A luta entre a Samsung e a LG no mercado português de televisores continua renhida. De acordo com dados da empresa de análise GfK, a Samsung terminou o ano de 2016 com uma quota de mercado de 36,7%, tendo a LG ficado em segundo lugar com uma quota de 36,2%.
Apesar da diferença reduzida, a verdade é que a LG tem tido um melhor desempenho que a rival Samsung nos segmentos de preço premium. No mercado dos televisores acima dos 1.800 euros, a LG agarrou 44% do mercado e a Samsung 40%. Quando o termo de análise sobe para os 2.800 euros, então a LG agarra 61% do mercado e a Samsung 29%.
A nova linha de televisores que a Samsung está agora a trazer para Portugal vai tentar diminuir esta diferença. Os televisores QLED apresentados no início do ano em Las Vegas, nos EUA, além de trazerem uma tecnologia de ecrã que representa um salto qualitativo relativamente ao que a Samsung disponibilizava, trazem também um grande cuidado nos detalhes. E nestes níveis de preço, os detalhes podem fazer a diferença.
Tal como já tínhamos explicado, os televisores QLED utilizam uma tipologia de ecrã que funde duas tecnologias: os quantum dots, cristais semicondutores com apenas alguns nanómetros de tamanho e que garantem uma melhor reprodução de cores, contrastes e bons níveis de luz, que são misturados com a mais tradicional tecnologia dos díodos emissores de luz (LED).
A questão da luminosidade acaba por ser aqui o grande diferencial do QLED relativamente aos painéis OLED. A tecnologia QLED apesar de apresentar bons contrastes e também um preto profundo, continua a não estar ao mesmo nível do ‘preto total’ garantido pelos ecrã OLED. Por outro lado, o brilho nos ecrãs QLED é de facto superior, o acaba por fazer a diferença nas cores.
Sobretudo na reprodução de conteúdos HDR, o facto dos painéis QLED conseguirem atingir os 1500 e os 2000 nits de brilho faz com que as transições de cor sejam mais notórias, algo que fica enriquecido pelos tons saturados garantidos pela tecnologia de High Dynamic Range.
Em Portugal a Samsung passa a ter três gamas de televisores que estão equipados com painéis QLED: Q7C e Q8C, que têm ecrãs curvos, e a gama Q7F, que mantém o tradicional painel plano. A tecnológica vai trazer posteriormente uma outra linha, a topo de gama dentro do ecossistema QLED, denonimada Q9C.
A Samsung propõe suportes com diferentes designs para os seus novos televisores. #Crédito: Future Behind
Durante o evento de apresentação à imprensa, a Samsung confirmou que o modelo Q7F de 55 polegadas vai custar perto de 2.400 euros e que o modelo Q8C também de 55 polegadas vai custar perto de 3.500 euros. Televisores com ecrãs maiores vão sempre ter um impacto no valor final do equipamento, podendo chegar aos 6.500 euros para um modelo Q8C de 75 polegadas, por exemplo.
Missão: simplificar o televisor
Apesar do claro destaque da tecnologia QLED nesta nova vaga de equipamentos, acabaram por ser os pormenores que a Samsung implementou nestes televisores os elementos que mais chamaram a atenção.
O primeiro de todos é um acessório chamado One Connect. Na prática é uma pequena box externa que vem com o televisor e que tem como principal objetivo garantir uma melhor gestão de cabos. Em vez de ter meia dúzia de cabos pretos a saírem da parte traseira do televisor, com os QLED haverá apenas um pequeno e quase imperceptível cabo de fibra ótica.
O utilizador deve ligar todos os aparelhos – box de televisão, consolas de videojogos, leitores Blu-Ray, discos externos – ao One Connect. Este acessório pode depois ficar até cinco metros de distância do televisor, pois é esse o tamanho do cabo de fibra ótica que liga o One Connect ao televisor QLED.
A gestão de todos os sinais digitais é feita pelo One Connect, o que também permite utilizar apenas um comando para controlar o interface de todos equipamentos que a ele estiverem ligados. A Samsung Portugal diz que quase todas as boxes dos operadores portugueses de telecomunicações serão compatíveis e durante a demonstração vimos também o interface de uma Xbox One a ser controlado pelo comando do TV.
A nova linha de televisores vem ainda equipada com um sistema de montagem simplificado e que permitirá, em poucos minutos, colocar um destes televisores na parede. O que nos chamou mais a atenção neste novo sistema de montagem da Samsung foi o facto do suporte, que está na parede, permitir um reajustamento da posição do televisor – 10º de inclinação nas laterais e 11º de inclinação frontal.
Por fim destacaríamos a aplicação Smart View que a Samsung desenvolveu para dispositivos móveis Android e iOs, e também para computadores Windows. Na prática esta aplicação coloca no smartphone um interface que permite controlar o televisor à distância e sem a obrigatoriedade de usar o comando.
Dentro desta aplicação, o elemento mais interessante é a tecnologia de autenticação automática – justamente um dos elementos que apontámos como negativo quando testámos a box Tbee. Com esta aplicação da Samsung poderá utilizar a sua conta do Spotify no televisor, mesmo que não tenha o login feito no ‘grande ecrã’ – e quem diz Spotify, diz outros serviços online. O emparelhamento entre smartphone e televisor faz com que a partilha de credenciais seja automática, algo muito bem-vindo pois a introdução de credenciais em ambiente de TV é atualmente ainda muito rudimentar na maior parte dos equipamentos.
No geral parece-nos que mesmo perante as propostas tentadoras que a LG apresenta com os seus televisores OLED, a Samsung encontrou na tecnologia QLED um patamar de qualidade que vai manter renhida a luta pelo título de empresa número um neste segmento em Portugal.