Se recordar é viver, prepare-se para ganhar uns anos de vida com a Nintendo Classic Mini

Nunca tive uma Nintendo Entertainment System (NES). Mas a verdade é que sempre que ouço o nome da consola sinto que fez parte da minha infância. Talvez seja pelo facto de ter jogado alguns jogos alguns anos depois, talvez seja pelo facto haver títulos da NES que são míticos e que ajudaram a definir os videojogos que temos atualmente.

No fundo esta acaba por ser parte da magia que ainda sustém a Nintendo. Mesmo que os jogadores nunca tenham tido uma ligação direta às consolas da empresa ou aos seus videojogos, no fundo há sempre aquela sensação de que fez parte da nossa vida enquanto jogadores. Mario, quem não conhece o Mario?




Motivo pelo qual a Nintendo Classic Mini é uma jogada de mestre. A Nintendo que já é perita em retrogaming, disponibilizando um grande catálogo de jogos antigos nas suas consolas mais recentes, decidiu elevar o conceito de remasterização a um novo patamar. Em vez de trabalhar apenas os jogos, a Big N decidiu trabalhar a própria consola.

O resultado é uma NES pensada para o século XXI. O que a Nintendo fez não é diferente daquilo que muitas outras pessoas já fizeram: colocar os jogos num emulador. Mas o segredo da Nintendo Classic Mini está nos pormenores, está em toda a nostalgia que a consola consegue transmitir – mesmo a quem não tenha tido uma.

A nova NES foi pensada justamente para isto: para cativar quem teve uma na década de 1980 e para quem nunca teve uma, mas tem aqui uma boa oportunidade de a ter.

Hardware

Já aqui demos a conhecer a Nintendo Classic Mini ao pormenor, mostrando todos os detalhes que fazem desta consola uma verdadeira obra de revivalismo.

O equipamento tem uma construção simples e totalmente em plástico. Esta nova NES não pretende ser uma peça de relojoaria, mas quer ser aquilo que já foi em tempos, uma máquina de guerra de gaming que pode acompanhar os jogadores durante mais uns anos.

De todos os elementos aquele que parece mais bem conseguido são os comandos. A ergonomia está ótima, a paleta de cores respeita a tradição e nem parece que já passaram 30 anos por este design.

A ligação à consola é proprietária da Nintendo, ao invés de ser por exemplo uma ligação USB. Desta forma a gigante japonesa garante que os jogadores recorrem maioritariamente aos comandos originais da consola e não a uma outra grande variedade de controladores USB. Se assim fosse, perdia-se um pouco a ideia de revivalismo. Destaque para o facto de poder usar o comando da Classic Mini na Virtual Console da Wii U, com a ajuda de um Wii Remote.

Ao comprar a Nintendo Classic Mini os jogadores só estão a garantir um comando. Se quiser aproveitar os jogos que têm um modo multijogador local então terá de investir num segundo comando que é vendido à parte.

Ainda relativamente à consola destaque para as ligações multimédia – essas sim dignas do século em que vivemos. Na parte traseira da consola existe uma ligação para um cabo HDMI, algo que ajuda a tornar a Nintendo Classic Mini compatível com os televisores modernos.

O cabo que vem de origem é relativamente curto. É verdade que antigamente os serões de gaming colocavam os utilizadores colados em frente ao televisor enquanto ‘derretiam’ os comandos. Mas também é verdade que a Nintendo podia ter sido mais generosa e podia ter fornecido um cabo mais comprido.

Já ao nível da alimentação energética esta é assegurada por uma entrada USB: o cabo vem na caixa, mas o utilizador precisa também de assegurar que tem o adaptador para ligar à tomada elétrica.

Como funciona 

Só existem dois botões na consola portanto não há muito a saber. O primeiro botão, o que se situa do lado esquerdo, é o botão de energia. Quando quer jogar carrega nesta botão. Quando quiser parar de jogar é neste botão que deve carregar outra vez.

Logo ao lado existe o botão Reset, mas ao contrário de antigamente, agora este botão não vai servir para reiniciar a consola, mas sim para ajudar a fazer a transição entre jogos.

