Quando chega a época do Natal são muitos os miúdos e graúdos que querem exatamente o mesmo presente: uma consola de videojogos. Graças aos dispositivos móveis nunca tantas pessoas estiveram ligadas aos videojogos, mas uma consola doméstica é um compromisso diferente – é um sinal de que aquela pessoa procura experiências de gaming mais ricas e maduras.
Muitos consumidores sabem logo à partida qual o sistema de jogo que querem, seja por já terem tido uma consola anterior de uma determinada marca, seja porque se sentem atraídos por um jogo em particular e que é exclusivo de uma plataforma. Mas muitos também sentem dificuldade em escolher a consola na qual querem investir.
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À semelhança do que acontece nos smartphones, é difícil dizer que existe uma consola que é melhor do que as outras. Nenhum sistema de jogo é perfeito e o simples facto de terem entre si jogos muito diferentes já é motivo suficiente para nunca haver um consenso sobre qual é afinal a melhor plataforma de jogo.
Aquilo que existe são características únicas em cada sistema que podem torná-lo mais apetecível para determinados perfis de jogadores. Nos parágrafos seguintes vamos considerar aquelas que são as três principais consolas domésticas do momento: Nintendo Switch, PlayStation 4 Pro e Xbox One X.
Há mais sistemas de jogo que podiam ser considerados – como as consolas de retrogaming, as consolas portáteis ou como os sistemas de realidade virtual -, mas as três consolas domésticas referidas são aquelas que acabam por ser mais parecidas e entre as quais pode ser mais difícil fazer uma escolha.
Nintendo Switch
Este foi provavelmente um dos melhores anos de sempre para a Nintendo: a empresa lançou em março a sua nova consola doméstica, a Switch, e em apenas nove meses conseguiu vender dez milhões de unidades, quase tanto como vendeu a Wii U nos seus cinco anos de vida.
O sucesso da Switch explica-se pelo seu conceito híbrido que permite que o utilizador jogue como, quando e onde quiser: tanto pode ser numa viagem de autocarro, como pode ser no conforto do sofá em frente a um televisor de 60 polegadas. Junte-se a isto o facto de a consola permitir uma experiência multijogador local e temos um sistema de jogo que é literalmente pau para toda a obra.
Além disso, os comandos da Nintendo Switch, os Joy-Con, também apresentam características únicas: podem estar firmados diretamente na consola, podem ser colocados num suporte para criar um comando mais ‘tradicional’ ou podem simplesmente ser utilizados sem fios, o que garante experiências de jogo mais imersivas em títulos como o jogo de luta ARMS.
Ao sucesso do hardware junta-se o sucesso do software: The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Super Mario Odissey e Splatoon 2 são considerados pela crítica especializada como dos melhores jogos do ano, sendo que o novo capítulo de The Legend of Zelda tem sido apontado quase unanimemente como o melhor jogo de 2017.
A Nintendo criou um conceito único de consola, nunca antes visto e agora está a recolher os frutos dessa aposta. Depois de um investimento arriscado na Wii U, que não surtiu os resultados desejados, a gigante nipónica não teve receio em arriscar novamente, tornando a Switch num dos gadgets mais interessantes dos últimos tempos.
Para quem é a Nintendo Switch: Em primeiro lugar a Switch é para quem gosta de levar a experiência de jogo para qualquer lado. Ainda que seja considerada como uma consola doméstica, a portabilidade da Switch é o seu elemento mais diferenciador.
Ao passo que os jogadores das outras consolas domésticas ficam com os seus jogos ‘presos’, todo o catálogo da Nintendo Switch é ‘transportável’. Quer jogar Mario Kart 8 na praia? Só precisa de escolher o areal em que prefere fazê-lo. Quer jogar o mais recente Doom durante uma viagem de carro? Só não pode ser o condutor da viatura.
A Switch é para os fãs da Nintendo e das suas propriedades intelectuais únicas, mas também é para quem gosta de jogos muito diversos. Há FIFA, Sonic Mania, Rocket League, Minecraft, Steam World Dig 2 e Stardew Valley, por exemplo, para disfrutar na consola da ‘Big N’. O catálogo de títulos independentes que a Switch ostenta, como o português Quest of Dungeons, também é muito convidativo.
É verdade que muitos dos jogos que são multiplataforma continuam sem estar disponíveis para a Nintendo Switch – não há Pro Evolution Soccer, não há Middle Earth: Shadow of War e não há um Resident Evil 7, por exemplo. Em termos técnicos a Switch não é uma consola poderosa como os outros sistemas de jogo domésticos, mas para poder concretizar a sua grande proposta de valor, que é jogar onde quiser, também não podia ser.
