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Mais quatro considerações sobre a Nintendo Switch

O tão aguardado evento de janeiro sobre a Nintendo Switch já aconteceu e agora já se sabe quase tudo sobre a nova consola. Já temos uma data de lançamento – dia 3 de março -, já temos um preço base – 330 euros -, já temos um alinhamento inicial de jogos, já temos um alinhamento para 2017, já temos detalhes técnicos como a autonomia, já temos muitas e boas imagens sobre a consola e os seus acessórios.

Esta é portanto uma boa altura não só para recuperar as nossas primeiras quatro considerações sobre a Switch, como para fazer quatro novas à luz das revelações que foram feitas.



5. O catálogo inicial de jogos é muito fraco

No dia 3 de março quando a Nintendo Switch chegar ao mercado só vai ter cinco jogos disponíveis. É um catálogo inicial muito fraco e que poderá afastar alguns potenciais compradores da aquisição em pré-venda ou no dia 1.

Sim, sabemos que já estão confirmados 80 jogos em desenvolvimento e mais de uma dezena de lançamentos até ao final do ano. Sim, também sabemos que entre o alinhamento inicial está o todo-poderoso The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Mas não deixam de ser apenas cinco jogos disponíveis na fase de lançamento – o que é muito pouco.

Além de Zelda, estão confirmados: 1-2 Switch, Skylanders Imaginators, Just Dance 2017 e Super Bomberman R.

Nintendo Switch 1-2-Switch
Imagem de 1-2 Switch, um dos jogos de lançamento da Nintendo Switch e que tira partido da liberdade de movimentos dos Joy-Con. #Crédito: Nintendo

É uma questão preocupante pois mostra alguma falta de preparação da Nintendo para este lançamento. A tecnológica japonesa precisava de arranjar uma substituta o quanto antes para a Nintendo Wii U, mas ‘depressa e bem, há pouco quem’.

Cinco jogos é pouco para atrair o interesse de potenciais novos jogadores para o ecossistema da Nintendo. O próprio jogo The Legend of Zelda nem sequer será um exclusivo da Switch, também vai chegar no dia 3 de março à Wii U.

Pegando justamente no exemplo da Nintendo Wii U, quando chegou ao mercado português, em novembro de 2012, a consola trazia consigo um total de 23 jogos. Se o objetivo é ser escabroso, é possível dizer que a Wii U tinha um catálogo de jogos inicial 300% superior ao da Nintendo Switch – a matemática sustenta este argumento.

Por outro lado, quem compra uma consola não compra só a pensar nos jogos que existem no dia 1 de lançamento. Compra com a ideia daquilo que virá a ter no futuro. Super Mario Odissey, Splatoon 2, ARMS, Mario Kart 8 Deluxe e Xenoblade Chronicles 2 parecem ser bons motivos para investir já na consola e aguardar até ao final do ano, quando haverá um conjunto de jogos para a Switch muito mais interessante.

6. O hardware é único

A Nintendo Switch é uma consola como nenhuma outra até à data. E este é o elemento mais valioso no novo sistema de jogo da Nintendo. Quem não gosta de uma boa dose de inovação?

O facto de ser um dispositivo híbrido – tanto pode ser ligado ao televisor como pode ser jogado numa viagem de avião – e de também ser modular – os comandos Joy-Con podem assumir diferentes formatos – colocam a Switch numa categoria à parte.

Há um apelo inovador, único e divertido neste conceito de consola. O entusiasmo pelo hardware é meio caminho para tentar converter os consumidores a este conceito.

A Switch mantém de bom aquilo que a Wii U tinha – um ecrã de grandes proporções que permitia uma jogabilidade mais desligada do televisor -, mas também foi buscar o melhor lado da Nintendo Wii – comandos sem fios e com sensores de movimento.

Nintendo Switch

 

Os comandos Joy-Con prometem ser um dos pontos fortes da Switch. A facilidade com que se passa de um comando tradicional para dois comandos sem fios que conseguem detetar o movimento dos jogadores é um elemento valioso para o posicionamento que a Switch quer assumir.

O próprio sistema de multijogador local, que permite partilhar um Joy-Con com outra pessoa para jogar, por exemplo, uma partida de Mario Kart, é também ele um argumento bastante convincente. Que outra consola lhe dá dois comandos de jogo de origem?

Com este hardware diferente a Nintendo Switch vai garantir uma experiência de jogo diferente. Isto é bom para os estúdios de desenvolvimento pois podem assumir abordagens distintas quando estão a criar novos jogos. Tanto podem procurar criar um jogo mais tradicional de comando na mão, como podem criar algo mais ao estilo do 1-2 Switch que coloca um Joy-Con nas mãos de diferentes pessoas e a executarem movimentos muito pouco comuns para quem está a jogar.

7. O preço é arriscado

Quando a Nintendo Switch chegar às lojas portuguesas no dia 3 de março vai ser mais cara do que a PlayStation 4 e do que a Xbox One S.

