Além de ser um dos lançamentos mais aguardados do ano, tem potencial para ser um dos jogos do ano. Estes dois fatores são suficientes para tornar No Man’s Sky num jogo que está a ser referido por todos os meios especializados. Mas o que coloca o título desenvolvido pelo estúdio Hello Games nessa posição?
No Man’s Sky é um jogo sobre exploração espacial no qual o jogador tem de tentar encontrar o centro do universo. Mas tal como acontece no mundo real existem milhões de corpos celestes para serem descobertos e explorados. No caso de No Man’s Sky existem um total 18 triliões de planetas: 18.446.744.073.709.551.616 para sermos mais precisos.
Consegue imaginar as possibilidades? Perder o fio à meada é certamente algo que lhe vai acontecer com recorrência, mas pelo menos já sabe que diversidade será uma das palavras de ordem neste jogo.
Os planetas conseguem ter ambientes, fauna e flora próprios. Como é que tudo isto é possível? Através de uma metodologia engenhosa que os programadores de No Man’s Sky aplicaram. O jogo tem um sistema de programação procedural que na prática permite gerar o mesmo código em lugares distintos, mas sem que haja uma cópia desse mesmo código.
Aqui já se começa a perceber a razão pela qual No Man’s Sky é diferente. Esta programação procedural gera um código único para cada planeta e esse código único pode ser partilhado com outros jogadores. Ou seja, mesmo que o Carlos ainda não tenha chegado ao planeta X, se o José lhe der as coordenadas para esse planeta, então o jogo do Carlos vai gerar exatamente o mesmo planeta com base no dito código.
E isto tanto acontece no modo online como no modo offline, justamente porque o sistema de geração de novos planetas tem por base um modelo matemático predeterminado, o que não obriga o jogo a estar ligado a um dos servidores da Hello Games para ter esta capacidade de criar um universo gigantesco.
Convém referir que No Man’s Sky não é o primeiro jogo a usar programação procedural para geração automática e aleatória de conteúdos. Títulos conhecidos como Spelunky ou The Binding of Isaac já fazem uso desta técnica, ainda que numa escala muito menor e também num menor grau de exigência de complexidade.
Então se todos podem encontrar os mesmos planetas isso não acaba por ser contraditório num mundo tão vasto? Não pelo facto de existirem possibilidades quase infinitas de os jogadores terem percursos completamente diferentes até chegarem a esses planetas. E isso de certa forma vai alimentar a competição no jogo: uns vão tentar encontrar o caminho mais curto possível até ao centro do universo, outros vão tentar encontrar as rotas mais belas, outros vão querer dar a volta ao ‘quarteirão’ antes de lá chegarem.
E como as probabilidades são aleatórias, até já há histórias de dois jogadores que conseguiram encontrar-se no mesmo planeta apesar de existirem 18 triliões de localizações para descobrir. Algo que o próprio estúdio de No Man’s Sky reconhecia como difícil de acontecer.
Depois há recompensas. Na prática cada jogador funciona como um explorador ‘freelancer’ que pode ganhar pontos por atualizar o mapa geral do universo. Se é o primeiro a descobrir um planeta vai ser recompensado por isso – essas recompensas permitem evoluir a personagem e também a nave do jogo.
A melhor de todas as recompensas é talvez o facto de poder batizar os planetas nos quais é o primeiro ‘humano’ a explorar. Tentador, certo?
De acordo com o fundador do estúdio Hello Games, Sean Murray, em apenas 24 horas os jogadores já encontraram mais de dez milhões de espécies alienígenas, o que faz com que a diversidade de No Man’s Sky seja neste momento superior à do planeta Terra – pelo menos a que é conhecida. Consegue agora perceber por que razão é este jogo tão especial?
For instance over night we hit 10 million species discovered in NMS… that's more than has been discovered on earth.
WHAT IS GOING ON!!!— Sean Murray (@NoMansSky) August 10, 2016
No Man’s Sky permite a concretização do sonho de criança de muitos amantes de ficção científica: pegar numa nave espacial, descobrir novos planetas a um ritmo alucinante, explorar esses planetas, conhecer novas paisagens, novas formas de vida, novas plantas, novos tudo. No Man’s Sky tem o potencial de mandar para a prateleira os outros títulos que estavam a ser jogados.
Muito mais do que exploração
A bandeira do jogo desde que foi apresentado na E3 2014 tem sido de facto a exploração quase infinita do universo. A Hello Games já disse que é impossível visitar todos os planetas e que mesmo que conseguisse, ao ritmo de um planeta por segundo, ainda assim precisaria de 584 milhões de anos.
A questão é que No Man’s Sky está a ser definido por várias publicações como um jogo de sobrevivência e não de exploração. Não basta viajar pelo universo, é preciso garantir que a sua personagem tem condições para o fazer.
Uma parte importante do jogo passa pela recolha de matéria-prima que vai permitir ao jogador continuar a sua exploração. De certa forma este é o elemento que liga todos os outros. Precisa de unidades de carbono para sobreviver. Vai precisar de zinco para manter o seu fato à prova dos elementos agressivos que existem nos diferentes planetas. Vai precisar de recursos mais preciosos como Radnox para vender nos mercados e conseguir algum dinheiro.
São necessárias 1.400 linhas de código só para o sistema que gera planetas: devem ser visualmente apelativos, mas acessíveis na exploração
Novos planetas são sinónimo de novos recursos para explorar. E à medida que vai explorando novos recursos terá também de combater por eles. Mesmo que tente ter sempre uma abordagem pacífica, os encontros violentos são inevitáveis. E pode até ser o jogador a despertá-los: se for demasiado agressivo para as espécies indígenas há uma policia espacial, os sentinelas, que vão descer até à sua localização para o colocar em ordem.
Se há um descobridor dentro de si este é um jogo que promete agradar-lhe. Mistura vários conceitos como o de role playing game, first person shooter e ainda de airplane games. Ao longo dos próximos dias vai certamente ouvir contar muitas histórias sobre No Man’s Sky pois as possibilidades são tantas que as pequenas e grandes descobertas vão de imediato ganhar visibilidade no meio da comunidade.
No Man’s Sky já está disponível para a PlayStation 4, sendo exclusivo desta plataforma no segmento das consolas domésticas. Sexta-feira, 12 de agosto, chega também aos computadores com o sistema operativo Windows.