Depois a Switch também é para aqueles que valorizam a experiência multijogador local. Ao comprar a consola estará a garantir logo à partida dois comandos de jogo – se quiser jogar Mario Kart com alguém, basta passar-lhe um dos Joy-Con. É possível ter até oito consolas Switch emparelhadas em simultâneo, mais uma característica única e de grande valor.
Claro que isto só é vantajoso se conhecer outras pessoas que têm uma Switch e têm os mesmos jogos. Mas olhando para o ritmo de vendas da consola, não será preciso esperar muito mais tempo para que a Switch se transforme num gadget comum entre os amantes de videojogos, mesmo para aqueles que já têm outros sistemas de videojogos.
PlayStation 4 Pro
A PlayStation entrou com tudo na oitava geração de consolas. A marca japonesa criou uma estratégia muito simples para a PlayStation 4, mas hiper-eficaz: ‘Temos a consola mais potente para videojogos e a nossa consola é para isso mesmo, jogar’. A estratégia da rival Microsoft com a Xbox One não foi tão eficaz e os resultados sentiram-se a médio prazo.
Passados quatro anos do lançamento da PlayStation 4 original, a Sony Interactive Entertainment já vendeu 70 milhões de unidades a nível global, segundo dados partilhados no início deste mês. São números muito significativos e que fizeram a Sony mexer-se para não perder o bom momento de forma que tem vivido.
Numa altura em que o computador tem assumido um lugar de destaque no universo dos videojogos, por causa das competições de eSports e por causa do poderio que permite extrair o melhor de cada jogo, as consolas domésticas viram-se obrigadas a dar uma resposta.
Do lado da Sony essa resposta veio através da PlayStation 4 Pro – uma PlayStation 4 com melhores especificações técnicas e que tem como objetivo proporcionar uma experiência de videojogos próxima dos 4K. Dizemos próxima, pois aquilo que existe é um sistema de upscalling de resolução e não um suporte nativo de videojogos em 4K ‘puro’. Ainda assim, será muito difícil distinguir a diferença para o tal 4K puro.
Uncharted 4: A Thief’s End, Destiny 2, Fallout 4, Overwatch, Resident Evil 7: Biohazard, Horizon Zero Dawn e Battlefield 1 são alguns exemplos de jogos que já tiram proveito do hardware mais potente da PlayStation 4 Pro para entregar experiências muito mais detalhadas em termos visuais.
Para quem é a PlayStation 4 Pro: A consola da Sony é para aqueles que procuram a melhor relação qualidade-preço de uma consola doméstica neste momento. O sistema de jogo custa 400 euros e dá ao jogador uma experiência de jogo muito próxima do 4K – algo que por este preço é extremamente tentador.
Depois o ecossistema da PlayStation 4 tem provavelmente o melhor catálogo de jogos AAA disponível, algo que acaba por ser uma consequência direta da sua popularidade. Os estúdios sabem que ao produzir para a PlayStation, mesmo que a título de exclusividade, estão a chegar a uma base de jogadores muito significativa e que vão contar com a máquina gigante de marketing da Sony para conseguir atenção.
Só este ano Horizon Zero Dawn, Nier: Automata, Uncharted: Lost Legacy, The Last Guardian e Persona 5 mostraram que vale a pena estar no ecossistema da Sony. Acrescente-se a isto jogos já lançados como Uncharted 4, Bloodborne ou Journey e ainda jogos que estão para vir, como Death Stranding, God of War e The Last of Us 2 e terá muito com que se entreter a curto prazo.
Depois há outra grande vantagem associada à PlayStation 4 Pro: é a única consola, a par da PlayStation 4, que até ao momento é compatível com experiências de realidade virtual. Para isso será necessário comprar os PlayStation VR em separado, mas pelo menos existe a possibilidade de o jogador expandir de forma considerável as experiências de gaming ao seu alcance. E uma PlayStation 4 Pro continua a ser mais barata do que um computador VR-ready.
Mesmo tendo em conta que os PlayStation VR são uma compra à parte, entre os óculos de realidade virtual que entregam melhor qualidade também são aqueles que garantem a relação qualidade-preço mais competitiva. Podem não ser tão bons quanto uns HTC Vive, mas a diferença de preço que existe entre ambos já permite comprar alguns jogos para os PlayStation VR, por exemplo.
A PlayStation 4 Pro tem ainda um leitor de Blu-Ray, o que é um extra para quem também usa a consola como um centro multimédia, mas não suporta Blu-Ray 4K, o que é um ponto negativo a médio prazo. Mas se é experiência multimédia que procura, então há uma consola melhorar a considerar.
