No final de junho já tínhamos tido um primeiro contacto com o Wiko Ufeel e na altura o que mais se destacou no smartphone foi a conjugação interessante de especificações com um preço igualmente apelativo.
Destacamos o suporte para redes 4G, os 3GB de memória RAM e o leitor de impressões digitais. São características pouco comuns para um smartphone de 199,90 euros. Restava saber se estes ‘números’ em conjunto eram suficientes para produzir um smartphone com valor.
Depois de uma semana de testes podemos afirmar com segurança que a Wiko conseguiu com o Ufeel cumprir a sua principal missão que é trazer para o mercado dispositivos com uma boa relação qualidade-preço.
O smartphone não é um portento de desempenho – tem até algumas limitações -, mas é um dispositivo que está pensado para aguentar sem problemas uma utilização quotidiana tradicional. Isto implica visitar páginas web, usar redes sociais e também jogar um pouco.
De todos os elementos o que mais surpreendeu foi o leitor de impressões digitais. Eficaz e rápido no reconhecimento, permite desbloquear o smartphone num piscar de olhos, tal como prometido pela marca. Não é tão veloz como um Huawei P9 Plus, mas também não precisa de o ser.
É possível encostar apenas o dedo ao botão principal quando o ecrã está desligado para o equipamento desbloquear, o que é positivo pois existem equipamentos que obrigam primeiro a ‘acordar’ o smartphone para que seja feito o reconhecimento da impressão digital.
Experimentámos também a funcionalidade que a Wiko incorporou e que permite lançar uma aplicação mediante a impressão digital que usar no desbloqueio – o smartphone reconhece até cinco. Funciona bem, mas não vemos ganhos de tempo consideráveis. Na prática é um gimmick, está lá para o caso de querer usar e por este simples facto é algo positivo.
É no entanto de destacar que nas mensagens que o smartphone dá quando, por exemplo, a impressão não é reconhecida, existe um trabalho pobre na tradução de conteúdos. ‘Fingerprint não corresponder’ ou ‘Verificação de impressão digital falhada, favor tente…’ são dois exemplos do que encontrámos.
A seguir destacamos a qualidade de construção geral do smartphone. Apesar do nível de preço, o Ufeel consegue apresentar-se com um certo requinte. O ecrã ‘2,5D’ conjuga bem com a estrutura metálica escolhida para a parte lateral. Visualmente é um dispositivo agradável. Já ao nível do tato…
O Wiko Ufeel tem uma tampa traseira num material a que a empresa chama de ‘arenito. É de facto um material que previne que o smartphone se torne escorregadio, mas pessoalmente – e haverá pessoas que certamente gostam – não aprecio este material. Causa uma sensação estranha no tato e não combina bem com a suavidade das restantes partes do equipamento. Também suja com facilidade e não é fácil limpar. Teria preferido uma tampa em plástico se fosse para manter o preço ou até uma tampa metálica como a que vem no Ufeel Light – curiosamente, é mais barato 20 euros.
Agora falemos de desempenho. O processador MediaTek 6735 incluído no Wiko Ufeel vai garantir-lhe uma experiência de utilização mediana. Algumas páginas web vão demorar um pouco mais a carregar, uma ou outra aplicação por vezes pode demorar um pouco mais a abrir, mas no geral não sentimos que o smartphone seja lento.
Isto é algo que pode – e vai – piorar com o tempo, à medida que vai instalando mais aplicações e vai acumulando ‘lixo digital’ no smartphone. Mas atualmente já existem ferramentas que ajudam a aliviar este peso da idade.
A capacidade multitarefa no que diz respeito à troca de aplicações é rápida e é aqui que os 3GB de RAM fazem a diferença. Aliás, a boa resposta que o Wiko Ufeel foi dando nesta semana de testes deve-se acima de tudo a esta grande capacidade de armazenar mais tarefas na sua memória temporária e não tanto ao processador em si.
Se neste aspeto ficamos satisfeitos para uma utilização básica, quando passámos para a área dos videojogos nota-se que o Ufeel é limitado. Consegue executar bem um King of Thieves e um Polyforge, mas ‘arrasta-se’ num título mais exigente como Suicide Squad: Special Ops. Neste ponto a Wiko devia ter ido mais além para convencer os utilizadores pois os jogos só tendem a ficar mais exigentes com o passar dos meses.
Existem, claro, outros pontos que não nos cativaram. A autonomia é um deles. Dependendo da utilização que der ao equipamento a bateria pode não durar para o dia completo. Por mais do que uma vez foi necessário ligá-lo à corrente elétrica ainda antes da hora do jantar.
A câmara fotográfica deixou-nos com sentimentos mistos: consegue resultados interessantes em condições de boa luminosidade, sobretudo na reprodução de cores. Mas quando não existe luz suficiente nota-se que o sensor sofre, mesmo sendo de 13 megapíxeis – o ‘grão’ toma conta das imagens.
Já sobre o ecrã atestámos que apresenta uma resolução suficiente para ter uma experiência positiva, é bastante colorido e isso traz vivacidade aos conteúdos, mas falta-lhe claramente brilho. Na área do som o smartphone surpreende pelo volume alto que consegue atingir, mas no seu pico máximo o áudio perde claramente qualidade.
Resumindo, o Wiko Ufeel é um típico smartphone de gama média na casa dos 200 euros – entrega algumas funcionalidades muito interessantes, mas os utilizadores terão de saber viver com o facto de terem um equipamento mais barato e com as limitações que isso traz. Ainda assim é um dispositivo interessante para os que são mais ‘poupadinhos’ nos investimentos.
Vem com Android 6.0 ‘Marshmallow’ de origem, o que é bom – o Android 7.0 ‘Nougat’ só ficou disponível esta semana – e traz algumas personalizações de software interessantes. Por exemplo, o utilizador pode escolher entre diferentes formatos para organizar as aplicações e também existe um cofre digital: pode guardar ficheiros específicos, sendo a sua impressão digital a chave de acesso.
O Wiko Ufeel deve ser a sua escolha se valoriza a segurança, se procura um dispositivo com apelo visual e se apenas quer um equipamento que cumpra os básicos no dia-a-dia. Se procura melhor fotografia talvez deva considerar um equipamento como o LG K10. Se é autonomia que prefere pode sempre olhar para um smartphone como o Alcatel Go Play.
Por fim um ‘aparte de parabéns’ para a campanha montada pela Wiko para os smartphones da linha Ufeel. É agressiva, é um facto, mas é original, divertida e fresca para o que é comum ver-se no segmento dos dispositivos móveis.
Não diríamos que o Wiko Ufeel está em condições para levantar o dedo do meio a toda a concorrência, para isso seriam necessários alguns ajustes sem que o preço alterasse muito. Mas tem o suficiente para deixar os consumidores indecisos – no bom sentido – e para deixar a concorrência em sentido.