A NASA quer saber como pode usar o blockchain no espaço

Se existir um problema numa sonda que está a explorar o planeta Marte, os cientistas que estão na Terra só vão descobrir que esse problema existe passados 13 minutos. Este é o tempo médio que as comunicações por rádio demoram a chegar do planeta vermelho até ao ‘berlinde azul’.

Isto constitui um grande desafio, pois cria um vazio temporal no qual podia ser necessária uma intervenção rápida, mas essa intervenção está sempre sujeita a um tempo de espera ‘obrigatório’. A distância é um desafio não só para enviar equipamento de exploração, mas também na partilha de informação. E Marte é já aqui ao lado – missões mais longínquas veriam o desafio da comunicação multiplicado.

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Acrescente-se a isto o facto de o espaço ser uma área com grande probabilidade de eventos aleatórios, como o facto de um pequeno meteorito nunca antes visto poder atingir um equipamento de investigação, e tentar antecipar acontecimentos no espaço torna-se um verdadeiro quebra-cabeças.

É este desafio que a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA na sigla em inglês) quer tentar resolver, recorrendo às capacidades de automatização da rede de blockchain Ethereum para melhorar os seus sistemas de comunicação espaciais.

A NASA atribuiu 330 mil dólares, o equivalente a 267 mil euros, à Universidade de Akron, nos EUA, para o desenvolvimento de um sistema de comunicação resiliente e que terá por base a tecnologia de blockchain.

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A investigação vai ser liderada pela académica Jin Wei Kocsis, que além de criar uma rede de comunicação espacial mais eficiente, vai procurar também tornar estas redes mais autónomas e mais inteligentes, no sentido em que serão capazes de dar resposta a alterações específicas que aconteçam nas suas imediações.

O projeto financiado pela NASA é denominado por rede resiliente e paradigma da computação (RNCP na sigla em inglês) e vai ser desenvolvido ao longo dos próximos três anos. O RNCP vai consistir na criação de uma rede segura e descentralizada de infraestrutura de computação e de uma arquitetura cognitiva de gestão de rede.

O que parecem conceitos complexos são na realidade objetivos bastante simples. A rede descentralizada tem como objetivo não só garantir maior robustez dos dados através da criação de ‘backups’ distribuídos, como faz com que maiores volumes de informações recolhidas por sondas e outros instrumentos científicos possam ser devidamente processados e de forma mais rápida.

Este projeto também quer dizer que daqui a três anos a NASA poderá ter sistemas de comunicação que serão capazes de tomar decisões autónomas caso seja detetada a aproximação de um destroço potencialmente danoso, por exemplo. Não só os equipamentos comunicarão de forma mais eficiente e rápida entre si, como vão libertar para outras investigações os cientistas que no planeta Terra estão tipicamente associados a estas tarefas.

Para que isto aconteça a tecnologia de blockchain vai ser potenciada por algoritmos de inteligência artificial e por mecanismos de deep learning, o que vai garantir uma aprendizagem contínua das ferramentas e o aumento constante da sua eficácia.

“Esta é a primeira vez que o Centro de Investigação Glenn da NASA explorou a tecnologia de blockchain no contexto das comunicações espciais e de navegação. O objetivo aqui é a aplicação do blockchain e de inteligência distribuída ao nosso espaço e aos equipamentos de comunicação de rede em terra”, disse o gestor do programa de comunicações do Centro de Investigação Glenn, Thomas Kacpura, em declarações à publicação EthNews.

Thomas Kacpura diz que se o trabalho da investigadora Jin Wei Kocsis mostrar resultados positivos, então o objetivo da NASA passará por integrar esta nova tecnologia no seu portfólio de soluções de comunicações espaciais.

“É esperado que o potencial de contributo para a próxima geração de redes espaciais seja alto, e também permita a transição tecnológica destes algoritmos para sistemas comerciais”, acrescentou o porta-voz da NASA.

Provavelmente aqueles que têm olhado para as tecnologias de blockchain como uma nova plataforma de investimento, graças às criptomoedas e tokens, estão a perguntar: vai haver um token associado a este projeto?

Para já a resposta parece ser não – as informações disponíveis sobre o projeto focam-se inteiramente na vertente de investigação e no potencial que poderá ter no futuro, não sendo feita qualquer menção a uma possível tokenização.

Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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