O ano de 2016 tem sido tépido para a GoPro. A imprensa internacional deu conta no início do ano de vendas estagnadas das suas câmaras de ação, o que por sua vez levou ao despedimento de quase cem funcionários. Para combater as adversidades a GoPro decidiu concentrar muito mais o seu portfólio de produtos e eliminou vários modelos que tinham chegado ao mercado durante os anos de 2014 e 2015.
Mas hoje tudo muda para a GoPro. O diretor executivo da tecnológica, Nick Woodman, subiu ao palco com grande entusiasmo pois já sabia isso mesmo. No final a GoPro apresentou três produtos tecnologicamente apelativos, acessíveis do ponto de vista do consumidor e que produzem resultados nada menos do que espetaculares.
Foi uma apresentação de poucas palavras e muitas imagens. Pois este é o ponto forte da GoPro: fotografias e vídeos, são eles que falam pela marca. “Vinte milhões de câmaras Hero ajudaram a captar o incrível”, afirmou o CEO. “Os produtos que vamos apresentar transformam a GoPro numa solução de storytelling de ponta a ponta”, acrescentou.
O produto mais relevante da apresentação é o drone GoPro Karma. Já era do conhecimento público que a empresa estava a trabalhar na sua própria aeronave não tripulada focada na produção multimédia e também já tinham sido reveladas imagens do equipamento.
Mas só hoje se conheceu verdadeiramente o seu potencial. A GoPro foi inteligente na forma como desenvolveu o drone e tal como foi referido durante a apresentação, este não é ‘apenas’ um drone.
Em primeiro lugar a GoPro deu grande destaque à questão da portabilidade. O Karma pode ser transportado numa mochila própria que pouco maior é do que as mochilas do ginásio ou de ir para a escola. Nesta mochila cabe o drone, o controlador e um pequeno ‘tripé’ de mão.
É aqui que começamos a perceber que este drone é diferente. Qual a necessidade de um suporte de mão tendo em conta que o drone vai andar no ar? Na parte frontal do Karma existe um mecanismo de estabilização de imagem. Esta componente pode ser retirada do drone e colocada no hand grip, permitindo que o utilizador tenha exatamente a mesma estabilidade do drone, mas em filmagens à mão.
Isto para dizer que de certa forma o GoPro Karma é modular. Sim, é um drone e tem todas as vantagens de um drone na produção multimédia, mas quem o comprar vai poder aproveitar algumas das suas vantagens mesmo sem ser no ar.
“O Karma tinha de poder ser usado de todas as formas que a GoPro já habituou os seus utilizadores”, defendeu Nick Woodman.
O GoPro Karma fica disponível a 23 de outubro
O próprio drone é depois constituído por diferentes componentes que podem ser encolhidas e que ajudam a torná-lo mais transportável. A GoPro não quer que os utilizadores pensem ‘será que devo levar o drone hoje?’, mas antes ‘vou levá-lo e depois logo vejo se o uso’.
A questão da usabilidade parece ter sido o ‘mantra’ da GoPro no desenvolvimento do Karma. O controlador, por exemplo, tem um ecrã generoso de cinco polegadas, um botão que faz o drone levantar voo de forma automática, um modo de chamamento que o traz para perto de si e tem ainda um tutorial digital que ensina o utilizador a pilotar, no comando, o drone, antes mesmo de o começar a fazer.
O GoPro Karma vai ser compatível com as GoPro Hero 5 Black, Hero 4 Black, Hero 4 Silver e GoPro 5 Session. O preço começa nos 869,99 euros e não inclui qualquer câmara. Com uma GoPro Hero 5 Black de origem deverá custar 1.199 euros e com uma GoPro 5 Session deverá custar perto de 1.099 euros.
As novas GoPro
Para acompanhar o lançamento do drone a GoPro também ‘refrescou’ a sua linha de câmaras de ação. Existem dois modelos novos. Hero 5 Black [na imagem ao centro], o modelo topo de gama, e 5 Session [na imagem à direita], o modelo mais ergonómico.
Nas câmaras de ação houve acima de tudo uma melhoria nas características técnicas, mas destaque para a Hero 5 Black: a câmara agora dispensa a utilização de uma caixa externa para ser estanque à água e resistente aos choques. É uma grande alteração relativamente ao que a GoPro vinha fazendo até aqui e é um salto evolutivo importante para a empresa.
Outra novidade que merece ser destaca é a capacidade de controlo por voz. Os dois novos modelos da GoPro reconhecem comandos como ‘tirar fotografia’ ou ‘captar sucessão de fotografias’. Terá de falar é para a câmara em inglês, espanhol ou num dos outros cinco idiomas disponíveis, já que o português não faz parte desta lista.
As duas novas GoPro ficam disponíveis a 2 de outubro
A GoPro Hero 5 Black vai custar 430 euros e a GoPro 5 Session vai custar 330 euros.
Destaque final para um acessório apresentado pela GoPro que na prática é uma pen inteligente: liga-se às câmaras de ação e fazem o download automático das imagens e dos vídeos que foram gravados até esse momento. Esta pen, chamada Quick Key, pode depois ser ligada ao smartphone e com a ajuda da aplicação GoPro Quick, uma app semiautomática de edição de vídeos, o objetivo é que em apenas alguns minutos os utilizadores possam estar a partilhar os seus momentos com os seus familiares, amigos e restantes contactos nas redes sociais.
Olhando para tudo o que foi apresentado, a GoPro está diferente. O núcleo duro da empresa continua a ser o mesmo, o das câmaras de ação, mas até esse está mais refinado. Agora há um ecossistema maior de equipamentos e de aplicações que querem tornar os utilizadores da GoPro em ‘fábricas’ instantâneas de conteúdos visualmente apelativos.
No caso do drone a tecnológica norte-americana não se limitou a responder diretamente ao que outras fabricantes já apresentam – como a Dji ou a Parrot -, tendo preferido criar um valor acrescentado. Neste caso é a possibilidade de usar o estabilizar de imagem como um acessório para as GoPro nas restantes atividades que fizer com a câmara.
O CEO Nick Woodman disse que este sempre foi o seu grande objetivo para a empresa. O que acaba por ser uma questão interessante. Agora que o grande objetivo para a GoPro está concretizado, o que se segue?