O Facebook é sinónimo de marketing para todos

O Facebook não só é a maior rede social do mundo, como consegue ser um dos maiores importantes conglomerados tecnológicos de sempre. Só na plataforma principal estão 1,7 mil milhões de utilizadores. Acrescente-se a este número outros 500 milhões do Instagram, mais mil milhões do WhatsApp e provavelmente temos um poderio nunca antes visto.

A vantagem de o Facebook ter muitos utilizadores é que consegue conhecê-los como ninguém. A Google até pode saber as nossas preferências de pesquisa e a Amazon as nossas preferências de compras, mas o Facebook sabe muito mais. O facto de ser uma rede social permite-lhe ter um conhecimento mais profundo sobre os gostos, as vontades e os desejos de cada pessoa.




Por isso é que o Facebook é atualmente uma potência de marketing e publicidade. Sim, para os utilizadores o Facebook é uma plataforma de conexão. Mas para os investidores o Facebook é um gigante no mundo da publicidade online – mais de 95% das receitas do negócio da rede social têm por base a vertente publicitária da plataforma, de acordo com o relatório do segundo trimestre de 2016.

“Toda a gente com um computador e um smartphone pode começar uma página, um negócio, com zero euros. O Facebook está a permitir uma democratização do marketing”, considerou a diretora de assuntos públicos do Facebook para Espanha e Portugal, Natalia Basterrechea, num evento realizado na quinta-feira, 22 de setembro, em Lisboa.

O Boost Your Business foi uma iniciativa desenvolvida entre tecnológica norte-americana e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Porquê esta parceria?

“O mercado online é uma grande oportunidade para as pequenas e médias empresas. O Facebook pode ajudar a desbloquear as oportunidades digitais”, explicou o presidente do organismo português, Miguel Frasquilho, durante a abertura do evento.

O evento Boost Your Business aconteceu no dia 22 de setembro em Lisboa e no dia seguinte decorreu no Porto. #Crédito: Future Behind

É verdade. Sem grande esforço é possível criar uma presença online para qualquer empresa e sem custo. Mas quem usa o Facebook e pretende atingir determinados objetivos sabe que só mediante um investimento é que vai conseguir números mais volumosos num curto espaço de tempo. Não é exclusivo da plataforma, é uma das regras básicas da arte de fazer negócio.

Depois existe toda uma questão paralela que está relacionada com a dependência de alguns negócios para com a plataforma. Os meios de comunicação que o digam. Sempre que o Facebook decide fazer uma modificação no algoritmo, estão entre os primeiros a queixarem-se das alterações. Mas se procura ter um maior alcance orgânico nas suas publicações, já temos um artigo onde lhe é explicado como pode tentar atingir esses resultados.

Se de certa forma este é o ‘lado mau’ do Facebook, também existe um lado muito bom. Existem milhares de negócios em todo o mundo que simplesmente não existiriam se não fosse o Facebook e a sua facilidade em colocar em contacto não só pessoas, mas pessoas e empresas.

Mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo estão ligadas a pelo menos uma PME portuguesa através do Facebook

Na quinta-feira o evento serviu justamente para isso. Para mostrar como o Facebook pode ser uma ferramenta de trabalho, de promoção e de negócio com um grande potencial.

Marta Gonçalves tem um negócio, O Bolo da Marta. E não teve problemas em dizer que o seu negócio só existe graças ao Facebook. Foi lá que começou – apesar de agora já ter localizações físicas – e é lá que continua a gerar 50% das suas encomendas.

“Aproveito todas as novidades do Facebook para melhorar a presença na rede social. O meu negócio só existe graças a esta rede social”, explicou Marta Gonçalves.

Ainda é Marta quem faz a gestão da página juntamente com a equipa que trabalha na sua empresa. Diz que prefere assim pois tem uma garantia de que perante qualquer dúvida do consumidor há sempre alguém que está ligado ao ADN da empresa e que consegue responder de acordo com essa filosofia.

Existem muitos mais exemplos de pequenas e médias empresas que têm conseguido ter um grande alcance graças às plataformas do Facebook. A questão que realmente se coloca é: numa altura em que todos os negócios têm uma presença no Facebook, como é que podem diferenciar-se uns dos outros?



