Em março de 2015 a PlayStation lançava em Portugal a sua liga oficial de desportos eletrónicos. O mercado português foi o segundo em todo o mundo a receber esta aposta por parte da marca de gaming da Sony Interactive Entertainment (SIE). A PlayStation mostrava assim que estava atenta ao segmento dos eSports, um mercado que de ano para ano continua a crescer.
Dados da consultora Deloitte apontam para um crescimento de 25% nas receitas geradas pelos desportos eletrónicos em 2016, para um total de 500 milhões de dólares. Já a Newzoo diz que o crescimento foi de 43% para os 463 milhões de dólares. Por seu lado, a empresa de análise Super Data Research publicou um estudo que diz que em 2016 os eSports transformaram-se numa indústria de 892 milhões de dólares.
Conclusão? Cada consultora tem as suas previsões, há diferenças significativas entre elas, mas todas dizem o mesmo: os eSports estão a tornar-se numa área de grande valor comercial.
Por cá a PlayStation continua a trabalhar a sua presença nos eSports. Na semana passada a marca lançou em Portugal a segunda edição da Liga NOS PlayStation, uma competição que faz parte da Liga Oficial PlayStation, mas que tem um maior paralelismo com o desporto real.
Nas consolas tenta-se encontrar o melhor jogador de FIFA 17 para cada uma das 18 equipas que marcam presença no escalão principal do futebol profissional português. No dia 3 de junho está marcada a grande final onde será encontrado o jogador e o clube campeão em futebol digital.
O FUTURE BEHIND aproveitou a ocasião para entrevistar o gestor de relações públicas da SIE para Portugal e Espanha, João Lopes, sobre a aposta que a empresa tem feito nos desportos eletrónicos. A Liga Oficial PlayStation já apresenta números interessantes, a realidade virtual aparece como uma área com potencial também nos eSports, mas acima de tudo a PlayStation quer trabalhar o sentido de comunidade em território português.
Antes de mais nós sentimos que a comunidade de eSports em Portugal tem vindo claramente a crescer. Sentimos isso também pelo número de iniciativas que temos levado a cabo e pela adesão a essas mesmas iniciativas.
Sentimos que é uma comunidade que por um lado tem vindo a crescer, por outro lado está muito à procura de oportunidades para poderem competir, para poderem formar equipas e, porque não dizê-lo, pelos prémios que cada vez mais são aliciantes e são decisivos nos torneios e nas competições de eSports.
Do nosso lado, com a nossa Liga Oficial PlayStation, desde 2015 que está a funcionar, já temos uma comunidade de cerca de 11 mil inscritos, e só aqui no torneio da Liga NOS no ano passado, na primeira edição, atingimos perto de 3.000 participantes.
Portanto, tudo isto são indicadores de que estamos a apostar bem e também estamos a ter a resposta do público que é o que nos interessa.
Especificamente para esta nova edição da Liga NOS PlayStation, esperam ter mais participantes do que no ano passado, fruto dessa análise de que há cada vez mais interesse nos eSports?
Acredito que sim. Quanto mais não seja porque uma primeira edição serve sobretudo para construir a notoriedade à volta do torneio.
Este ano acreditamos que as pessoas, neste caso a comunidade, está muito mais à espera da nova edição da Liga NOS PlayStation e lançamos hoje [2 de fevereiro], precisamente, para conseguirmos pôr isto já na rua. Porque sabemos que há muita gente à espera e há muita gente com interesse em participar.
Que vantagens diretas é que a PlayStation e a Sony tiram através do patrocínio destes eventos? Qual é realmente o vosso grande objetivo ao realizarem estas iniciativas?
Antes de mais, não é um patrocínio. O evento é coorganizado entre a NOS e a PlayStation, portanto o evento é nosso. E assim é que ele faz sentido.
Nós aqui montamos a competição no sentido de dar a melhor resposta possível aos nossos consumidores e à nossa comunidade.
E de facto nós tornando os torneios diferentes, as competições mais aliciantes, como neste caso em que temos a Liga NOS, em que há um paralelismo direto à Liga Portugal – à liga portuguesa de futebol profissional -, é um aliciante para também conseguirmos que pessoas que se calhar a quem os eSports não dizem muito, vejam aqui um ponto de interesse.
Ou seja, podem estar a jogar um videojogo de futebol em casa, aqui de uma maneira muito simples, pode entrar numa comunidade, pode jogar online com diferentes pessoas e como em qualquer tipo de desporto, com uma vertente competitiva mais vincada.
