São grandes as expectativas relativamente ao Sony Xperia XZ Premium. Não só porque o smartphone foi eleito como o melhor equipamento do Mobile World Congress, mas também porque é uma verdadeira ‘besta’ no que às especificações diz respeito. O novo topo de gama da Sony Mobile tem tudo do bom e do melhor, resta saber se o timing escolhido vai ter impacto no sucesso do equipamento.
Já passaram mais de três meses desde que foi apresentado no MWC, em Barcelona. Desde então já chegaram ao mercado todos os seus principais rivais – o Galaxy S8, o LG G6, o Huawei P10 Plus e posteriormente o OnePlus 5. Quer isto dizer que o bom momento que o smartphone alcançou no início de março não foi capitalizado de imediato pela Sony Mobile ao nível das vendas.
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Além de chegar já com desvantagem de tempo às lojas, o Xperia XZ Premium chega numa altura em que o conceito de smartphone premium está a mudar. Acima de tudo há dois elementos que os utilizadores começam a procurar nos smartphones topo de gama e que o novo da Sony ainda não disponibiliza: dispositivos com margens bastante reduzidas e dispositivos com duplo sensor fotográfico.
No caso das margens reduzidas o Galaxy S8 e o LG G6 são claramente os smartphones que estão a definir a próxima etapa. Ambos apresentam-se com margens laterais quase inexistentes e eliminaram em grande nível as margens superior e inferior da parte frontal do smartphone. Ambos têm um rácio de ecrã superior a 80%, quando o rácio do Xperia XZ Premium ronda os 68%, o que atualmente já é uma diferença muito considerável e pouco compreensível.
Não falámos diretamente da questão do ecrã, pois a esse nível o Xperia XZ Premium pode até acabar por ser superior aos seus rivais, fruto do painel 4K com suporte para conteúdos HDR. Vimos este ecrã em ação no Mobile World Congress e é, sem rodeios, espetacular.
Mesmo apresentando tecnologia de topo e ‘à prova do futuro’, a verdade é que o design do Xperia XZ Premium continua muito ligado aos modelos do passado e não é um design que consiga rivalizar com o Galaxy S8 ou o LG G6. Não colocámos em causa a qualidade de construção, mas no design o Xperia XZ Premium parece-nos demasiado 2015.
Já a questão do duplo sensor fotográfico está acima de tudo relacionado com funcionalidades criativas e não tanto com a qualidade geral do smartphone. Mas se pensarmos nos principais topo de gama que estão no mercado, atualmente só o Xperia XZ Premium e o Galaxy S8 é que não optam por uma aposta num duplo sensor de imagem – sendo que o do Galaxy S8 é tecnicamente igual ao do Galaxy S7.
Com o duplo sensor fotográfico do Huawei P10 Plus, por exemplo, conseguimos captar fotografias apenas a preto e branco e com um detalhe ímpar. Com o duplo sensor fotográfico do LG G6 conseguimos captar imagens de altíssima resolução e com uma amplitude que só é comum nas câmaras de ação. No caso do OnePlus 5 o duplo sensor serve para perceber melhor as diferentes profundidades de campo dos diferentes elementos da composição, o que em teoria ajuda a criar um efeito bokeh que começa a aproximar-se daquele que é garantido pelas câmaras fotográficas dedicadas.
O que o Sony Xperia XZ Premium garante, assim como todos os seus antecessores, é apenas um sensor fotográfico de grande qualidade. Em momento algum um único sensor, pelo simples facto de ser apenas um sensor, fica em desvantagem com câmaras de duplo sensor. Mas também parece claro que as câmaras com duplo sensor permitem uma utilização mais criativa e diferenciadora, que é algo que se pede a um smartphone premium.
Se na área da fotografia este sensor único pode não estar em linha com os padrões atuais, já no vídeo o Xperia XZ Premium está uns quantos passos à frente da concorrência. A capacidade de gravar vídeos em super slow motion – leia-se, a 960 fotogramas por segundo – é um feito impressionante para um smartphone.
Há por outro lado uma desvantagem que o Sony XZ Premium poderia ter, mas que fruto da chegada tardia ao mercado já não tem: referimo-nos ao preço.
Logo em março ficámos a saber que muito provavelmente o preço rondaria os 800 euros, um pouco à imagem do que já tinha acontecido com o Sony Xperia Z5 Premium. Este é um valor sempre sensível para um smartphone, pois já joga na linha dos chamados ultra premium.
Acontece que nos últimos meses o preço médio dos smartphones topo de gama aumentou em quase todos os modelos. O Galaxy S8 custa 820 euros, o LG G6 custa 750 euros e o Huawei P10 Plus custa 800 euros. Só o OnePlus 5, com um preço de 500 euros, é que continua a jogar num campeonato à parte.
Ou seja, as várias semanas que o Xperia XZ Premium tem de desvantagem para os seus mais diretos rivais serviram, em certa medida, para que esses mesmos rivais educassem os consumidores para a dura realidade que é a dos smartphones topo de gama custarem agora muito perto de 800 euros. Ou seja, se o preço do Z5 Premium em 2016 era elevado para os padrões da altura, o do XZ Premium este ano acaba por ser mais interessante – ainda que seja igualmente caro.
A divisão de smartphones tem vindo a perder relevo dentro da estratégia da Sony e o Xperia XZ Premium é o pináculo da nova postura da empresa: fazer menos equipamentos, mas os que fazem é para lutar diretamente com os melhores do mercado ou até para superá-los.