“Isso é muito importante. Existe cada vez mais competição e o belo de uma plataforma como o Facebook é, primeiro de tudo, conhecer a tua audiência e tentar ser o mais relevante possível. E contar histórias sobre o teu negócio. Já não é ‘estamos aqui, venha fazer compras’. Agora é sobre o que há de bom na tua empresa, quais são os teus produtos, qual é a tua filosofia. Crie uma história em torno dos seus produtos e do negócio para ter uma autêntica ligação com os seus clientes”, explicou Nerea Llorca, responsável do Facebook pelo segmento das pequenas e médias empresas, numa entrevista com o FUTURE BEHIND.

Existem várias ferramentas de promoção e publicação que as empresas podem explorar no Facebook, mas muitas vezes a dúvida recai sobre quais são as mais eficazes.

Não existe uma fórmula certa e mágica que vai fazer com que qualquer negócio passe do anonimato ao estrelato em apenas algumas semanas.

“Todas são muito boas e devem ser usadas em combinação para ajudar a atingir resultados no negócio. Algumas vezes vais focar-te numa etapa, dependendo do teu começo. Obviamente vais concentrar-te mais em gerar awareness, mas é mesmo um ciclo no qual queres sempre atingir novos consumidores, novas pessoas e reativar a ligação que já tiveste com outros utilizadores”.

Nerea Llorca explicou a uma plateia com dezenas de pessoas algumas formas de promover os negócios através do Facebook. #Crédito: Future Behind

O segredo passa pela definição de uma estratégia. Definir muito bem o que pretende que seja atingido em termos de objetivo. Ainda assim o Facebook tem uma tendência natural para dar um maior destaque às inovações que implementa na plataforma.

Atualmente o vídeo é um dos formatos privilegiados e que surgem quase sempre nos primeiros lugares do News Feed dos utilizadores. Seja na vertente de publicação mais tradicional, seja na vertente de vídeo em direto.

“Se pensares nisso por natureza, o vídeo inclui movimento, inclui som. É mesmo uma ferramenta muito útil para captar atenção. E o mundo está a mudar em direção ao vídeo. Cada vez mais consumimos horas e horas de vídeo no Facebook. O mundo está a mudar do digital para o mobile. E mobile significa vídeo. Isso é algo que as empresas devem considerar quando estão a pensar na interação com os seus consumidores”.

Se o Facebook tem potenciado o aparecimento de novas oportunidades de negócio, o Instagram está rapidamente a ganhar a mesma fama. Também já tem uma audiência massiva e fiel. Ainda assim, há elementos a considerar se pretende ter uma presença forte nas duas plataformas.

“Existem algumas diferenças. As imagens e como constróis a história, o branding. Não diria que muda tanto pela plataforma, mas pela audiência que estás a tentar alcançar. Sê o mais relevante possível”.

Em Portugal existem 5,6 milhões de utilizadores do Facebook

Nerea Llorca discorda da ideia de que o Instagram tenha uma tipologia de público que só funciona com determinados negócios como nos segmentos da moda, do fitness e do bem-estar. “Existem sempre formas de encontrar os consumidores. É mesmo sobre pensar em quem são os seus consumidores, onde gastam o seu tempo e o que é relevante para eles. Depois de fazeres este exercício consegues fazer a melhor estratégia para os atingires”.

“O Facebook e o Instagram são os lugares para encontrar os teus consumidores pois são os sítios onde estão a investir o seu tempo”, concluiu.

E não é por ser um negócio português que se deve limitar ao seu país de origem. Caso contrário, qual é mesmo a vantagem de o Facebook ter 1,7 mil milhões de utilizadores?

“Quando penso sobre pequenas e médias empresas, não há razão para uma PME ter qualquer barreira em projetar-se como um negócio global. Podes operar a partir de Lisboa e vender o teu produto para qualquer local do mundo. O Facebook permite-te atingir essas audiências. Claro que tens de estar pronto para cooperar com esse crescimento. […] Não vejo outras vantagens ou outras melhores oportunidades maiores do que o Facebook em termos de audiência para poderes chegar a potenciais clientes que estão lá à fora à tua espera”.

Nerea Llorca foi no entanto mais contida na abordagem aos conteúdos em realidade virtual. Apesar de ser uma das grandes apostas do Facebook neste momento, a verdade é que os conteúdos imersivos estão a funcionar maioritariamente como uma demonstração tecnológica e ainda não estão integrados dentro da proposta comercial que o Facebook disponibiliza.

Mas não deveremos ter de esperar muito tempo até que assim seja. Mark Zuckerberg está convencido que a realidade virtual é a próxima grande fronteira no segmento dos conteúdos multimédia. E se pensarmos que os utilizadores vão estar ‘presos’ dentro de uns óculos com algumas marcas à sua frente, é fácil de perceber o potencial que este formato vai ter.

Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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