Tirando estes dois formatos que estão a explorar agora, tencionam vir a explorar outros formatos de eSports no futuro?
Antes de mais, a Liga NOS PlayStation está integrada dentro da Liga Oficial PlayStation, que na realidade, alberga diferentes tipos de torneios.
Nós ainda no ano passado fizemos torneios especiais do Futebol Clube do Porto, do Sporting e do Benfica. Sentimos que este é o caminho, nós temos uma plataforma muito grande e agregadora que é a Liga Oficial PlayStation.
É nossa intenção ir trabalhando neste tipo de competições especiais ao longo do ano que nos faz na realidade aumentar a nossa oferta para quem já está inscrito na Liga Oficial PlayStation e para quem possa querer fazer parte desta comunidade.
Por exemplo, a PlayStation ter a sua própria equipa de eSports é um cenário que vos parece concretizável? Faz sentido para a PlayStation?
Muito honestamente, nós sentimos que estamos no caminho certo com a Liga Oficial PlayStation e que esta acaba por ser a forma mais agregadora de podermos dar uma resposta à comunidade de eSports.
É através de termos uma liga e uma plataforma nossa e assim poder contar com todas as equipas que entretanto possam querer participar – equipas, jogadores individuais, gamers, portanto.. Neste momento é o nosso caminho.
Uma aposta que têm estado a fazer é na área da realidade virtual. eSports e realidade virtual é uma combinação possível de explorar?
Naturalmente. Nós lançámos em outubro do ano passado o PlayStation VR. O futuro também nos vai dizer que oportunidades existem, com mais títulos para o catálogo e títulos que poderão, também com a plataforma muito mais disseminada, vir a tornar-se também uma boa plataforma de eSports. Porque não?
Como tem sido a resposta dos consumidores relativamente aos PlayStation VR?
Tem sido muito boa, como qualquer plataforma está a fazer o seu caminho. Estamos muito satisfeitos com os resultados que estamos a obter com o PlayStation VR. Sentimos que o público está a ter uma resposta muito boa.
Também sabíamos o que tínhamos e formámos a oferta o mais acessível possível para o público, de modo a que o maior número de pessoas possa experimentar e ter acesso a ela.
Antes de mais, a grande vitória é sabermos que as pessoas procuram e tornam a realidade virtual numa forma de entretenimento cada vez mais de dia a dia e que só pode crescer no futuro.
Alguns números que possam partilhar relativamente a vendas?
Não.
Em breve vai haver a estreia do jogo português Strikers Edge na PlayStation 4. O jogo acaba por ter uma vertente bastante competitiva e aquilo que pergunto é se estão interessados em trazer esse jogo para o vosso roteiro de eSports?
O Strikers Edge sempre começou por ser um multijogador e que, claramente, se há forma de o caracterizar é pela sua competitividade. Nós neste momento não temos novidades sobre esse tema, queremos lançar o jogo e vamos ver o que acontece no futuro.
Mas claramente é uma valência do jogo. Foi isso que também o tornou tão popular e que está a criar uma grande expectativa junto do público, portanto quem sabe, no futuro.
Estas duas últimas questões são mais gerais. O que é que falta às consolas para conseguirem ter títulos de eSports tão populares como aqueles que existem no PC? Porque é no PC que estão os eSports mais populares como League of Legends, DOTA 2, CS GO… O que falta às consolas para chegarem a esse patamar?
Eu não diria tanto que falta. Acho que neste caso os títulos de PC – League of Legends, CS GO – têm o seu espaço. E as consolas também estão a fazer o seu caminho nos eSports, a criar também a sua oferta específica, com os seus títulos específicos. Porque de facto a consola proporciona uma experiência diferente ao jogador e diria que é tempo.
Cada um tem o seu espaço, cada um certamente terá a sua comunidade e podemos todos perfeitamente coexistir.
Última questão para terminar. Que análise faz ao estado dos eSports no mercado português?
Um bocadinho como disse no início: sentimos que é uma comunidade que está a crescer. Temos tido esses indicadores nos nossos projetos e nos nossos eventos de eSports.
É bom e também da nossa parte vamos sempre continuando a tentar criar ofertas para a comunidade existente, para que também essa comunidade possa ser alargada. Acreditamos que os outros intervenientes no mercado também o façam, temos todos a ganhar e acredito que o futuro seja risonho.