Em Menlo Park as garrafas de champanhe já devem estar a refrescar. Não é uma questão de ‘se’, é uma questão de ‘quando’. Todos sabem que o Facebook vai chegar aos dois mil milhões de utilizadores ativos muito em breve, depois de a empresa ter anunciado 1,93 mil milhões de utilizadores no último trimestre.
Também não parece haver dúvidas de que será já neste segundo trimestre que a tecnológica norte-americana vai atingir esta marca impressionante.
Estima-se que atualmente existem 7,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que destas, 3,5 mil milhões usam internet, independentemente do meio de acesso.
Na prática isto faz com que o Facebook já seja usado por uma em cada quatro pessoas em todo o mundo e que o Facebook já seja usado por mais de metade da população mundial que tem acesso à internet. No que diz respeito ao número de utilizadores, o Facebook é simplesmente avassalador.
Se a isto acrescentarmos mais 700 milhões do Instagram, 1,2 mil milhões do WhatsApp e 1,2 mil milhões do Facebook Messenger, então ficamos com um quadro bem pintado e que dispensa grandes explicações.
E se pensa que o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, quer ficar por aqui, engana-se. O empreendedor norte-americano já disse qual é a sua grande meta para o futuro: cinco mil milhões de utilizadores em 2030. Será que a visão de Zuckerberg vai ser concretizada?
A tecnológica tem feito de tudo para se manter competitiva e inovadora. Mas projetar 13 anos na área da tecnologia é o mesmo que tentar descobrir uma agulha no palheiro. Até podemos saber quais serão as principais tendências tecnológicas dessa época, mas é demasiado arriscado dizer quais serão as tecnológicas dominantes de então. Basta lembrar que o próprio Facebook há 13 anos nem sequer existia…
Sabendo que dois mil milhões de utilizadores é um número histórico, será que conseguimos antever quando é que o Facebook vai fazer a festa? Olhámos para o número de utilizadores do Facebook no final de cada trimestre desde o ano de 2014.
Future Behind | Maio 2017
Olhámos também para a taxa de crescimento que a rede social teve no mesmo período.
Um dos aspetos a destacar nesta análise é que apesar do tamanho gigantesco que o Facebook assumiu nos últimos anos, a rede social nunca parou de crescer e só em duas ocasiões é que cresceu abaixo dos 3%. À exceção do segundo trimestre de 2014, o Facebook conseguiu sempre adicionar mais de 40 milhões de utilizadores por trimestre à plataforma.
Outro elemento a destacar é que à medida que o Facebook se aproxima dos dois mil milhões de utilizadores, a taxa de crescimento aumentou. Os últimos três trimestres foram aqueles que apresentaram as maiores taxas de evolução na base de utilizadores – sempre acima dos 4% -, o que resultou na adição de mais de 70 milhões de utilizadores por trimestre neste período.
Só por esta pequena análise é fácil de perceber que a taxa de crescimento está longe de ser constante. Usando apenas os dados relativos ao período compreendido entre 1 de abril de 2016 e 31 de março de 2017 – o ano mais recente e documentado da atividade do Facebook -, chegamos a uma média de crescimento de 770.491 utilizadores diários.
Se esta média se mantivesse, então seriam necessários 83 dias até que o Facebook atingisse os dois mil milhões de utilizadores.
Usar os últimos quatro trimestres como indicador para o crescimento futuro é uma tentação pois são os indicadores mais recentes e mais ‘frescos’ da evolução do Facebook. Seguindo esta linha de pensamento, então teríamos o dia 22 de junho como o dia em que as garrafas de champanhe seriam abertas.
Mas diz a matemática que os modelos de previsão são mais fortes quantos mais dados lhe dermos para análise. Se tivermos em conta a evolução do Facebook desde o dia 1 de janeiro de 2014, consegue-se reconhecer uma curva de crescimento exponencial, que é característica por descrever o crescimento de sistemas de redes – como é o Facebook. Fazendo uma regressão exponencial a essa curva e projetando para o futuro, é possível estimar que a meta dos dois mil milhões de utilizadores está apenas a 69 dias de distância [contando desde o dia 1 de abril]. Neste caso, a ‘festa’ será feita no dia 8 de junho, exatamente daqui a um mês.
No final das contas, a probabilidade de falharmos a data acaba por ser considerável. Por um lado porque este é um modelo estatístico e qualquer modelo estatístico tem uma incerteza associada – incerteza essa que pode ser de alguns dias. Por outro lado a incerteza é alimentada por fatores externos: podem surgir novas redes sociais mediaticamente apelativas ou a concorrência pode tornar-se mais agressiva neste segundo trimestre, por exemplo.
O importante aqui não é o dia 8 de junho ou outro dia qualquer em que o Facebook possa atingir os dois mil milhões de utilizadores. Aqui o importante é chamar a atenção para a grandeza desta tarefa que é juntar dois mil milhões de pessoas ativas, por mês, numa só plataforma.
Foram precisos 13 anos para atingir este valor e talvez o mais interessante é que na tal previsão de Mark Zuckeberg, o crescimento do Facebook vai acelerar ainda mais – nos próximos 13 anos conta ter mais três mil milhões de utilizadores. Em 2030 a população mundial deverá rondar as 8,5 mil milhões de pessoas, pelo que 60% do mundo estará conectado através do Facebook – seja num telemóvel, num par de óculos ou através do cérebro.
A missão do Facebook em conectar todas as pessoas do mundo não tem sido feita sem alguns valentes tropeções em questões importantes como a liberdade de expressão, a privacidade, a responsabilidade social e a ética. Mas neste momento se há de facto alguém que está próximo de deixar a maior parte da população mundial à distância de alguns cliques, então esse alguém é o Facebook.