Os Angry Birds estão de volta. Mais maduros, mais comerciais

Quem quiser já pode descarregar o jogo Angry Birds Action! – Android e iOS – a mais recente aposta da Rovio em aplicações móveis. Apesar de o estúdio finlandês estar a passar por algumas dificuldades devido ao mercado cada vez mais competitivo das apps móveis, os ‘pássaros zangados’ continuam a ser a grande aposta da empresa.

Mas o jogo Angry Birds Action é diferente. No formato e também na estratégia que a Rovio montou. Falemos primeiro do jogo em si.

O conceito de usar pássaros como arma de arremesso continua válido, mas desta vez a Rovio criou um desafio semelhante a um jogo de pinball. O objetivo ainda é resgatar os ovos dos porcos malvados e em vez de estarem escondidos em pilhas de ferro, gelo e pedra, os obstáculos estão dispostos no chão.

Estes são os nossos primeiros minutos com o jogo para que possa perceber como funciona.

É um conceito diferente e fresco para a franquia, tudo aquilo que precisa para cativar os jogadores nos dispositivos móveis. O nome Angry Birds por si só faz com que muitos utilizadores descarreguem a app, mas é preciso um jogo com qualidade para segurá-los. Acho que estão criadas aqui condições para que isso possa acontecer.

Os níveis são coloridos, há muita destruição durante a jogabilidade e o conceito de pinball acrescenta-lhe uma aleatoriedade engraçada. Podemos tentar calcular para onde vai a nossa personagem, mas ao fim de dois ou três impactos deixa de ser um cálculo e passa a ser sorte/azar. Deste ponto de vista é desafiante e ao mesmo tempo reconfortante – que não gosta de ter sorte num jogo?



Os gráficos são modernos, mas não são muito polidos. E mesmo experimentando o jogo num Sony Xperia Z5 Premium, um equipamento Android topo de gama, sentimos que a aplicação é algo pesada – o que significa que smartphones mais modestos ou mais antigos podem sentir alguma dificuldade com Angry Birds Action!.

Um dos elementos que mais gostei é o momento em câmara lenta quando o pássaro está prestes a recuperar o último ovo de um nível. Confere uma dinâmica diferente e dá um ar mais ‘profissional’ à criação.

Além da aposta num novo formato é notória a alteração no design das personagens. Os pássaros que se assemelhavam a bolas agora têm uma forma e também uma atitude mais humanas. Tudo está relacionado com o filme Angry Birds que vai estrear nas salas de cinema portuguesas a 2 de junho.

Sabendo que o filme está em preparação há dois anos e que já surgiram vários trailers onde os pássaros exibem o seu novo formato, é seguro dizer que é o jogo que segue a tendência cinemática. É o que faz sentido, criar um fio condutor entre experiência de jogo e experiência fora do jogo. Este é mais um exemplo claro de um videojogo transmedia – se ainda não lhe dissemos, fica a saber que é uma tendência na indústria dos videojogos.

Além de existir na parte inferior do jogo um carimbo que nos diz que faltam 34 dias para a estreia do filme, logo nos primeiros níveis somos levados a carregar nesse mesmo carimbo. Aí é-nos explicado que depois de vermos o filme, nos créditos finais o utilizador pode usar o smartphone para estabelecer uma conexão com o filme. Como? Através do som.

Depois de validar que está de facto a ver o filme Angry Birds será possível aceder a novos conteúdos no jogo e também ter acesso a um final alternativo, de acordo com o que é descrito na imprensa internacional. É um conceito diferente, tanto para um ‘simples’ jogo mobile, como para o próprio filme.

A parte comercial do jogo não fica no entanto por aqui. Talvez naquele que é um dos maiores esforços comerciais de sempre da Rovio, o estúdio em parceria com marcas mundialmente conhecidas vai colocar mil milhões de BirdCodes, o equivalente aos QR Codes dos Angry Birds, em produtos que podem ser adquiridos.

Depois de digitalizarem estes selos com a ajuda da aplicação os utilizadores vão ganhar acesso a mini-jogos e outros conteúdos desbloqueáveis na aplicação.

Numa altura em que a Rovio atravessa uma fase difícil – nos últimos anos já despediram mais de 260 trabalhadores -, o filme é uma das grandes apostas do estúdio para gerar receita. E com este jogo a empresa finlandesa mostra que está a colocar muitos dos seus ovos no mesmo cesto, que é como quem diz, no sucesso do filme.

Esperemos que nenhum porco passe perto deste cesto e os leve. De vez.



Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
Artigo sugerido