Um anel composto por 50 satélites que vai fotografar todos os cantos da Terra diariamente. Parece um projeto megalómano, mas é justamente essa a intenção da empresa japonesa Axelspace. Na prática o objetivo é conseguir criar uma fonte de dados espaciais fiável e através da qual os programadores podem alimentar diferentes projetos e aplicações.
A constelação de satélites da Axelspace consegue por via das fotografias monitorizar diferentes aspetos do nosso planeta. Por exemplo, como estão a evoluir as culturas de uma determinada zona ou qual é a densidade de veículos que existe numa cidade em determinada hora.
Estes são dados que não estão ao alcance da maior parte dos programadores e nem sequer de muitos investigadores, mas certamente que há um grande interesse em usar uma vista superior do planeta Terra para descobrir melhor como evolui a vida cá em baixo.
Enviar um satélite para o espaço é algo que implica custos avultados para a maior parte dos projetos, pelo que ter um único sistema a recolher informação, informação essa que depois pode ser subscrita por diferentes interessados é o plano de negócios da Axelspace.
Em teoria é assim que funcionará o seu sistema de satélites.
O objetivo é que até 2022 todos os 50 satélites já estejam posicionados para ‘varrer’ a superfície do planeta diariamente, mas em declarações ao The Next Web o diretor executivo da Axelspace, Yuya Nakamura, disse que daqui a dois anos a empresa já terá alguns dados que serão possíveis integrar em diferentes sistemas informáticos.
Uma questão inevitável é a da privacidade. A empresa japonesa teve este ponto em consideração e vai equipar a sua frota de satélites com um conjunto de sensores de imagem de resolução relativamente baixa – baixa ao ponto de não permitir rastrear as pessoas, mas alta o suficiente para conseguir distinguir elementos e padrões que se formem no planeta Terra.
Num artigo publicado pela agência Nikkei no ano passado ficamos a saber que fazer bom, não perfeito, tem sido a abordagem de negócio da Axelspace e que lhe permite reduzir em quase 20% os custos de fabrico e lançamento de um satélite – na ordem dos sete milhões de dólares.
É expectável que os satélites fiquem em órbita 25 a 30 anos, caindo depois no planeta em vez de ficarem a orbitar em torno do planeta e engrossando a camada de lixo espacial que existe.
Desde 2008 que a tecnológica Axelspace tem estado a desenvolver projetos de microsatélites com diferentes parceiros, tendo já trabalhado com a Roscosmos, a agência espacial russa, e com a universidade de Tóquio.