Poucas horas depois de se saber que o Facebook vai fechar 200 lojas de demonstração dos Oculus Rift, Mark Zuckerberg decidiu fazer uma publicação na sua página pessoal onde mostra alguns dos projetos que estão a ser desenvolvidos nos laboratórios da Oculus.
Se por um lado esta é uma operação de charme – ajuda a ‘enterrar’ um pouco as notícias negativas que têm afetado a Oculus -, por outro também dá uma visão privilegiada sobre o que está a acontecer dentro dos laboratórios da Oculus.
A publicação diz-nos também aquilo que Mark Zuckerberg pensa sobre o futuro – e sabendo que é atualmente uma das pessoas mais influentes no mundo tecnológico, muito provavelmente é o que todos vamos ter dentro de alguns anos.
“O objetivo [da Oculus] é fazer da realidade virtual e da realidade aumentada aquilo que todos queremos que seja: óculos pequenos o suficiente para levarmos para todo o lado, software que te permite experienciar tudo e tecnologia que permite interagir com o mundo virtual como acontece no mundo físico”, escreve Zuckerberg no seu perfil.
Na publicação que Mark Zuckerberg fez há dois elementos que se destacam: a repetição do termo ‘realidade aumentada’ por quatro vezes, algo que é de relevo tendo em conta que antes da integração no Facebook, a Oculus era uma startup totalmente focada na realidade virtual; e o facto de a Oculus estar a diversificar as suas investigações muito além dos próprios Oculus Rift.
Esta não é a primeira vez que o cofundador do Facebook mostra interesse no segmento da realidade aumentada. Aliás, Mark Zuckerberg já disse publicamente que na sua visão a curto prazo, a realidade virtual será o portal para uma grande variedade de experiências. A longo prazo será a realidade misturada [mixed reality, em inglês] a reinar, isto é, elementos digitais e virtuais que integram-se no mundo físico e real.
“Ao longo dos próximos dez anos os equipamentos vão continuar a ficar pequenos e mais pequenos, e eventualmente vamos ter algo que se parece com óculos normais que conseguem lidar com realidade virtual e realidade aumentada”, disse Mark Zuckerberg em abril de 2016.
Agora de acordo com as informações partilhadas, sabe-se que a Oculus já está a perseguir esses objetivos.
Numa das imagens o fundador do Facebook mostra aquela que é a segunda câmara anenoica – sem eco – dentro dos laboratórios da Oculus. Zuckerberg escreveu que será tão silenciosa que será possível ouvir os próprios batimentos cardíacos. Este espaço vai ser usado para experiências sonoras, um dos elementos que mais pode contribuir para uma experiência imersiva.
Num outro espaço Mark Zuckerberg diz existir um poderoso filtro que consegue impedir que partículas mil vezes mais pequens do que uma partícula de pó consigam passar. Porquê? Porque é o local onde estão a ser produzidas peças tão pequenas que qualquer elemento de poeira pode resultar numa produção defeituosa. O cofundador do Facebook só se ‘esqueceu’ de dizer o que é que está a ser produzido nessa sala.
Num terceiro espaço do laboratório em solo norte-americano o Facebook diz estar a produzir lentes e equipamentos que vão desafiar os limites da realidade aumentada e virtual. Este é um aspeto interessante pois mostra que a tecnológica de Menlo Park está a criar os seus próprios componentes e não espera simplesmente que outras empresas atinjam esse estágio de desenvolvimento.
Por fim e talvez a fotografia mais explícita, mostra um Mark Zuckerberg a imitar o gesto da personagem fictícia Homem-Aranha quando está a disparar teias.
O destaque vai para as luvas que tem nas mãos: “Ao usar estas luvas consegues desenhar, escrever num teclado virtual e até disparar teias como o Homem-Aranha. É o que eu estou a fazer aqui”, escreveu ‘Zuck’.
Nesta imagem vê-se também uma versão alterada dos Oculus Rift que tem mais sensores na parte frontal e vê-se pelo menos um conjunto de dez sensores de movimento que estão apontados para o fundador do Facebook. Este simples facto – os dez sensores – indica que muito provavelmente o protótipo das luvas não verá a luz do dia tão cedo.
Com esta publicação o Facebook mostra que está a apostar no desenvolvimento a longo prazo e que não está simplesmente a contar que os atuais Oculus Rift convençam as pessoas a render-se à imersão da realidade virtual. E pode colocar na sua lista: muito provavelmente nos próximos dez anos vai ter um par de óculos feitos pelo Facebook. O objetivo de Mark Zuckerberg parece claro: fundir, o mais rápido possível, o mundo real e o mundo digital. É este o futuro que nos espera.
“A tecnologia que está a ser construída neste laboratório faz-me querer que o futuro chegue muito mais cedo”, concluiu Zuckerberg.