Por exemplo, imaginando que está a jogar o The Legend of Zelda e apetece-lhe trocar de jogo. Quando carrega no Reset surge novamente o interface de escolha de jogos, sendo o processo quase instantâneo.

O botão de Reset também é aquele que deve usar sempre que quer salvar o progresso de um jogo. Ao voltar ao menu inicial vai surgir-lhe um quadrado com asas na parte inferior do ecrã, que é o seu estado atual no jogo. Para gravar basta puxar esse quadrado para um dos quatro slots de gravação que estão disponíveis.

Este é um dos pontos melhorados na consola. O jogador pode gravar sempre que quiser sem ter medo de perder o progresso de jogo. Cada um dos 30 títulos tem quatro slots de gravação, o que lhe permite, por exemplo, ter um progresso diferente do seu irmão ou amigo no mesmo jogo.

Interface 

O interface da consola também é simples, mas visualmente rico e apelativo. Na prática o jogador tem à sua disposição um carrossel com 30 jogos – pode ficar a saber quais são aqui – que vêm integrados na consola. Nesta altura vale a pena dizer que não é possível fazer o download digital de mais jogos e que os 30 títulos de origem são os únicos que esta consola vai receber de forma oficial.

Estivemos perto de 90 minutos a jogar a Nintendo Classic Mini a convite da Nintendo Portugal e durante este período de tempo revisitámos jogos como Castlevania, Bubble Bobble, Excite Bike, Final Fantasy, Ninja Gaiden e Super Mario Bros.. Experimentámos um pouco de cada um e bem, a nostalgia está toda lá.

Talvez o elemento que mais gostamos na consola é a possibilidade de o jogador poder selecionar diferentes modos de visualização. Ou seja: podemos escolher jogar um jogo num modo CRT, que coloca aqueles riscas dos televisores antigos por cima do jogo, conferindo-lhe um aspeto mesmo vintage; podemos jogar o jogo com o aspeto original que tinha na Nintendo Classic Mini; ou podemos jogar uma versão remasterizada do jogo que atinge o Full HD.

Este é o verdadeiro valor da Nintendo Classic Mini: além dos jogos, temos versões melhoradas de todos esses jogos. Um trabalho muito feito feito por parte da Nintendo e que certamente agradará a uma franja muito diversificada de jogadores.

O menu que dá acesso a estas opções e a outras – como aceder aos manuais digitais da consola – situa-se na parte superior do interface. A barra inferior está reservada para as gravações de jogos já referidas.

Considerações finais 

Mesmo sendo estas umas primeiras impressões sobre a Nintendo Classic Mini, a verdade é que está praticamente tudo dito sobre a consola. O resto é tempo de jogo com grandes clássicos da década de 1980.

Se é um retrogamer então é quase certo que está aqui um investimento certeiro e que definitivamente compensa. Para o caso de nunca ter tido uma NES e de desejar tê-la, nem que seja na sua versão moderna, então sim, também deve avançar para a aquisição da consola.

Na verdade estamos a falar de 60 euros, um valor que está perfeitamente adequado para a experiência que este sistema de jogo permite. Vemos facilmente a Nintendo Classic Mini a ser a prenda pedida por muitos adultos ao Pai Natal.

Olhando para o conceito da consola, existem elementos que a Nintendo podia ter assegurado melhor, como o tal cabo HDMI de maior alcance. Se alguém quiser ligar a Nintendo Classic Mini a um televisor de 43 polegadas, não vai conseguir aguentar muito tempo em frente ao televisor estando muito próximo.

A cereja em cima do bolo seria a existência do download de jogos digitais. O pacote de 30 títulos incorporados é bom e vai garantir várias horas de divertimento e recordações. Mas rapidamente os jogadores vão querer mais e a possibilidade de downloads digitais ajudaria a colmatar esta lacuna.

A Nintendo Classic Mini é definitivamente uma das agradáveis surpresas de 2016 e abre-nos ideias para o que possa aí vir. Depois de termos experimentado a consola só conseguimos pensar num Game Boy Classic.

Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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