HDR

Da próxima vez que comprar um televisor procure por estas letras: HDR

Ignorar a tecnologia high dynamic range é ignorar o futuro. E os consumidores não querem isso, certo? O HDR está em clara ascensão tanto a nível de formato, como a nível de conteúdos, como também na massificação dos equipamentos que suportam a tecnologia.

Acima de tudo se pensar comprar um televisor a curto ou médio prazo não deve de facto ignorar as letras HDR quando estiver a decidir qual o modelo que leva para casa. Muitos consideram que é a tecnologia HDR que vai de facto ajudar a impulsionar os televisores Ultra HD e vai imprimir uma maior diferença relativamente aos conteúdos HD e Full HD.



O HDR em português pode ser definido como grande alcance dinâmico, querendo isto dizer que os ecrãs dos dispositivos – o HDR agora também já existe em smartphones, sendo o Galaxy Note 7 o primeiro dispositivo a ter Mobile HDR – conseguem alcançar um maior espectro de cores.

Ao conseguirem um maior espectro de cores conseguem reproduzir com maior fidelidade as cores do mundo real, aproximando e muito os tons digitais dos tons que os nossos olhos estão habituados a ver.

Mas para percebermos o verdadeiro impacto que esta tecnologia está e virá a ter no segmento tecnológico fomos conversar com Sérgio Antunes, da equipa comercial da LG Portugal e que tem tido a seu cargo a gestão do segmento de TV e AV.

“Com o HDR basicamente estamos a falar de uma gama, ou de largura de banda como hoje se usa muito o termo. Aqui podemos quase dizer que o HDR é uma imagem de banda larga. Banda larga em quê? Tem uma gama mais larga de cor e uma gama mais larga de contraste, ou seja, de luz. Eu consigo ter zonas mais escuras, mais pretas digamos assim, e conseguir até brilhos mais elevados”.

“É isso que se pretende melhorar com o HDR, é ter mais cor, ter também um espectro de luz maior, para que a imagem que se vê no ecrã seja mais parecido com o que os nossos olhos vêem na realidade”, acrescentou.

A importância que a tecnologia HDR está a assumir é de facto relevante. Basta lembrar, por exemplo, que as mais recentes consolas de videojogos a chegarem ao mercado – Xbox One S, PlayStation 4 Slim e PlayStation 4 Pro – todas têm o suporte de conteúdos HDR como um chamariz para os consumidores.

PlayStation HDR
Imagem do jogo Days Gone já em HDR. Sem esta tecnologia a cena não seria tão iluminada e seria difícil, por exemplo, distinguir tantos zombies na zona mais escura. #Crédito: SIE

No caso das consolas não se trata apenas de suporte para filmes e séries em HDR, também os videojogos vão poder tirar partido deste maior espectro de cores e transição entre cores. As cenas em ambientes escuros serão das que vão ter uma melhoria considerável em comparação com os conteúdos não-HDR. As consolas são um elemento importante neste ecossistema pois vão rapidamente fazer com que os utilizadores tenham uma ‘caixa tecnológica’ que suporta conteúdos HDR sem investimento extra além do próprio sistema de jogo. Dentro de dois a três anos é de esperar que existam milhões de unidades de consolas com suporte para HDR na casa das pessoas.

Mas também na área dos conteúdos vamos assistir cada vez mais a um esforço para que os conteúdos sejam pensados de origem para este formato. A Netflix já tem 13 séries com suporte para HDR, com Bloodline e Marco Polo a serem duas das mais conhecidas. A série Luke Cage que vai estrear em breve também já foi criada em formato HDR.

Apesar de o HDR ser agora a sigla da moda na área dos conteúdos, o grande esforço que todos os fabricantes têm feito para promover o 4K pode levar os consumidores a considerarem apenas a questão da resolução e não tanto a qualidade geral do painel.

Sérgio Antunes considera que os consumidores que avançarem agora para a aquisição de um televisor 4K devem procurar igualmente que seja compatível com o formato HDR. E os preços podem nem ser uma barreira impeditiva: nas melhores oportunidades que o mercado tem disponibilizado é possível comprar, por exemplo, um televisor da 4K e com HDR a partir de 449 euros.

No caso da tecnológica sul-coreana já existem atualmente oito séries de televisores que suportam conteúdos em HDR. E quem diz a LG também diz a Sony, dia a Samsung, diz a Panasonic e diz a Philips, só para nomear algumas marcas.

Mesmo sendo este um vídeo promocional, ajuda a explicar visualmente as diferenças que o HDR proporciona.

À procura do melhor HDR

Uma questão básica que poderá surgir na hora de comprar um televisor HDR é a questão da qualidade. Ou seja, há aspetos a considerar dentro do HDR? Sim. Independentemente de o high dynamic range garantir uma melhor reprodução de cores, a qualidade do painel continua a ser extremamente importante.

Se realmente estiver à procura da melhor experiência HDR então deverá procurar um painel OLED, como explicou Sérgio Antunes.

“Falo na tecnologia OLED, porque a tecnologia OLED com as vantagens que tem, que é controlar a luz pixel a pixel, não existe retroiluminação, é a tecnologia que ajuda a criar o chamado preto perfeito. Consigo ter um ecrã totalmente negro, com um ou vários pontos iluminados, no meio da tela totalmente negra”.

