Facebook vs. Snapchat: ordem para eliminar

A história entre o Facebook e o Snapchat um dia ainda pode dar um filme que começa como uma comédia romântica, mas rapidamente evolui para um drama de escala global. Já lá vão quase três anos de picardia entre as duas redes sociais, com o último episódio – e quem sabe o derradeiro – a ter acontecido esta semana.

O Instagram, uma rede social com 500 milhões de utilizadores ativos e que é detida pelo Facebook, anunciou uma nova funcionalidade chamada Stories. Esta ferramenta permite que os utilizadores partilhem imagens e vídeos que são agregados numa história que dura apenas 24 horas – depois deste período os conteúdos desaparecem.



Se esta descrição lhe é familiar isso acontece pois o Snapchat tem uma funcionalidade chamada Stories – sim, até o nome é igual. A ferramenta permite que os utilizadores partilhem imagens e vídeos que são agregados numa história que dura apenas 24 horas – depois deste período os conteúdos desaparecem. E sim, a descrição também é a mesma.

E sim, leu bem: o Instagram copiou o Snapchat. Ou melhor, o Facebook copiou sem grande pudor uma das principais funcionalidades do Snapchat.

Mas as ‘Stories’ destas duas redes sociais já começaram há alguns anos.

Como funcionam as Instagram Stories?

Pense nas Stories como um segundo perfil onde vai poder colocar todas as fotografias e vídeos que vai captando ao longo do dia. Isto porque tudo o que partilhar nas Stories apenas vai aparecer nesta forma de visualização e não no mural principal do Instagram – a menos que assim o queira.

As Stories dos seus contactos vão surgir na parte superior da aplicação num carrossel e em formato de círculo – cada um corresponde a uma história de um utilizador diferente. Se houver um aro vermelho em torno desse círculo então é porque há novos conteúdos para ver, se não existir é porque já está a par de tudo o que foi partilhado por essa pessoa.

Ao bom estilo do Snapchat é possível fazer desenhos e acrescentar texto sobre as fotografias que partilhar, o que aproxima ainda mais a lógica dos dois serviços.

Apesar de poder ter as Stories públicas, também vai poder mantê-las privadas – apenas para os seus contactos – ou controladas – são públicas para quase todos os utilizadores, menos aqueles que indicar como bloqueados.

Um outro aspeto a ter em conta é que os conteúdos que partilhar nas Stories não vão poder receber comentários ou likes tal como acontece com as imagens partilhadas na rede social. Os utilizadores poderão responder às Stories uns dos outros, mas aqui o objetivo é partilhar sem compromisso e sem a pressão das ‘métricas’ de interação.



Os conteúdos que integrarem as Stories só vão estar disponíveis durante 24 horas, querendo isto dizer que não precisa de preocupar-se muito com a estética das imagens ou com a qualidade dos vídeos – acabarão por desaparecer. É esta a lógica que também reina no Snapchat.

Ou vai ou racha

Com as Stories o Instagram disponibiliza uma ferramenta para que as pessoas contem o seu lado mais humano. Por exemplo, um utilizador que apenas coloque fotografias de qualidade no Instagram vai através das Stories poder mostrar o seu lado mais ‘desleixado’, o seu dia a dia ou até como consegue as tais fotografias de qualidade.

O Instagram Stories tem todo o potencial de criar uma nova avalanche de celebridades da internet. Mesmo que os seus perfis ainda não sejam totalmente conhecidos, talvez a partilha constante de conteúdos ajude a criar uma maior afinidade entre utilizadores, muito mais do que a simples partilha de imagens e vídeos conseguiria fazê-lo. Por outro lado também pode trazer o ‘confirmar’ do estatuto que algumas pessoas alcançaram na plataforma.

Isto do lado dos utilizadores, pois do lado do Instagram vai certamente haver uma ‘explosão’ nas estatísticas: o número de fotos e vídeos partilhados diariamente vai aumentar de forma considerável. Mas não para já pois a funcionalidade Stories foi lançada ontem, mas poderá demorar algumas semanas até chegar a si.

O Instagram ganha uma nova dimensão que também ajuda a rede social a afastar-se apenas do conceito de fotografias com filtros. Tem uma base de 500 milhões de utilizadores ativos e há muito potencial ainda por explorar na plataforma. Basta ver o exemplo da Prisma, uma aplicação que trouxe um conceito alternativo de filtros e que rapidamente escalou  na popularidade e por cima do Instagram.

São estes 500 milhões de utilizadores a principal razão pela qual a ferramenta Stories é tão importante. Como vimos na timeline interativa acima, o Facebook já tem um vasto historial de tentar replicar funcionalidades e tendências do Snapchat. Mas com as Instagram Stories pode muito bem finalmente conseguir aquilo que nunca conseguiu até aqui – criar um verdadeiro serviço rival, um que está à altura da concorrência e o faça esquecer.

Se sempre houver o tal filme que falámos no início do texto então podia ter um título à James Bond: ‘Facebook vs. Snapchat: ordem para eliminar‘.

As Stories podem aliás ser o capítulo final desta saga Facebook vs. Snapchat – se resultar bem, então Mark Zuckeberg terá finalmente superado Evan Spiegel. Se nem assim resultar, então parece-nos um bom sinal para o Facebook desistir da luta contra o Snapchat e começar a focar-se noutra tendência de conteúdos.

Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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