A Lenovo já tinha computadores dedicados para videojogos e para a comunidade gamer. Mas como marca número um mundial a nível de computadores, a não existência de uma submarca dedicada a este segmento era uma sombra que perseguia a tecnológica – sobretudo sabendo que a sua grande rival, a HP, entrou cheia de força neste mercado com a submarca Omen.
Além da HP, também a Acer reforçou recentemente a aposta nos equipamentos de gaming através da linha Predator e do lado da Asus há muito que vemos uma grande dedicação ao mundo das máquinas pensadas para videojogos com a linha ROG.
No início deste ano a Lenovo decidiu que estava na altura de entrar na guerra dos computadores de gaming. Para a luta decidiu levar a submarca Legion, um nome inspirado nas legiões do antigo império romano. A escolha acaba por ser apropriada sabendo que neste momento a Lenovo luta para manter a primeira posição no mercado mundial de computadores. E todas as pequenas batalhas podem ser importantes na manutenção dessa liderança.
Portugal é um dos primeiros países onde os computadores Legion estão a ser oficialmente apresentados. A partir de hoje, 31 de março, já pode fazer a reserva dos portáteis Y520 e Y720, assim como do desktop Cube 720. Os computadores só chegam às lojas no próximo dia 20 de abril, marcando assim uma nova etapa para a Lenovo em Portugal.
“O gaming e a comunidade têm demonstrado cada vez mais que merecem uma marca, merecem que pensemos neles e nas suas necessidades de forma separada como pensamos em outras linhas como a Ideapad, a Yoga ou até a Thinkpad. (…) No fundo esta marca é demonstrativa de um reforço ou de uma reaposta da empresa neste segmento”, disse o diretor do segmento de consumo da Lenovo Portugal, Vasco Oliveira, em entrevista ao FUTURE BEHIND.
O porta-voz da empresa diz que além de querer dar uma atenção diferenciada ao público gamer, a submarca Legion também é uma resposta às iniciativas concorrentes, mas igualmente uma resposta natural ao crescente interesse do mercado por computadores de gaming.
Números revelados pela Lenovo, no evento de apresentação em Lisboa, mostravam que em 2014 apenas 2,5% dos computadores vendidos a nível mundial eram de gaming – dois anos depois o mesmo indicador já vai nos 10%.
“No mercado que hoje está estagnado ou até em ligeiro declínio, as máquinas de gaming têm um crescimento abrupto e até faz com que segmentos acima dos mil euros cresçam a taxas muito simpáticas de 6% e 8%. Algo que é muito alicerçado por este crescente interesse da comunidade”, começou por dizer Vasco Oliveira, que depois abordou especificamente a representatividade dos computadores de gaming nas vendas da Lenovo Portugal.
“Diria que neste momento ainda não representam 10%. Mas o nosso interesse é que passe a representar mais do que isso até com o lançamento da Legion. (…) O nosso interesse é que represente cada vez mais na nossa faturação até porque é um target muito interessante para nós. [Os consumidores] São influencers, são pessoas que no fundo influenciam muito as suas comunidades, os seus amigos, porque estão ao corrente de todas as últimas tecnologias”, acrescentou o executivo.
Independentemente de ser a maior vendedora de computadores a nível mundial e de estar a atravessar uma fase muito positiva no mercado português, a introdução da submarca Legion não deixa de representar a chegada de uma nova marca ao mercado. E uma nova marca exige sempre um esforço de comunicação extra.
A pensar nesta projeção, Vasco Oliveira confirmou que a empresa em Portugal está com um pé dentro do sector dos desportos eletrónicos.
“Estamos a avaliar com muita seriedade parcerias quer com equipas de eSports, quer a presença em alguns dos maiores eventos [de gaming] em Portugal. Porque realmente isto de a Legion ser da comunidade não são só palavras, mas sim ações”.
“Queremos obviamente estar presente na comunidade e ajudar os gamers e a comunidade de eSports, em específico em Portugal, a ter cada vez uma maior relevância quer no território nacional, quer lá fora. Também acreditamos que algum do suporte que lhe podemos dar pode trazer reconhecimento aos gamers e a Portugal lá fora”, concluiu.
Jogar pelo seguro
Os computadores portáteis Y520 e Y720 são os dois principais ‘legionários’ que a Lenovo vai usar nesta primeira fase para a sua aposta no mundo dos videojogos. O modelo Y520 garante aos consumidores um processador Intel Core i5 e uma placa gráfica Nvidia GTX 1050 por um valor que ronda os 850 euros, enquanto o modelo Y720 garante um processador Intel Core i7 e uma placa gráfica GTX 1060 por um preço próximo aos 1.400 euros.
Olhando para a questão das placas gráficas, uma das mais importantes para quem está a escolher um computador de gaming, estes novos computadores da Lenovo não se apresentam com o maior poder de fogo disponível. Para isso seria necessário apostar nas GTX 1070 ou GTX1080.
Perguntámos a Vasco Oliveira por que motivo a Lenovo não teve uma estreia mais agressiva no que diz respeito às especificações técnicas, tendo preferido antes apostar num balanço entre desempenho e preço.
“Na verdade 99% dos gamers não querem uma máquina com as melhores especificações do mundo. Diria que quase 80% dos gamers querem uma máquina ou um portátil até aos 1.500 euros. Depois 20%, que nós também estamos posicionados aí de alguma forma, querem acima disso. Apenas 1%, 2%, querem uma máquina superior. No fundo é por isso que lançamos agora estes produtos. No fundo faz com que estes equipamentos sejam os indicados para a maioria dos gamers”.
“Hoje apresentamos máquinas desde 849 euros porque no fundo são essas que representam o maior volume de vendas e não queremos esperar para ter a máquina de 2.500 ou 3.000 euros, equipadas com tudo, que se calhar teremos mais próximo do final do ano. Assim deixamos já que o consumidor português possa ter uma máquina com excelente performance a um preço competitivo”, argumentou o executivo da Lenovo Portugal.
Dos dois computadores portáteis apresentados, apenas o Legion Y720 é compatível com os equipamentos de realidade virtual topo de gama como os Oculus Rift e os HTC Vive. Mas o segmento VR foi uma franja que a Lenovo não quis deixar de endereçar pois começa a surgir algum interesse do mercado especificamente por máquinas compatíveis com óculos de realidade virtual.
“Eu diria que a partir do Natal de 2017 aquilo que nós veremos é que [a realidade virtual] será um produto de massas. Nós temos algumas coisas no baú, já muito trabalhadas nesse aspeto e apresentaremos mais próximo do final do ano algumas coisas muito interessantes também para essa área”, disse Vasco Oliveira, muito provavelmente a referir-se aos óculos de realidade virtual que a Lenovo está a preparar.
Seja no gaming em geral, seja no sector da realidade virtual, seja numa área mais profissional como os eSports, a Lenovo está consciente que o mercado está longe de estar definido e que há muitas oportunidades para explorar. Os rivais estão à espreita e têm feito um trabalho interessante, mas a gigante chinesa mostra que não é por ter chegado em último lugar que pretenda ficar nessa posição durante muito tempo.