Xbox One X
O grande sucesso da PlayStation 4 ditou o menor sucesso da Xbox One. Tecnicamente a consola da Microsoft era um pouco inferior à da Sony e se em teoria isso não devia refletir-se numa grande diferença nos jogos propriamente ditos, a verdade é que foram várias as análises que mostraram que ou os jogos eram executados numa resolução inferior ou o desempenho não era tão fluído quanto numa PlayStation 4.
Ao início a Microsoft ainda tentou divulgar números de vendas como a rival Sony, para mostrar que a luta estava taco a taco, mas à medida que a PlayStation continuava a amealhar vendas, a Microsoft decidiu mudar de estratégia e optar pelo silêncio. Quantas Xbox One foram vendidas? Publicamente ninguém sabe ao certo.
Parte desta diferença nas vendas esteve na definição inicial da consola. Enquanto a Sony publicitou uma consola para jogos, a Microsoft publicitou uma consola para uma grande variedade de tarefas, sobretudo ligadas com a reprodução de conteúdos multimédia. A Xbox One foi projetada para ser o único centro de entretenimento de uma casa, mas parece que nem todas as pessoas procuravam isso.
A Xbox One esteve longe de ser um desastre, mas as vendas inferiores à concorrência levaram os engenheiros da empresa novamente para a mesa de trabalho. Quatro anos depois ficou disponível a Xbox One X, a consola de videojogos mais poderosa de sempre. Já aqui falámos sobre os números impressionantes deste sistema de jogo, tão impressionantes que podem representar um momento de viragem na indústria.
Das consolas domésticas é a única que consegue entregar experiências 4K no seu estado mais puro – com uma resolução de 3.840×2.160 píxeis a 60 frames por segundo. Ou seja, em termos de desempenho bruto a Xbox One X é a única que se aproxima dos computadores topo de gama, mesmo sem custar tanto quanto um computador topo de gama.
A questão é que basta não ter um televisor 4K para este investimento perder imediatamente parte do seu sentido, pois para consolas com jogos em 1080p existem negócios muito mais tentadores, como a própria Xbox One S.
Para quem é a Xbox One X: A mais recente proposta da Microsoft é para quem quer a mais potente das consolas de videojogos disponíveis no mercado. Ponto. Se é números e performance que procura, tem aqui a menina dos seus olhos.
A Xbox One X também é para aqueles que de facto querem fazer da consola o único centro de entretenimento da casa. Além dos videojogos em 4K e 60 frames por segundo, o consola tem um leitor Blu-Ray que suporta vídeos 4K. Pode ainda contar com suporte para todas as tecnologias multimédia mais recentes, como High Dynamic Range para cores mais ricas e Dolby Atmos para uma experiência sonora mais envolvente.
A Xbox One X é ainda para todos os que gostam de uma experiência de jogo distribuída. Graças ao Windows 10 é possível criar uma grande cumplicidade entre a consola e o computador que tiver lá em casa, seja através do stream de jogos da Xbox One X no PC, seja através do cross-buy: alguns dos títulos que comprar no PC ficam disponíveis na Xbox One X e vice-versa.
Olhando para aquilo que o mercado oferece atualmente, a Xbox One X é a consola que disponibiliza uma experiência digna de um computador topo de gama, mas com as vantagens de uma consola, como uma maior otimização do software em relação ao hardware. Se quer fazer um investimento de médio e longo prazo, esta é a consola que lhe dá melhores garantias.
O ecossistema Xbox One não é tão forte em termos de exclusivos AAA como a PlayStation 4, mas garante aos jogadores todos os grandes lançamentos multiplataforma do ano das grandes editoras. Depois existem algumas boas surpresas como Cuphead ou então jogos de franquias já estabelecidas como Forza Motorsport 7 e Gears of War 4.
Junte-se a isto o facto de a Xbox One X ser neste momento a consola que melhor garante retrocompatibilidade – dezenas de jogos do ecossistema Xbox, desde a consola original, estão a ser readaptados e novamente disponibilizados para os sistemas mais recentes. Se ainda tiver os discos dos jogos ou os jogos associados à sua conta Xbox, então nem sequer vai precisar de gastar mais dinheiro.
Claro que para levar para casa o melhor hardware e o melhor desempenho, vai ter de pagar o mais alto dos preços entre as consolas domésticas aqui listadas: a Xbox One X custa 500 euros, o que até pode não ser muito tendo em conta que os videojogos 4K a 60fps serão o futuro da indústria nos próximos anos e que para um PC garantir este desempenho provavelmente vai gastar muito mais.