BQ Cervantes 3: Os livros que se cuidem

Não deixou de ser um momento tecnológico raro: em meados de abril duas empresas diferentes apresentavam cada uma um novo eReader. É verdade que são duas empresas com tradição no segmento – Amazon e BQ -, mas foi interessante ver um duplo lançamento num mercado tecnológico que já só parece ter olhos para outros dispositivos móveis.

Devido à força e também à qualidade de smartphones e tablets, os eReaders acabaram por perder um pouco do espaço que lhes estava previsto. Mas para quem gosta de ler com a melhor qualidade os leitores dedicados de livros eletrónicos ainda são a melhor opção.



A proposta da BQ com o Cervantes 3 é muito forte: as especificações são ambiciosas e o preço ajusta-se perfeitamente para a experiência que o eReader entrega. São 140 euros para um leitor com ecrã de boa qualidade, com bons contrastes, com retroiluminação e capacidade para adaptar-se de forma automática ao ambiente onde está a ter a sua sessão de leitura.

Estivemos pouco mais de duas semanas com o BQ Cervantes 3 e é para nós um equipamentos que os leitores de ebooks devem considerar.



O tamanho de ecrã de seis polegadas fazem-no um equipamento portátil. O peso de 185 gramas torna-o fácil de agarrar apenas com uma mão e sem provocar cansaço – tem quase o mesmo peso que muitos smartphones. A espessura abaixo dos 10 milímetros tornam-no discreto e fácil de arrumar na mochila, numa mala ou até num bolso mais generoso de um casaco.

O ecrã é sem dúvida o elemento em destaque. Todo o texto apresenta-se com boa definição e recortes bem definidos, ainda que para uma resolução de 300 píxeis por polegada (ppi na sigla em inglês) continua sem conseguir transmitir a mesma sensação de ‘impressão a laser’ que os livros físicos têm.

Mas este já é um eReader que lida bem com a questão dos brilhos e da luminosidade externa – o sistema de retroiluminação funciona muito bem e torna de facto o BQ Cervantes 3 num companheiro para qualquer situação.

Transferir ficheiros de diferentes formatos é tão simples como ligar o eReader ao computador e arrastar os documentos-livros para o leitor. Suporta ainda um bom número de extensões de ficheiros: .epub, .pdf, .fb2, .mobi, .doc, .rtf, .txt, .html..

A fácil transferência de ficheiros e suporte generoso de formatos são dois elementos em destaque no BQ Cervantes 3

Do ponto de vista negativo temos a destacar o facto de nem sempre o ecrã ser responsivo aos toques táteis. É um elemento a considerar, mas que acaba por não ter um grande impacto na experiência de utilização – também nem sempre conseguimos folhear um livro da forma como queremos, certo?

Resta referir um aspeto importante que é a autonomia: só carregamos o equipamento uma vez. Deu para duas semanas de testes e muitas vezes não foi sequer desligado, ficando num modo de hibernação que coloca a capa do último livro lido no ecrã do eReader.

A BQ é uma empresa espanhola e é lá que tem o seu mercado mais forte – faz por isso todo o sentido oferecer livros em espanhol e ter uma loja de conteúdos maioritariamente nesta língua. Mas se houvesse uma maior aposta e adaptação ao mercado de língua portuguesa talvez a tecnológica conseguisse cativar mais interessados.

O mercado dos eReaders já é de nicho, por isso desperdiçar oportunidades para tentar seduzir novos clientes nunca é uma boa opção. O hardware está lá e tem bastante qualidade. Falta dar uma maior ajuda na vertente dos conteúdos.

BQ Cervantes 3
Design
8
Ergonomia
9
Ecrã
9
Interface de utilização
8
Performance
8
Autonomia
10
Reader Rating0 Votes
0
Contraste do ecrã
Retroiluminação
Leve e discreto
Ecrã devia ser mais responsivo
Interface pode ser melhorado
Falta de conteúdos PT-PT de origem
8.7
Em 10
Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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