A Huawei bem tem tentado criar os smartphones mais badalados do ano, mas a concorrência não tem dado descanso à tecnológica chinesa. Se na altura do Huawei P9 Plus já tínhamos dito que a luta com a Samsung e a Apple estava a ficar equilibrada, passado quase um ano e meio a melhor forma de descrever a situação é com a palavra ‘renhidíssima’.
Com o Huawei Mate 10 Pro a gigante asiática volta a mostrar que a sua ambição de querer tornar-se a maior vendedora de smartphones a nível mundial tem por base o trabalho de qualidade que tem sido feito ao nível dos equipamentos. Este novo dispositivo da Huawei é muito provavelmente o seu melhor de sempre e o mais interessante que alguma vez criou.
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A estratégia da Huawei para o Mate 10 Pro foi relativamente simples, pois decidiu pegar naquelas que são as melhores especificações do mercado e colocou-as num dispositivo que é apelativo tanto em termos de design, como em termos de construção. Para elevar um pouco mais a fasquia a empresa decidiu integrar mecanismos de inteligência artificial, sobretudo na componente de fotografia.
Design aprimorado
Em termos de design e construção o Huawei Mate 10 Pro está muito bem conseguido. Não gostámos muito do design pouco arrojado do Huawei P10, apresentado no início do ano e que ficava claramente a perder para o Samsung Galaxy S8, mas com o Mate 10 Pro a história é diferente.
Para começar a Huawei decidiu apostar numa combinação de metal e vidro para este modelo – o metal cobre as laterais do smartphone, enquanto o vidro fica responsável por assegurar a parte traseira. O resultado final é um dos smartphones mais apelativos do ano e o único ponto que se pode apontar é o facto de o vidro ganhar dedadas com muita facilidade, o que acaba por retirar algum glamour ao equipamento.
A Huawei preferiu não apostar no ecrã curvo que tinha usado no Huawei Mate 9 Pro do ano passado, apostando antes num ecrã com um rácio de 18:9, significando isto que quase toda a parte frontal do equipamento é ocupada pelo ecrã OLED de seis polegadas.
Em termos de impacto visual, o Infinity Display usado no Galaxy S8 ou no Note 8 é mais apelativo, mas o Mate 10 Pro também consegue estar na linha da frente no que diz respeito à integração de ecrãs de grande dimensão e de alta resolução num smartphone cujas dimensões são muito aceitáveis.
Relativamente ao ecrã reparámos de imediato que as cores não são tão vibrantes quanto a dos smartphones topo de gama da Samsung, mas isto não é propriamente um ponto negativo. Os equipamentos da empresa sul-coreana por vezes conseguem ser demasiado ‘berrantes’ na reprodução de cores, enquanto que o primeiro contacto com o Huawei Mate 10 Pro deixou indicações de um dispositivo que tem uma reprodução de cores mais neutra e em certa medida mais realista. Brilho também não parecia faltar ao dispositivo, mas não tivemos a oportunidade de ver como se comporta o ecrã na rua e sob luz solar direta.
Na parte traseira encontramos dois sensores de imagem salientes, acompanhados de um leitor de impressões digitais. As câmaras do smartphone são atravessadas por uma faixa de cor mais escura, que no caso da versão cinzenta do equipamento acaba por lhe dar alguma personalidade.
No geral o Huawei Mate 10 Pro aposta acima de tudo em linhas arredondadas, o que torna prático o manuseamento do smartphone apenas com uma mão.
Grande poder de fogo
Se no ecrã e nos materiais de construção a Huawei fez uma aposta premium, o mesmo pode ser dito relativamente às ‘entranhas’ do dispositivo. Processador Kirin 970 de oito núcleos, 6GB de memória RAM, 128GB de armazenamento interno, bateria de 4.000 mAh, duas câmaras fotográficas com abertura f/1.6 e suporte para redes 4G de categoria 18. Para o caso destes números não lhe dizerem nada, vamos explicar com um pouco mais de detalhe o que significam na prática.
Relativamente ao processador, além de garantir um desempenho topíssimo de gama e que pelo menos enquanto esteve nas nossas mãos traduziu-se numa experiência de utilização super fluída, é um chip pensado para o futuro. Isto por duas razões: a primeira é que tanto poder de fogo vai continuar a ser-lhe útil daqui a um ano e meio, dois anos, querendo isto dizer que é um bom investimento a médio prazo; a segunda razão está relacionada com a existência de uma unidade de processamento neural.
Esta unidade, definida por NPU na sigla em inglês, é na prática um chip dedicado para o desempenho de tarefas relacionadas com inteligência artificial. A Huawei diz que este chip está responsável por fazer uma otimização da bateria, da própria utilização do processador, mas é na fotografia que vai ser mais prático.
