O Android e o iOS são os melhores sistemas operativos móveis do mercado. São os que têm mais funcionalidades, são os que têm mais e melhores aplicações disponíveis e são os que têm as maiores comunidades de programadores.
Além disso, são os que detêm todo o mercado de smartphones. Ou melhor, quase, quase todo. De acordo com os valores divulgados esta semana pela consultora IDC, as vendas de equipamentos Android e iOS representaram no primeiro trimestre do ano 99,7% das vendas em todo o mundo. Ou seja, ainda não representam no papel um domínio absoluto, mas estão muito perto disso.
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A questão que se coloca é: se alguém quiser um smartphone, um bom smartphone, e não quiser Android ou iOS? Existem vários motivos que podem levar alguém a escolher fora destes dois ecossistemas: seja apenas para ser diferente, seja porque está farto da experiência destes dois software, seja porque quer escapar às malhas de informação da Google ou da Apple.
Se alguém fizesse a questão ‘Qual o melhor smartphone não-Android e não-iOS do mercado?’, que resposta teríamos para dar?
Os candidatos
A resposta existe, mas não é fácil de lá chegar. Em primeiro lugar porque a maior oferta que existe atualmente de equipamentos não-Android e não-iOS ainda é garantida pelos telefones básicos, isto é, equipamentos como o Nokia 3310. Por muito competitivos que estes dispositivos possam ser ao nível do preço, não correspondem ao conceito de smartphone, pois não têm sistemas operativos avançados, modernos e que garantam acesso a um grande número de aplicações. Conclusão? A resposta não está aqui.
Depois podemos fazer uma confirmação por sistema operativo. Será que há algum smartphone Ubuntu que seja uma alternativa ao Android e iOS? Não. Em tempos foi perseguida a ideia de colocar o Ubuntu em dispositivos móveis, tendo havido inclusive alguns equipamentos comercialmente disponíveis, mas a própria Canonical decidiu enterrar o Ubuntu Mobile.
“Assumi que, se a convergência fosse o futuro e pudéssemos entragá-la como um software gratuito, seria amplamente apreciada tanto na comunidade do software gratuito como na indústria tecnológica, onde existe uma frustração substancial com as alternativas atuais, fechadas e disponíveis para os fabricantes. Estava errado dos dois lados”, escreveu o diretor executivo da Canonical, Mark Shuttleworth, quando anunciou o fim do projeto.
Será a BlackBerry uma solução? Nem por isso. Os equipamentos mais recentes com a marca canadiana estão equipados com o sistema operativo Android – como o BlackBerry KeyOne – e o último smartphone a ser lançado com o BlackBerry OS 10 já tem quase dois anos, o Passport.
A BlackBerry já disse que não vai trazer novas funcionalidades ao BB10 e que apenas vai fazer atualizações de segurança. Mesmo a esse nível, a ‘mais recente’ foi disponibilizada já no final de 2016 e só graves problemas de software deverão fazer a BlackBerry investir em novos updates – o foco da empresa está agora no Android.
Aqui também é justo dizer que o facto de não haver updates de software pode não ser um ponto totalmente negativo tendo em conta que há muitos smartphones Android que nunca recebem qualquer update. Ainda que os sistemas operativos não sejam atualizados, as aplicações pelo menos são. No caso do Android as aplicações, mesmo algumas mais antigas, ainda têm alguma cadência de atualização. No BlackBerry isso vai deixar de acontecer, pois nem a própria BlackBerry está interessada no sistema operativo que desenvolveu.
Consideramos por isso que o BlackBerry OS já não é uma boa opção, mas para o caso de o utilizador ainda equacionar o BB 10, então o BlackBerry Passport deve ser a sua escolha.
Por outro lado o sistema operativo Windows ainda é dos poucos que consegue movimentar algumas unidades no duopólio Android-iOS. No primeiro trimestre foi responsável por 0,1% das vendas de smartphones a nível mundial, um valor irrisório para as ambições que a Microsoft apresentou neste sector e tendo em conta o poderio da empresa noutros segmentos.
