A Square Enix disponibilizou mais uma demonstração do jogo FF XV, desta vez para todos os jogadores que têm uma PlayStation 4 ou Xbox One. Já experimentámos a Platinum Demo e pelo que vimos há indicadores muito positivos sobre a aventura que aí vem. Mas também houve aspetos do jogo dos quais esperavamos mais.
Só pelo simples facto de ter sido anunciado em 2006 e de ter deixado os jogadores uma década à espera, Final Fantasy XV é um título como poucos outros. A décima quinta entrada principal na franquia de role playing games tem data de estreia marcada para 30 de setembro.
Para deixar os jogadores entusiasmados e entretidos durante mais algum tempo a Square Enix anunciou uma série de desenhos animados, um filme e também uma demonstração jogável – Platinum Demo Final Fantasy XV.
Testámos esta segunda demonstração do jogo – no ano passado a Square Enix tinha lançado uma outra, o Episódio Duscae, juntamente com o jogo Final Fantasy Type-0 – e ao final de 62 minutos de jogo, tempo que usámos para completar a demo, ficaram sentimentos mistos.
Mesmo não tendo o melhor para mostrar, fazem-no com confiança
Apesar de não ser uma parte importante da demonstração, a Square Enix colocou pequenas ligações históricas que depois poderão ajudar a perceber um pouco melhor toda a trama de Final Fantasy XV.
Na demo o jogador vai assumir a pele de Noctis, a personagem principal do título, mas quando este era ainda apenas uma criança. Mais: a ação passa-se toda dentro de um sonho de Noctis. Daí que o jogador experimente quatro cenários diferentes sem que os mesmos tenham ligação lógica entre si.
As poucas conexões feitas com a trama principal baseiam-se na relação do pai, o rei Regis, com Noctis. Se numa fase inicial ouve-se o progenitor a gritar pelo filho, num segundo momento é visível o pai a deixar um pequeno amuleto protetor ao lado da cama de Noctis enquanto este dorme. E no final vai descobrir qual o elemento que faz Noctis sentir-se mais seguro e próximo do pai.
Um outro aspeto que pode ser importante é o facto de Noctis ser acompanhado ao longo da demonstração por uma pequena criatura, o Carbuncle. Se já tem experiência no universo FF saberá que o mais provável é este ‘animalzinho’ acabar por ser uma invocação poderosa na versão final de Final Fantasy XV. Para o caso de esta ser a sua primeira incursão na saga, pelo menos já ficou com a dica.
Se sobre história pouco mais há a dizer do que isto, nos aspetos técnicos já existem mais considerações a fazer.
É sobretudo neste campo que se percebe por que razão a Square Enix criou uma demonstração: não foi para lançar a história ou para mostrar poder gráfico, foi acima de tudo para mostrar a confiança que tem no projeto.
E fá-lo recriando um ambiente de jogabilidade onde o utilizador pode dominar alguns efeitos dinâmicos do videojogo. Ao longo da demo o jogador encontrará áreas especiais no chão que quando ativadas têm um efeito prático no nível.
As duas mais interessantes são o acelerar do tempo – o dia passa a noite de forma mais rápida – e a alteração das condições climatéricas – o dia de sol transforma-se em dia de chuva. A rapidez, fluidez e o não-esforço com que o motor de jogo faz estas transiçóes mostra que a Square Enix está preparada para surpreender os jogadores.
No caso da chuva, quando a personagem e o cenário ficam molhados dá-se também uma alteração significativa no sistema de iluminação, já que são necessários mais reflexos.
Screenshots captados diretamente da demonstração
usando a versão PlayStation 4
Apesar desta riqueza contextual que a Square Enix imprime numa versão inacabada do jogo, não podemos deixar de salientar a falta de ambição gráfica. A Platinum Demo está claramente abaixo do que o estúdio tem mostrado em alguns eventos. Percebe-se, mas gostávamos de ter tido uma experiência mais próxima do produto final. Mais polida, mais detalhada, mais definida.
Uma última referência para o sistema de combate. Na demonstração a Square Enix apenas coloca grupos de pequenos inimigos contra Noctis – se pressionar a tecla de ataque de forma contínua, a personagem vai varrê-los um a um. Apenas precisa de desviar-se uma ou outra vez dos ataques contrários e de atirar uma magia quando vê que o grupo de predadores é demasiado grande.
A forma como o sistema de combate está construído – à base de atalhos rápidos nas teclas direcionais no comando, como já acontece na maior parte dos títulos de ação -, é simples e fácil de assimilar. Mas os combates em si foram aborrecidos e nada entusiasmantes.
Isto até ao boss final claro. No final é quando tudo muda e é aí que a Square Enix mostra o que será Final Fantasy XV. Contra um Iron Giant, Noctis assume a sua forma adulta e o jogador pode experimentar as habilidades de teletransporte. Na prática permite que a personagem atire a espada para edifícios e outras estruturas, sendo teletransportado até essas localizações.
Quando usa como destino do teletransporte o adversário, o jogador estará a desencadear uma série de ataques mais coordenados e fortes. Esta é aliás a melhor forma de destruir o Iron Giant – ou então encontrando o Shuriken escondido no nível.
Para finalizar
Platinum Demo Final Fantasy XV é isso mesmo, uma demonstração. Não esperávamos que fosse um elemento importante para o jogo que mais tarde virá, mas esperávamos um pouco mais de ligação emocional com a personagem – sobretudo sabendo que recuamos à sua juventude, o que podia ajudar a perceber algum traço característico do Noctis adulto ou dos motivos que o fazem lutar na parte principal da história.
Do ponto de vista gráfico as expectativas também eram maiores. O jogo está bem conseguido, mas não achámos que foi aplicada a mesma definição gráfica vista em algumas demonstrações que a Square Enix já fez. Talvez seja para criar uma boa impressão no jogador quando o produto final ficar disponível e com uma qualidade muito superior.
É que até no campo da fluidez a demo de FF15 lutou para manter-se nos 30 frames por segundos estáveis, algo que nem sempre conseguiu.
Mas há indicadores muito promissores para o que aí vem. O que mais surpreendeu foi a banda sonora – em apenas uma hora o tema de exploração de cenário vai ficar colado na sua cabeça. Pianos dramáticos, violinos intensos, coros de vozes épicos – para ter uma ideia recomendamos Omnis Lacrima. Parece que neste aspeto o jogo tem tudo para ser memorável.
Pelo que já foi possível ver nos trailers Final Fantasy XV também será um jogo de momentos grandiosos: na demonstração destacamos a altura em que Leviathan, o monstro marinho gigante, sobe nos céus para mergulhar num lago ali perto de nós. É de criar arrepios na espinha.
Por último gostámos do sistema de teletransporte que confere mais dinâmica aos combates, mas tememos que uma boa parte do jogo seja passada em lutas aborrecidas.
Para os jogadores que estão há dez anos à espera de Final Fantasy XV a demonstração lançada para PS4 e XB1 vai saber a pouco. Agora caberá a cada um encontrar os aspetos positivos e negativos para que possam ganhar força suficiente para aguentar a espera até 30 de setembro. Aí sim saberemos se a espera valeu a pena ou se ainda não é desta que a Square Enix consegue criar aventuras épicas como as que habituou os jogadores na primeira geração da PlayStation.