Nas primeiras quatro considerações sobre a Nintendo Switch dissemos que a gigante nipónica afirmava de uma vez por todas que estava num campeonato próprio. Que não queria entrar numa luta direta, sobretudo nas especificações, com a PlayStation e com a Xbox. Mantemos esse ponto.




Mas também não podemos ignorar que um consumidor não deixa de ser um consumidor só porque a consola da Nintendo tem um posicionamento diferente. O consumidor continua a querer escolher o melhor sistema de jogo mediante as suas preferências e em determinada parte deste processo, vai olhar para o preço.

A PlayStation 4 e a Xbox One foram lançadas originalmente em 2013, mas no ano passado, em 2016, chegaram versões melhoradas ao mercado. Ou seja, a concorrência acabou por ‘defletir’ um pouco aquela ideia de sistemas de jogo mais antigos.

Por um preço de 300 euros é possível encontrar estas novas consolas com um jogo de oferta. Uma proposta tentadora face aos 330 euros da Switch sem qualquer jogo incluído de origem. E incluir apenas um armazenamento interno de 32GB por esse preço quando a concorrência ‘oferece’ 500GB, torna-se algo muito difícil de entender.

Nintendo Switch

A PlayStation 4 Pro, a consola doméstica mais poderosa da atualidade, custa 400 euros. Esta diferença de 70 euros para a Switch pode ser justificada para muitos jogadores pois já suporta alguns dos videojogos do futuro com resoluções em Ultra HD, enquanto a Switch fica-se pelo Full HD.

A isto acresce o facto de tanto a PlayStation 4 como a Xbox One terem neste momento catálogos de videojogos que são muito mais apetecíveis do que aquele que a Switch terá até ao final do ano. E não esquecer: provavelmente a Wii U vai continuar à venda no mercado durante mais alguns meses e esta consola da Nintendo também tem um catálogo de jogos de luxo, o que ainda coloca-a como uma boa hipótese de investimento.

A Nintendo podia ter tentado uma abordagem mais agressiva no preço, sobretudo no mercado europeu. Nos EUA a consola está a ser anunciada nos 300 dólares, no Reino Unido está abaixo das 300 libras. Na Europa está mais próxima dos 350 euros do que dos 300 euros, algo que pode ter um efeito psicológico pesado em alguns consumidores.

Queremos deixar claro o facto de não estarmos a assumir que o preço é bom ou é mau, mas de poder representar um risco na estratégia comercial da consola, sobretudo à luz do restante mercado de consolas de videojogos.

Perder um pouco de dinheiro no hardware para capitalizar no software – quase todos os primeiros donos da Switch vão comprar, muito provavelmente, o novo The Legend of Zelda – e mais tarde no serviço online não teria sido uma má ideia.

Por outro lado o preço que a Nintendo pede pode ser facilmente justificado pela flexibilidade que a consola permite – lado doméstico e também portátil. Mesmo que um jogador da PlayStation queira jogar Uncharted 4 ou No Man’s Sky enquanto anda de avião, isso é quase impossível. Com a Switch os jogos tanto estarão disponíveis em casa, como noutro sítio qualquer desde que tenha bateria. E isto é algo que nem o dinheiro compensa nos outros sistemas de jogos.

8. O serviço online ainda é uma incógnita

A Nintendo está a ser algo de algumas críticas pelo fraco alinhamento de jogos inicial e também pela decisão arriscada relativamente ao preço da consola. A Nintendo não se pode dar ao luxo de também levantar ondas relativamente ao preço do serviço online.

No máximo dos máximos, a tecnológica japonesa pode cobrar aquilo que os rivais cobram com os seus respetivos serviços – ou seja, cerca de 60 euros. Mais do que este valor e a Nintendo terá de justificar muito bem, com funcionalidades e videojogos, o porquê de estar a aumentar a fasquia.

O preço do serviço online pode até ser uma arma de vantagem sobre a concorrência, se for significativamente inferior. O preço é importante para a maior parte dos consumidores e saber que a Nintendo tem um serviço online mais barato fará com que os utilizadores de outros sistemas de jogos questionem os preços que estão a pagar atualmente.

Nintendo Switch

A criação de um serviço online de jogos que é pago não aparece como uma surpresa, mas a verdade é que também pode condicionar um pouco a decisão de novos utilizadores Nintendo. Mesmo que uma pessoa já tivesse uma Xbox One ou uma PlayStation 4, o facto de a Nintendo Switch ter um sistema diferenciador de jogo e um hardware tão pouco convencional podiam permitir que a consola ganhasse espaço junto desses consumidores.

O que parece menos provável é que alguém vá sustentar dois serviços online distintos.

Estas são apenas considerações sobre as informações públicas que são conhecidas sobre a consola e não representam uma análise sobre a consola em si nem sobre os seus jogos. Até ao dia 3 de março esperamos poder elaborar mais neste sentido.

Estas são as nossas considerações sobre a Nintendo Switch. Quais as suas?