Já existem várias plataformas cujo objetivo é ligar, através de transmissões de vídeo em direto, pessoas que têm os mesmos interesses. Facebook, YouTube e Twitch são provavelmente os três exemplos mais conhecidos e todos têm posições fortes em segmentos muito distintos.
O Facebook na área das redes sociais, o YouTube na área dos influenciadores e da transmissão de eventos, e o Twitch na área dos videojogos. Todas estas plataformas têm ainda em comum o facto de terem por trás aquelas que são algumas das maiores tecnológicas do mundo – Facebook, Google e Amazon, respetivamente.
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Existem mais plataformas para a transmissão de vídeo em direto, mas a verdade é que são poucas aquelas que conseguem apresentar factores diferenciadores suficientes, seja para se afirmarem no mercado, seja para chamarem a atenção de outros gigantes tecnológicos. Por muito difícil que parecia a tarefa, foi justamente isso que a Beam conseguiu fazer.
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A plataforma de livestreaming foi comprada pela Microsoft no ano passado e desde então foram várias as novidades a marcar a ‘nova vida’ do serviço. Para começar, em maio, a plataforma deixou de ter o nome Beam e passou a ser definida como Mixer.
O antigo diretor de operações da startup e agora gestor de comunidade da Mixer, James Boehm, explicou num vídeo que este foi um passo necessário tendo em vista a expansão internacional que a Microsoft tinha definido para o projeto. “Infelizmente, isso era algo que não conseguirias fazer com o nome Beam”, esclareceu.
Nessa altura já a plataforma de livestreaming estava integrada em todos os computadores Windows 10 com o Creators Update e também em todas as Xbox One e Xbox One S atualizadas. Como já tínhamos referido num artigo anterior, se havia alguém que estava em condições de mandar uma machadada ao Twitch e à Amazon era a Microsoft, apoiada em todo o seu ecossistema de software e hardware.
Com esta disponibilização mais massificada, o Mixer chegou às mãos de muitas mais pessoas. O serviço deu esse passo mesmo não suportando qualquer idioma além do inglês dos EUA. Esta semana chegou o momento da plataforma recuperar um pouco o fôlego e quem sabe agarrar mais uns quantos utilizadores: o Mixer passa a estar disponível em 21 idiomas, incluindo português europeu e português do Brasil.
A plataforma @watchmixer agora também está disponível em português [PT-PT e PT-BR]. pic.twitter.com/68wBgBVte1
— Future Behind (@futurebehind) 27 de outubro de 2017
“Tem sido espetacular ver a nossa comunidade crescer internacionalmente em 2017. Com este crescimento global, o principal feedback que tivemos foi o pedido de suporte para novos idiomas”, escreveu num comunicado o líder da estratégia social da Mixer, Josh Stein.
“Nós próprios somos um grupo diverso, por isso garantir que os criadores e os seus espectadores estão ligados no seu idioma de eleição é importante, independentemente do país de origem ou do idioma que falam”, acrescentou. Claro que 21 idiomas não é o suficiente para garantir este objetivo, mas é um passo importante na globalização da ferramenta.
O número de utilizadores do Mixer não é conhecido, mas não é difícil de ver que em termos de popularidade está ainda muito distante do Twitch. À hora de publicação deste artigo estes eram os videojogos mais populares nas duas plataformas e a diferença entre o número de espectadores em cada uma é gritante.
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Apesar desta diferença, o Mixer continua a ter elementos únicos na sua plataforma, como o facto de a latência da transmissão ser inferior a um segundo, significando que o livestream na plataforma acontece quase em tempo real. Isso é notório sobretudo na interação entre o produtor de conteúdos e aqueles que estão a acompanhar a transmissão.
A interação entre audiência e jogador continua a ser outra característica única no Mixer. A plataforma funciona num conceito de economia circular: todos os utilizadores têm sparks, a unidade monetário do Mixer; os sparks são ganhos através da visualização de vídeos, sendo que por cada minuto passado na plataforma o utilizador ganha dois sparks; também é possível ganhar sparks fazendo transmissões em direto; os sparks podem depois ser gastos em interações com os streamers ou para desbloquear ‘relíquias’ extra, como novos emotes para usar nos canais de conversação da plataforma.
Ou seja, quanto mais tempo os utilizadores passam na plataforma, mais podem interagir diretamente com os seus streamers preferidos, streamers esses que vão ganhando mais visibilidade quanto mais interação promoverem nos seus vídeos.
O Mixer também tem uma funcionalidade única na indústria que é o co-streaming, permitindo que até quatro pessoas possam estar a transmitir a sua jogabilidade na mesma página, significando que as suas quatro comunidades estão reunidas todas no mesmo local, permitindo aqui uma ‘troca de seguidores’ que ajuda a aumentar o alcance de cada streamer.
Apesar destes pontos positivos, o Mixer continua a ser menos apelativo do que o YouTube e o Twitch num dos aspetos mais importantes: na monetização. O facto de ter menos utilizadores significa uma menor audiência para rentabilizar. Só que esta fraqueza da plataforma também pode ser uma das suas maiores armas para os próximos tempos – significa que ainda há espaço para novas estrelas no Mixer, enquanto nas plataformas rivais já é difícil conseguir uma grande visibilidade.