Desde o primeiro dia que a Microsoft definiu o Surface como um tablet. Mas logo nesse primeiro dia ficou claro que a tecnológica iria querer fazer mais, que aquele seria apenas o primeiro abanão de um terramoto muito mais forte que estava para vir.
“Temos uma visão para reimaginar o tablet. Um tablet que é um grande computador. Um computador que é um grande tablet”, disse em 2012 o então líder da divisão Windows, Steven Sinofsky. O executivo ficou com a missão de apresentar ao mundo aquela que seria a nova grande aposta da Microsoft no segmento do hardware. O Surface passava a ser uma realidade.
Quando o Surface 2 e Surface Pro 2 foram revelados, ainda era a palavra tablet o termo dominante. “Vamos introduzir a próxima geração de dispositivos, dois deles. O tablet mais potente e de uso profissional que já viram. E o tablet pessoal mais produtivo alguma vez construído”, salientou em 2013 Panos Panay.
Mas foi só em 2014, quando a Microsoft apresentou o Surface Pro 3, que a comparação entre o tablet e os portáteis da Apple começou a subir de tom. “Senhoras e senhores, este é o tablet que pode substituir o vosso portátil”, disse Panos Panay.
Voltou a ser Panos Panay o homem de serviço para apresentar o Surface Pro 4. “Colocámos as nossas almas a criar um tablet que possa substituir o vosso portátil, é o que temos andado a fazer”, referiu em 2015.
Esta dicotomia tablet-portátil sempre foi o grande diferencial do Surface. A Microsoft conseguiu de facto construir um equipamento que ao longo dos anos retirou dos utilizadores o fardo de terem de escolher entre um tablet e um portátil. ‘Compre um único dispositivo, leve os dois conceitos’, foi, na prática, a mensagem que a gigante de Redmond passou.
O Surface sempre apostou num design premium, em especificações topo de gama e em características que pareciam tornar aquele tablet na única máquina que um utilizador, pouco exigente ou muito exigente, precisaria nas suas diferentes tarefas diárias. A versatilidade do equipamento provocou um impacto tal no mercado da computação pessoal que rapidamente todos os grandes fabricantes passaram a ter uma alternativa semelhante.
Ontem, 23 de maio, a Microsoft apresentou um novo Surface Pro. É assim que é chamado: Surface Pro. Acabou-se a nomenclatura para distinguir as versões. Se externamente o equipamento pode continuar muito semelhante, internamente a Microsoft diz que existem perto de 800 alterações de engenharia e design.
Mas a diferença que mais notamos com o lançamento do novo Surface Pro está na linguagem. A Microsoft já não diz que o Surface é um tablet, a empresa classifica-o apenas e só como um portátil. Continua a compará-lo com o iPad Pro da Apple – pelo sim, pelo não -, mas portátil é agora a sua categoria oficial.
Também na publicação oficial que fez sobre o equipamento, a Microsoft refere-se ao Surface Pro como um portátil. Para muitos consumidores esta pode ser uma diferença insignificante, mas não deixa de ser uma alteração a assinalar por parte da Microsoft. Ainda para mais sabendo que dentro do portfólio da empresa já existem de facto dois portáteis – o Surface Book e o Surface Laptop.
Parte desta decisão pode estar relacionada com a força que o segmento dos tablets está a perder. As vendas desta categoria de dispositivos têm estado a baixar – quebra de 20% em 2016, de acordo com a IDC – e manter apenas o Surface nessa categoria podia ser prejudicial de um ponto de vista da comunicação. Afinal de contas, o equipamento sempre teve desempenho suficiente para rivalizar com dezenas de computadores portáteis.
Mas continua a existir um erro crasso no conceito do Surface como portátil: a Microsoft teima em não colocar de origem um teclado. Podia até ser uma versão mais básica, não tão aprimorada, mas exigia-se um teclado de origem num equipamento como o Surface. Não foi para isto que a empresa esteve a trabalhar?
É como se a Microsoft tivesse nos últimos cinco anos ambicionado sempre este objetivo – a palavra portátil nunca andou sempre por perto quando era para falar do tablet Surface -, mas só agora é que o momento se mostrou ideal para completar a metamorfose. O Surface Pro apresenta-se mais ambicioso do que nunca.
Quais as diferenças?
A autonomia do equipamento aumentou e deverá ser capaz de garantir mais de 13 horas em reprodução de vídeo. O novo painel do ecrã é capaz de garantir uma melhor reprodução de cores. O novo Surface Pro é compatível com o acessório Surface Dial. Há uma nova dobradiça que permite assumir qualquer ângulo de posicionamento até 165º. O ecrã reconhece agora 4.096 pontos de pressão para a Surface Pen. Os processadores são Intel Core de 7ª geração. O sistema de ventilação foi refeito para ser silencioso. As capas-teclado são forradas em tecido Alcantara. E vai haver uma versão com suporte para LTE na segunda metade do ano.
O novo Surface Pro vai chegar a Portugal no dia 15 de junho e estes são os preços para as suas diferentes configurações:
– 128GB | Intel Core m3 | Intel HD 615 | 4GB RAM – 959€
– 128GB | Intel Core i5-7200U | Intel HD 620 | 4GB RAM – 1.169€
– 256GB | Intel Core i5-7200U | Intel HD 620 | 8GB RAM – 1.499€
– 256GB | Intel Core i7-7660U | Intel Iris Plus Graphics 640 | 8GB RAM – 1.829€
– 512GB | Intel Core i7-7660U | Intel Iris Plus Graphics 640 | 16GB RAM – 2.549€
– 1TB | Intel Core i7-7660U | Intel Iris Plus Graphics 640 | 16GB RAM – 3.149€