“Com essa vantagem eu consigo ter uma imagem mais perfeita porque além de ter o preto perfeito, depois todas as cores e todos os detalhes sobressaem no fundo totalmente negro. Por esta razão também os conteúdos HDR têm outra vida, têm outro detalhe num painel OLED. Claro que a tecnologia OLED é um pouco mais cara… mas se quer o melhor, é OLED”.

Os televisores OLED não são de facto para todas as carteiras. Abaixo do OLED existem tecnologias como o Quantum Dot da LG ou o Super UHD da Samsung. Depois noutro patamar abaixo existem os mais tradicionais painéis LED.

Há no entanto um pormenor dentro dos televisores HDR que deve ser considerado pelos consumidores além da qualidade do painel: o formato.

Apesar de ainda estar numa fase de afirmação, já existem dois formatos de HDR. A diferença entre o HDR 10 e o HDR Dolby Vision está relacionado com a qualidade dos mesmos, com vantagem para o Dolby Vision.

O que é que os distingue então? Na prática o HDR 10 consegue suportar informação de cores até 10-bit, o que lhe garante uma reprodução de mil milhões de cores. Já o HDR Dolby Vision consegue gerir uma informação de 12-bit o que garante uma reprodução de 64 mil milhões de cores.

A diferença é grande em número, mas não é tão notória a ‘olho nu’. A questão é que o tal maior espectro de cor do HDR Dolby Vision permite-lhe criar transições de cores muito mais precisas e muito mais realistas.

Durante a entrevista com Sérgio Antunes tivemos a oportunidade de ver os dois formatos em ação e de facto o Dolby Vision consegue apresentar cores mais fotorrealistas e uma experiência global melhor.

A questão é que nem todos os televisores suportam o HDR Dolby Vision. Um televisor que tenha suporte para HDR 10 não suporta conteúdos feitos a pensar no HDR Dolby Vision – ou pelo menos não suporta o total da sua qualidade. Já um televisor que tem HDR Dolby Vision suporta todos os conteúdos criados no formato HDR 10.

Se atualmente numa perspetiva de consumidor pode não fazer uma grande diferença esta questão dos formatos, já que não existem muitos conteúdos com suporte para Dolby Vision, a verdade é que a longo prazo o formato suportado pela Dolby é a mais aconselhável. Primeiro pela maior qualidade que garante e a seguir pois vai contar com apoios importantes no seu ecossistema.

“Já deu para perceber que vai haver muitos conteúdos em Dolby Vision. Porquê? Porque está associado aos estúdios e os estúdios de Hollywood estão a desenvolver os filmes e as séries com Dolby Vision. A própria Netflix também já anunciou que os seus conteúdos HDR vão ser HDR 10, mas também vai ter conteúdos Dolby Vision”, disse o porta-voz da LG.

A questão da guerra dos formatos já é uma ‘tradição’ na área dos conteúdos. Cassetes Betamax e cassetes VHS, Cassete compacta e MiniDisc, Blu-Ray e HD DVD, só para citarmos alguns exemplos. Agora a guerra faz-se num plano diferente, no plano digital.

“O HDR 10 adicionou ao vídeo uma informação de largura de luz e de cor, adicionou essa informação, mas adicionou-a de forma estática. Portanto, eu tenho uma determinada largura de banda ou de espectro para luz e cor, adicionei ao meu vídeo e tornei-o HDR. A informação é estática”, explicou Sérgio antunes.

“A Dolby Vision o que veio fazer foi colocar dinâmica nessa informação. Varia frame a frame. Cada frame do vídeo é ajustado ao espectro de luz e de cor conforme a cena – se é uma cena mais escura trazem para níveis mais baixos, se é uma cena mais brilhante levam-na para níveis mais altos”.



Considerando todos os esforços que têm sido feitos para promover o Ultra HD, o HDR pode ser a arma secreta que vai ajudar a alavancar este mercado. As pessoas vão começar a procurar informações sobre o que é afinal esta grande dinâmica de cores nos televisores e vão perceber que há ganhos associados.

Ou seja, não vão levar apenas um televisor com um painel de melhor resolução. Há mais melhorias na imagem que justificam um investimento num novo equipamento. E já se sabe, à medida que os meses vão passando é de esperar que alguns equipamentos fiquem mais acessíveis.

“Sim, sem dúvida. Mas temos que perceber um bocadinho mais o porquê. O HDR traz também associado 10-bit de cor ou 12-bit de cor. Com tudo isso junto a pessoa vê de facto uma imagem que tem maior resolução, mas nota-se mais diferenças pois tem mais brilho, o negro mais perfeito, com todos os cinzentos pelo meio. A cor também é muito melhor, temos mais cores, a imagem vai-nos parecer mais realista. Vamos notar uma maior diferença”.

O responsável da LG deixou ainda um outro aviso importante e que está relacionado com o tamanho do televisor. Não basta ser um ecrã Ultra HD para que as diferenças sejam de facto sentidas. Neste caso o tamanho importa mesmo. Ainda que o HDR ajude a diminuir um pouco esta necessidade.

“Muitas vezes o consumidor ainda não notou o salto tão grande com o 4K em tamanhos de 40, 43 e 49 polegadas, comparado com um bom Full HD, a pessoa não nota tanto a diferença. Se a pessoa estiver a ver 75, 79 e 86 polegadas, quando salta do Full HD para o Ultra HD aí já nota”.

“Nos tamanhos mais pequenos essa diferença não era tão grande no 4K. Agora quando passamos a ter 4K com HDR, com maior resolução de cor, também aí a pessoa nota a diferença sem dúvida”, concluiu o porta-voz da LG.