Isto porque graças ao NPU as câmaras do smartphone conseguem fazer um reconhecimento visual daquilo que está à sua frente, ajustando automaticamente os parâmetros fotográficos. Por exemplo, se estiver a captar uma imagem de uma paisagem, o smartphone faz esse reconhecimento e tenta ‘puxar’ pelos verdes e pelos azuis, para criar fotografias mais apelativas.
O utilizador não precisa de ativar qualquer funcionalidade, apenas precisa de apontar o smartphone para o elemento que quer fotografar. Em menos de um segundo o Huawei Mate 10 Pro já terá classificado o que viu, querendo isto dizer que a otimização de parâmetros não vai prejudicar os disparos mais instantâneos.
Ao todo o Huawei Mate 10 Pro consegue reconhecer de forma automática 13 elementos diferentes, entre comida, animais e paisagens. Não sendo este um número esmagador tendo em conta toda a publicidade que a empresa tem feito ao seu sistema de inteligência artificial, é um bom começo para aquilo que podemos esperar de versões futuras do smartphone ou até do próprio Android.
Relativamente aos sensores fotográficos, a Huawei mantém a aposta em duas câmaras distintas, uma RGB de 12 megapíxeis e outra de 20 megapíxeis que capta informação apenas a preto e branco. A novidade é que as lentes utilizadas pela Huawei têm uma abertura de f/1.6, o que significa que deixam entrar mais luz nos sensores de imagem do que os dispositivos da concorrência.
A quantidade de luz captada não é o único elemento que define a qualidade geral de um smartphone na fotografia, mas é um elemento importantíssimo, sobretudo para imagens que são captadas em ambiente de fraca luminosidade. Alguns dos disparos que fizemos foram rápidos e traduziram-se em imagens repletas de detalhe, com boa iluminação e também com bons contrastes.
Relativamente às câmaras fotográficas, e mesmo tendo em conta a abertura recorde de f/1.6, seria necessário um teste extensivo para perceber como se comporta relativamente à concorrência mais direta. Mas tendo em conta o que escreve a imprensa especializada e a publicação DoXMark, então o Huawei Mate 10 Pro ainda fica uns ‘pózinhos’ atrás do Google Pixel 2, o novo topo de gama da gigante dos motores de busca.
Quanto às outras especificações, 6GB de RAM são mais do que suficientes para qualquer modo multitarefa e 128GB de armazenamento também são mais do que suficientes, ainda que gostássemos que a Huawei tivesse mantido a compatibilidade com cartões microSD. Hoje 128GB podem ser suficientes, mas daqui a um ano provavelmente já não serão, sobretudo tendo em conta a maior qualidade das fotografias e dos vídeos, que se traduz também numa maior ocupação do armazenamento.
O não-suporte de cartões microSD explica-se por uma razão: o Huawei Mate 10 Pro suporta dois cartões SIM e ambos podem funcionar em redes 4G, algo nunca antes feito noutro dispositivo. Além disso, o equipamento suporta velocidades de internet móvel até 1,2Gbps, uma velocidade que já foi testada em laboratório, mas que em Portugal nem sequer está disponível em oferta ao consumidor final – mas que é mais um elemento ‘à prova do futuro’ e que pode ajudar a justificar o investimento.
Destaque final para o facto de o Huawei vir equipado com a mais recente versão do Android, a versão 8.0, ainda que a experiência continue a vir fortemente customizada pelo interface EMUI da Huawei – uma que continua longe de ser consensual entre os utilizadores do ecossistema Android.
Outras considerações
Bastaram alguns minutos para que o Huawei Mate 10 Pro deixasse uma boa primeira impressão. O smartphone parece garantir resultados de grande qualidade em tudo aquilo que faz, sobretudo no desempenho fotográfico.
Onde o Huawei Mate 10 Pro promete ganhar claramente à concorrência é na área da autonomia. A bateria de 4.000 mAh deverá garantir dois dias de utilização normal, o que é de facto superior àquilo que um iPhone 8 ou Galaxy S8 prometem.
Claro que para ter acesso a tudo do bom e do melhor, tem de pagar um preço a condizer. O Huawei Mate 10 Pro vai chegar a Portugal no dia 23 de novembro e vai custar 880 euros. É mais barato do que um Galaxy Note 8 ou um iPhone X, mas também é verdade que não traz as mesmas tecnologias de ponta do que estes dois smartphones – S Pen no caso do Note 8 e câmara TrueDepth no caso do iPhone X.
O mais importante a reter aqui é que mesmo com a Apple e a Samsung a serem muito agressivas e muito bem-sucedidas nas suas inovações incrementais, a Huawei não tem perdido terreno para esta concorrência mais direta.
O Huawei Mate 10 Pro tem quase tudo aquilo que um utilizador avançado e exigente pode pedir num smartphone. O dispositivo perfila-se acima de tudo como um bom investimento a médio prazo, pois apresenta elementos como o suporte para redes 4,5G e um chip de inteligência artificial que poderá ser ainda mais rentabilizado através de atualizações de software.