Apesar de estar já numa fase de decadência, o Windows Mobile ainda é o sistema operativo mais completo e com mais aplicações próprias a seguir ao Android e iOS.
Dentro do reino do Windows há claramente um equipamento que se destaca: o HP Elite X3. Apesar de estar direcionado para o mercado profissional, não há nada que o impeça de adquirir este equipamento. É caro, é um facto, mas também vem apetrechado com um conjunto de soluções inovadoras para um smartphone. Se lhe der um propósito empresarial, melhor ainda, mais fácil fica de justificar o investimento.
Além desta proposta da HP também pode considerar o Alcatel 4 Pro, um equipamento em tudo semelhante à versão para Android, incluindo nos óculos de realidade virtual. Estes são sem dúvida os dois equipamentos a considerar neste momento, pois estão entre os que foram disponibilizados mais recentemente.
Fora deste círculo de grandes tecnológicas as opções dos consumidores são quase inexistentes. No ano passado a Jolla apresentou e disponibilizou um novo smartphone, o Jolla C. Na altura dissemos como eram importantes iniciativas como esta, que permitem aos utilizadores fugir da ‘rotina’ no que diz respeito aos sistemas operativos.
O Sailfish OS é compatível com aplicações Android, mas isso não significa que o próprio sistema operativo seja baseado no Android – como acontece com várias distribuições feitas por outras empresas, casos da OnePlus e da Amazon. Por isso é que o Sailfish OS é interessante, acaba por dar aos utilizadores uma possibilidade de escolha, sem que seja necessário abrir mão das aplicações – uma parte essencial dos smartphones.
Acontece que o Jolla C foi vendido em quantidades muito limitadas, o que torna o equipamento numa aquisição difícil de conseguir. Só em grandes mercados como a Amazon e o eBay é que deverá encontrar estes equipamentos, mas devido à sua raridade provavelmente já só com preços bem inflacionados.
A finlandesa Jolla desenvolveu o Sailfish OS de forma a que possa ser instalado numa grande variedade de equipamentos. Durante o Mobile World Congress, por exemplo, a empresa estava a promover o Sailfish OS num Sony Xperia. Quem procura uma alternativa tem no Sailfish OS uma, mas precisará de ter conhecimentos técnicos para desfrutar desse ecossistema. Acrescente a isto o facto de quase não existirem aplicações exclusivas do Sailfish OS, pelo que a experiência em aplicações será sempre semelhante à do Android.
Tenha ainda em consideração o Tizen OS. As notícias de que o código base do sistema operativo estava crivado de falhas não nos deixam margem de aconselhamento, mas a Samsung lançou recentemente o smartphone Z4 em África, ainda equipado com Tizen.
Lembre-se que o Tizen dos smartphones está longe de ser semelhante ao Tizen que existe nos smartwatches ou nos televisores, sendo que nestes dois últimos acaba por ser bem mais interessante. Esta é uma alternativa que a Samsung continua a alimentar apenas para precaver uma possível cisão de interesses com a Google – ainda que isso pareça cada vez menos provável.
O vencedor?
Olhando para as poucas, muito poucas alternativas decentes que existem, consideramos o HP Elite X3 como o melhor equipamento não-Android e não-iOS. De todos os compromissos que existem relativamente a dispositivos que não pertencem aos dois maiores sistemas operativos do mundo, o Elite X3 consegue ser de longe o mais ambiocioso e o mais indicado para quem quer uma alternativa além da Google e da Apple.
Provavelmente é uma alternativa que também terá vida curta, pois a Microsoft parece já não ter uma estratégia de longo prazo para o Windows 10 Mobile. Por outro lado, nunca dissemos que iria encontrar a resposta perfeita.
Em última instância toda esta análise é um bom exemplo da falta de diversidade que existe neste momento – até escolher um bom equipamento fora do Android e iOS já é uma tarefa quase impossível.