Ninguém duvida da qualidade dos MacBook. São portáteis bonitos, têm um bom desempenho e estão divididos por forma a responderem a diferentes necessidades – Air para a portabilidade, Pro para o desempenho.
Mas os números mostram que as vendas dos MacBook não têm sido positivas. Nos resultados do terceiro trimestre do ano a Apple vendeu 4,9 milhões de computadores – incluindo desktops -, com as vendas a caírem 14% em comparação com igual período do ano passado.
Com estes resultados, a divisão Mac registou a sua quarta quebra consecutiva num trimestre. De um ponto de vista financeiro e até de confiança, a Apple precisava hoje de ter apresentado algo que trouxesse maior vida e alento ao seu segmento de computadores.
O que a Apple apresentou hoje com o seu novo MacBook Pro é interessante: certamente vamos ouvir falar bastante da Touch Bar e de como ajudou a alterar a experiência de utilização de portáteis para muitos profissionais. A questão é: será a Touch Bar suficiente para aliviar a maior pressão que a empresa tem sentido no segmento dos computadores?Só a resposta dos consumidores aos novos MacBook Pro vai ajudar a responder a esta questão e isso vai demorar pelo menos alguns meses até ter os seus efeitos. A verdade é que os novos MacBook Pro trazem valor acrescentado relativamente aos modelos que estão no mercado, mas são poucos os elementos únicos que podem ajudar a projetar um aumento considerável nas vendas.
“O Mac é um testamento de tudo o que fazemos e criamos na Apple. (…) Durante 25 anos temos redefinido o que é um portátil e o que consegue fazer”, começou por dizer o diretor executivo da Apple, Tim Cook, antes de entregar a Phil Schiller a responsabilidade de ‘dissecar’ os novos MacBook Pro.
Otimização do hardware
É costume falar-se em otimização de software, isto é, tornar um determinado programa mais eficiente num determinado hardware, mas a Apple é especialista em otimizar o próprio hardware. Tem feito isso com o iPad e o iPhone de ano para ano, e sempre que altera os seus portáteis vemos esse mesmo efeito.
Os novos MacBook Pro são construídos totalmente em alumínio e são mais finos e leves do que os seus antecessores.
O modelo de 13 polegadas tem 14,9 milímetros de espessura e é 17% mais fino que a versão já existente, tendo também menos 23% de volume. Já o modelo de 15 polegadas tem 15,5 milímetros de espessura, sendo 14% mais fino do que a versão anterior, e tendo ainda um volume 20% menor.
Esta redução no design dos equipamentos é de tal forma significativa e agressiva que o MacBook Pro de 13 polegadas consegue ser mais fino e pequeno do que o MacBook Air com o mesmo tamanho de ecrã.
A otimização de hardware é também visível noutras vertentes dos MacBook Pro. Apesar de mais pequenos, a Apple deu aos computadores um teclado mais generoso – 2ª geração de teclas com sistema ‘borboleta’ – e um trackpad duas vezes maior.
O ecrã também sofreu uma melhoria significativa: 67% mais brilhante, contraste melhorado em 67% e 25% de maior gama de cores.
Quanto às restantes especificações, fica esta imagem que mostra as características para os elementos base de cada versão dos novos MacBook Pro.Destaque para o facto de os novos MacBook Pro terem um desempenho gráfico muito superior: mais de 100% de melhoria em gráficos 3D, entre 60 a 70% nos videojogos e entre 55 e 74% na edição de vídeo.
Na imagem vemos um terceiro MacBook Pro, um que ainda não tinha sido referido. Este MacBook Pro será o único a manter as teclas de função tradicionais e não vai ter a nova Touch Bar, o elemento mais diferenciador e de cariz único dos novos computadores da marca da maçã.
Touch Bar, uma caixa de surpresas
As fugas de informação já tinham estragado a surpresa, mas ainda havia muito para saber sobre esta barra que a Apple está a colocar nos seus portáteis. O que pode ela fazer? E o que significa para a experiência de utilização?
A barra é denominada de Touch Bar, tem um ecrã que pertence à categoria Retina Display – ou seja, tem uma resolução elevada ao ponto de o utilizador não conseguir distinguir píxeis -, tem suporte para dez toques em simultâneo e também reconhece movimentos, como o deslizar do dedo.
Na sua configuração mais básica a Touch Bar substitui as teclas de função que existem nos restantes computadores – teclas F e teclas de atalho para funções como Print Screen. Mas é a versatilidade da Touch Bar que a torna interessante.
Na prática a barra consegue adaptar-se ao conteúdo que o utilizador tiver no ecrã. Se estivermos no Safari, por exemplo, será possível aceder aos nossos favoritos através da Touch Bar ou abrir um novo separador. Quando entramos num site, aí a Touch Bar assume botões digitais específicos que podem ajudar a melhorar a navegação e a interação.
Enquanto escreve, o Touch Bar faz sugestões de palavras. Enquanto escreve, o Touch Bar também permite mudar a formatação do texto, seja aplicando negrito ou mudando a cor das letras.
Sabendo que a Touch Bar muda de programa para programa, dependerá muito do apoio dos programadores a sua adoção e o seu hipotético sucesso. Do lado da Apple existe suporte para a Touch Bar nas principais aplicações nativas do macOS Sierra. Mas a tecnológica norte-americana também já assegurou nomes de peso.
Programas como Photoshop, DJ Pro, Microsoft Office, Sketch vão suportar a Touch Bar, cada um com os seus comandos específicos.
Devido à dinâmica desta barra, os utilizadores podem alterar a configuração das teclas, bastando para isso arrastar do ecrã para baixo algumas funções que as mesmas ficam afixadas à Touch Bar.
Este novo elemento de hardware vai, por exemplo, permitir que a Siri tenha uma tecla dedicada e vai também incluir suporte para leitura de impressões digitais. A tecnologia Touch ID chega assim pela primeira vez aos Mac e chega com um truque interessante – mediante o reconhecimento de impressões digitais de utilizadores diferentes – autorizados – , o sistema operativo executa uma troca de perfil de utilizador de forma instantânea.
Pelo que foi possível perceber na apresentação, a Touch Bar vai exigir uma curva de aprendizagem significativa. Cada botão pode ter ‘sub-botões’, o que abre aqui um grande número de teclas que terão de ser decoradas e para diferentes programas.
A questão é que depois de ultrapassado este processo de aprendizagem, parece haver de facto um ganho no aspeto da usabilidade. Durante a apresentação foi possível ver um DJ profissional a compor música exclusivamente com a Touch Bar.
Além de todas estas funcionalidades, a Touch Bar confere ao MacBook Pro um aspeto mais ‘exótico’ devido à sua grande variedade de cores.O MacBook Pro é, tal como o nome indica, um computador mais indicado para profissionais. E deverão ser os profissionais aqueles que vão tirar maior partido da Touch Bar, pois esta barra ajuda a multiplicar o número de atalhos rápidos para determinadas ações dentro de uma variedade de programas. Se até aqui os Macbook tinham 14 teclas de função, com a Touch Bar passam a ter dezenas.
Sim, os novos MacBook Pro são consideravelmente melhores do que os portáteis Apple até aqui existentes. Mas sabendo que a alteração mais icónica é mesmo a Touch Bar, será preciso um bom suporte externo de programas para que este elemento único ajude a retomar as vendas mais positivas dos Macbook.