chamaram-te por outro nome? Não quero saber, se me dizes que te chamas Lev eu acredito em ti, tu é que sabes quem és. É desta energia da Abby que precisamos no mundo. Sem preconceitos.
Um ponto menos bom do jogo, que para uns (eu incluído) pode ser considerado bom, é a violência gráfica física e psicológica. Bastou-me ter uma pessoa mais sensível ao meu lado a ver o jogo e a ter que se remover da sala, para perceber que o tipo de agressividade que The Last of Us Parte II, apesar de fazer parte mensagem que querem passar, não vai cair bem a toda a gente. É um jogo que verdadeiramente mexe connosco e nos perturba como nenhum outro jogo/filme/série alguma vez o fez.
Tiago Marafona
Final Fantasy VII Remake
Embora tenha jogado três dos seis jogos candidatos a jogo do ano do The Game Awards de 2020, a sensação com que fiquei ao conhecer a lista, é que este ano o equilíbrio é bastante maior comparativamente às edições anteriores. A minha escolha irá recair essencialmente para a obra concluída depois de uma produção muito perturbada, com praticamente seis anos de desenvolvimento, onde vários rostos trabalharam de uma forma afincada para um remake que tinha tudo para correr mal, sobretudo pela expectativa altamente exagerada criada por mais de 20 anos. Final Fantasy VII Remake é, portanto, a minha escolha para o melhor jogo do ano 2020.
Final Fantasy VII Remake fez praticamente tudo bem: nutriu a narrativa, deu ainda mais destaque a personagens secundárias, exibiu visuais espantosos – praticamente do melhor que já se viu nesta geração que agora termina, e mudou o sistema de batalha feito em 1997, o tão acarinhando ATB – Active Time Battle, tornando cada embate contra os inimigos ainda mais flexível, dinâmico e muito robusto.
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Este remake de Final Fantasy VII apesar de ter imensas coisas boas, perdeu o encanto das missões secundárias que o título original dava. As demandas opcionais passaram a ser meros pedidos sem grande singularidade. Já nos aspetos positivos, embora seja altamente discutível, a opção de alargar o jogo para várias partes e da forma como foi feito, entregando mais ao enredo, enriquecendo mais do que foi a proposta original, possibilitou que o remake entregasse aos jogadores várias perspetivas de interpretar a história, como também permitiu que se voltem às discussões e teorias mirabolantes que sempre alimentaram parte da indústria, sem tornar o final previsível e conhecido do grande público.
O rejuvenescimento de um clássico, feito com cabeça, tronco e membros.
Armando Sousa
The Last of Us Parte II
Que dizer mais tanto da Naughty Dog como de The Last of Us?
O primeiro jogo foi um murro no estômago e o segundo não lhe fica atrás na continuação da história de Ellie. A maneira ímpar que a Naughty Dog consegue criar uma narrativa carregada de suspense e terror, um thriller que num momento estamos assustados ao entrar num ninho de clickers e no outro estamos a sorrir com um momento ternurento. Ninguém consegue transmitir emoções como a Naughty Dog, vários tentam, mas poucos conseguem. No original foram pioneiros em como retrataram vários contextos sociais num mundo pós-apocalíptico como a violência explícita, relações LGBT, a fina linha entre a moral de salvar uma criança ou tentar salvar o mundo.
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Em The Last of Us Part II existe tudo isto elevado ao máximo e ainda estar no meio de uma guerra entre fações e gerir uma história que contenha tudo isto não está ao alcance de todos. Não há ninguém que arrisque como a Naughty Dog, que seja diferente no que quer contar, que ponha a indústria dos videojogos num patamar nunca antes alcançado em contexto de narrativa. Todos deveriam experimentar The Last of Us Part II para entenderem o que são os videojogos hoje em dia e o que podem ser no futuro.
Paulo Tavares
Final Fantasy VII Remake
A minha escolha só poderia ser Final Fantasy VII Remake para jogo do ano. Há um lado emocional que só me permitiria escolher esta linda homenagem a tempos idos e que considero os melhores no que diz respeito ao género dos Role Playing Games.
A Square Enix consegue juntar com esta obra os puristas da velha guarda, mantendo a sua estrutura, as personagens que nos encantaram há décadas atrás e consegue criar uma estória cativante a partir daquelas primeiras horas iniciais no jogo original. Tem também o mérito de conseguir aliar um novo público que vai ser apresentado a uma das sagas mais significativas e influentes da indústria, com um inovador action-RPG cheio de ação, com combates envolventes e recheados de estratégia e com imensas matérias para recolher e conjugar.
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Num mundo recheado de experiências frívolas e sem conteúdo, Final Fantasy VII Remake tem ainda Cloud como protagonista, mas conseguimos uma verdadeira relação com as outras personagens da aventura, que a seu tempo tomam o seu papel de relevo, o seu momento, seja através do desenrolar normal do jogo, ou através de algumas aborrecidas missões secundárias, permitindo-nos conhecer mais sobre elas, sobre o seu papel no mecanizado mundo de Midgar, em que sentimos o seu pulsar a cada localização que reconhecemos do jogo original, cheias de pormenor e vivacidade. Tudo parece ter vida.
De menos positivo há que realçar algumas animações que parecem estar desfasadas em certos momentos, mas nada que belisque a melhor experiência de jogo deste ano. Com um pé no passado que hora e outro no futuro, Final Fantasy VII Remake faz valer os longos anos de espera. E que venham os próximos capítulos.
André Santos
The Last of Us Parte II
Não deixando para trás jogos como Animal Crossing: New Horizons que, tal como me ajudou a mim, ajudou milhares de pessoas durante os primeiros meses do ano. O exclusivo da Nintendo chegou numa altura de grandes mudanças e serviu para que muitos jogadores conseguissem ter um escape de uma realidade que do nada ficou diferente. Ou DOOM Eternal, um shooter frenético com o qual me diverti, e ainda divirto, ao jogar e ao ouvir a incrível banda sonora, mas para mim o GOTY, ou jogo do ano, tem que ser The Last of Us Parte II.
O título da Naughty Dog é cru, fala do que tem que falar, como quer falar. Faz o que quer fazer, como quer fazer. Apresenta a sua mensagem como a quer apresentar. Muitos jogos são feitos a pensar nos fãs, muitos jogos são feitos a pensar nas possíveis vendas, mas a Naughty Dog não teve que se preocupar com nada disso, porque os fãs já lá estão e as vendas acabam por vir atrás… com esta liberdade acabaram por conseguir apresentar o jogo que queriam da forma que queriam, sem se preocuparam com “o que é que os jogadores vão pensar?” ou “Será que alguém vai levar a mal?”.
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The Last of Us Parte II chegou e quebrou a internet, muitos os que odiavam sem ter jogado, outros que amavam sem saber do que falavam. Mas quem jogou, tenha gostado ou não, encontrou uma narrativa digna de qualquer filme de Hollywood com momentos de uma terrível agressividade para quem via, mas também momentos de compaixão capazes de deixar qualquer um derretido. Para além da narrativa, as mecânicas do jogo não revolucionam, mas são todas bem utilizadas e acabam por ser uma boa evolução quando comparadas com o primeiro jogo da série.
Por fim, The Last of Us Parte II, enquanto jogo tem algo tão importante, ou até mais, quanto a boa presença de conteúdo LGBTQI+. Falo de todas as mecânicas de acessibilidade que a Naughty Dog colocou no jogo, levando o jogo a grande parte dos jogadores, muitos deles com limitações físicas que muitas vezes os impedem de jogar como todos nós… e, como os jogos devem ser para todos, este facto é digno de celebração! A Naughty Dog está de parabéns.