Há algo nos robôs humanoides que nos fascina. Talvez seja o nível de inovação tecnológica que já permite criar um robô parecido connosco. Ou então talvez seja isso mesmo, a parecença com o ser humano. Ou serão os movimentos cada vez mais naturais? Dependendo da pessoa a resposta pode ser diferente ou pode até ser um pouco de todas as anteriores.
É interessante ver o nível de empatia que rapidamente se cria entre nós, humanos, e os humanoides que nos vão aparecendo à frente. Lá no fundo existe um temor de que um dia as máquinas vão virar-se contra nós e teremos no mundo real aquilo que o Terminator popularizou no cinema. Mas por agora estamos mais interessados em interagir com estes robôs.
Foi o que fizemos ontem, 25 de outubro, no evento SAP Innovation Forum com o robô Pepper. O equipamento foi apresentado originalmente em junho de 2014 pela Aldebaran Robotics e pela sua empresa detentora, a Softbank, e na altura fez manchetes pelas suas capacidades de leitura emocional.
A versão do Pepper que vimos hoje era mais comercial, pois foi assim que foi programado. Mas mantinha em si alguns elementos mais ‘humanos’ que ajudavam a cativar a audiência.
Por exemplo, se quiséssemos que o robô nos prestasse atenção, bastava passar-lhe a mão na cabeça como se estivéssemos a fazê-lo numa criança. Rapidamente os seus olhos mostravam uma luz verde e seguiam a nossa presença. Esquerda-direita e também a cabeça do robô movia-se no nosso sentido.
Se lhe pedisse um aperto de mão ele negava-o, preferindo antes levantar o braço em jeito de saudação. Se lhe pedisse para levantar os braços, então aí já tinha uma resposta ao seu pedido.
Era como se tivesse vontade própria.
O Pepper soube dizer de onde vem, quem é que o fabricou e tinha mais algumas respostas na ‘manga’, o suficiente para conseguir alimentar uma curta conversa.
A SAP preparou este Pepper para responder apenas a um pequeno conjunto de questões, com o robô a ter sobretudo o intuito de mostrar aquilo que pode ser o futuro do comércio e o futuro da interação dos consumidores no retalho físico.
O Pepper custa perto de 1.500 euros
É verdade que o comércio eletrónico está a crescer cada vez mais, mas também parece claro que num futuro próximo as pessoas não vão deixar de ir às lojas só porque comprar online é cada vez mais cómodo e multiplataforma.
A questão é justamente essa: em breve as marcas vão querer trazer para as lojas físicas alguma da experiência de inovação, digital e tecnológica, que já disponibilizam nas suas lojas online.
Robôs como o Pepper podem ser essas soluções. A demonstração que a SAP trouxe para Lisboa permitia que a pessoa usasse o robô como conselheiro para a comprar de um chocolate. Através de interação de voz, em inglês, o robô fazia algumas perguntas que o ajudava a perceber a tipologia de chocolate mais indicada para o nosso perfil de consumidor.
Doce ou amargo? Textura mole, média ou dura? Qual elemento prefere: terra, ar, fogo ou água? Mediante as suas respostas o robô devolvia depois alguns resultados de chocolates recomendados.
O processo era fácil, rápido e interativo – era como se estivesse a ter uma conversa com o seu melhor amigo sobre qual chocolate deve comprar.
No Japão o Pepper já marca presença em hotéis e em sucursais de seguradoras
Existem no Pepper elementos de inteligência artificial que ajudam a moderar esta conversa e depois existe uma plataforma tecnológica que está pensada de raiz para ajudar o consumidor a atingir o seu objetivo.
Mas será assim tão difícil imaginar um futuro em que vamos entrar numa loja e teremos um robô que nos vai apoiar nos processos de compra?
Que vestido comprar para uma gala solidária? Qual o vestuário mais indicado para um casamento em dezembro? Qual o prato do restaurante que está mais de acordo com a dieta do utilizador? Que smartphone comprar? Num mundo cada vez mais complexo, serão as máquinas que nos vão ajudar a manter as decisões o mais simples possível.
Os exemplos são variados e só a falta de imaginação pode limitar os possíveis casos em que podemos ver um Pepper não só a ajudar os consumidores, por um lado, como a ajudar os seus ‘patrões’, por outro, ao aumentar o nível de vendas.
Porque apesar de ser um robô, é um robô que pelas suas características, pela sua aparência e pelos seus gestos está pensado para ser amigável. Quem não gosta do conselho de um bom amigo?