As primeiras análises dos iPhone 8 e iPhone 8 Plus já estão disponíveis e o iPhone X continua a dominar por completo a atenção mediática – seja pela questão do preço, seja pelo debate relativamente à opção de design de colocar a câmara TrueDepth a meio do ecrã na parte superior.
Com estes três equipamentos a Apple tem claramente duas gerações distintas de smartphones: a do iPhone 8, que parece estar a entrar na sua fase final; e a do iPhone X, a visão que a marca da maçã tem para o futuro dos smartphones.
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Apesar de pertencerem a categorias de produtos diferentes, a verdade é que o rumo que o iPhone tomou nos últimos anos acabou por influenciar de forma muito significativa o rumo que o iPad seguiu. A grande questão que se coloca neste momento é: depois da apresentação do iPhone X, o que reserva a Apple para o iPad?
Um histórico de partilhas
Algumas das características e funcionalidades que mais se destacaram no iPhone acabaram por num curto espaço de tempo talhar o seu caminho até ao iPad. Ao longo das várias gerações dos equipamentos regista-se um histórico de partilhas tecnológicas consideráveis.
Um exemplo é a tecnologia Touch ID, aquela que trouxe um leitor de impressões digitais para os dispositivos Apple. Em setembro de 2013 a tecnológica de Cupertino estreou o Touch ID no iPhone 5s, tecnologia que seria depois implementada no iPad Air 2 em outubro de 2014.
A Siri é outro bom exemplo desta evolução. Em outubro de 2011 a assistente digital era apresentada pela primeira vez como parte integrante do iPhone 4s, mas não foram precisos muitos meses até que a Apple decidisse levar a Siri até ao iPad. O anúncio aconteceu em junho de 2012, na altura como uma nova funcionalidade do iOS para o tablet.
Também o famoso ecrã Retina Display começou por fazer carreira no iPhone 4 em 2010, tendo depois sido implementado no iPad em março de 2012. O conector Lightning fez um percurso semelhante, mas em datas distintas: em setembro de 2012 era apresentado no iPhone, um mês depois era apresentado no iPad de 4ª geração.
Também é verdade que algumas das grandes alterações que a Apple executou no seu smartphone não chegaram ainda ao iPad. Uma das mais gritantes é a entrada de áudio de 3,5 milímetros – como já vimos aqui, aqui e aqui, desapareceu do smartphone, mas ainda está bem viva no iPad.
Há depois outros grandes lançamentos da Apple que estão mais associados a software e não tanto a hardware, significando isso que a estreia é feita ao mesmo tempo no iPhone e no iPad. É o caso das experiências de realidade aumentada possibilitadas pelo ARKit e que esta semana começaram a ‘invadir’ a App Store dos dois equipamentos.
Qual o futuro do iPad?
Com o iPhone X a Apple quis definir aquela que será a sua próxima década no campo dos smartphones. No décimo aniversário do telemóvel, a gigante de Cupertino operou a maior transformação de sempre ao iPhone desde que o modelo original foi apresentado em 2007.
Para isto contribui muito a escolha de um ecrã edge-to-edge, um painel que ocupa quase toda a parte frontal do iPhone X, fazendo inclusive com que a Apple deixasse de lado o já tão famoso Touch ID. Para compensar a falta do Touch ID a marca da maçã desenvolveu a câmara TrueDepth, um módulo composto por vários sensores de imagem e que conseguem reconhecer a cara do utilizador, usando o reconhecimento facial como principal método de autenticação.
Estas são, em linhas curtas, as duas grandes novidades do iPhone X. Vão estas novidades chegar ao iPad? Talvez sim, talvez não.
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Em primeiro lugar a Apple fez as alterações que fez ao iPhone por estar muito pressionada pela qualidade dos dispositivos da concorrência – Samsung Galaxy S8, LG G6, OnePlus 5, – e por este ano coincidir com o décimo aniversário do equipamento. Ora, o décimo aniversário do iPad só acontece em 2020 e o mercado dos tablets é um no qual a Apple tem reinado desde o primeiro dia.
Nenhuma empresa arriscou até agora desenvolver um tablet que tivesse um ecrã edge-to-edge, muito provavelmente porque o tamanho já generoso dos ecrãs nos tablets não crie essa necessidade e esse desejo nos consumidores. A evolução tecnológica dos últimos anos permitiu à Apple colocar um ecrã de 10,5 polegadas onde até aqui só existiam 9,7 polegadas – a diferença pode parecer mínima, mas na prática resulta num ecrã 20% maior.
Além disso, quanto maior é o ecrã, mais caro se torna o equipamento. Os iPad Pro já não são propriamente baratos tendo em conta que são tablets – poderosos, é verdade, mas não deixam de ser tablets e com todas as limitações que lhes estão associadas. A Apple já está a sofrer na pele fortes críticas por ter colocado o preço de entrada do iPhone X nos mil euros, se fizesse o mesmo para o iPad o resultado poderia ser semelhante.
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Se perante estes pontos de análise parece improvável que a Apple coloque um ecrã edge-to-edge no iPad, poderá pelo menos tentar elevar a fasquia no que diz respeito à qualidade. Num tablet um ecrã OLED Super Retina Display com suporte para conteúdos HDR podia fazer todo o sentido, mesmo sabendo que a qualidade atual de ecrã dos iPad já é muito boa.
Então e a câmara TrueDepth, poderá ser essa a próxima grande funcionalidade a migrar do iPhone para o iPad? Sim, pode ser. Há espaço de manobra suficiente num tablet para acomodar melhor o sensor TrueDepth do que num smartphone e poderá ser uma forma de a Apple imprimir alguma inovação a um equipamento que tem assistido acima de tudo a melhorias de desempenho em processamento e performance gráfica.
A câmara TrueDepth significaria que um futuro iPad ficaria equipado com tecnologia de reconhecimento facial, Animoji e ainda com uma câmara que permite captar selfies com profundidade de campo. Num tablet a câmara frontal acaba por ser tão importante como a câmara traseira, sobretudo para efeitos de videoconferência e outras plataformas sociais. Resumindo, não parecem existir grandes entraves para que o TrueDepth chegue às gerações futuras do iPad.
Há depois outras características novas no iPhone que podem ou não fazer muito sentido num iPad. O carregamento wireless, por exemplo, obrigaria a produzir o iPad com uma traseira em vidro, algo que nunca aconteceu na história do equipamento e que provavelmente o tornaria bastante pesado.
Deve a próxima geração do iPad ter um processador da família Bionic, integrando funcionalidades de inteligência artificial e machine learning? Mal não lhe faria e até poderia elevar as capacidades do tablet – mas sabemos que no iPhone essas características estão acima de tudo reservadas para a área da fotografia, uma que não brilha muito nos tablets. Não é no entanto uma evolução a descartar por completo no próximo iPad.
Voltando à questão inicial: o que vai a Apple fazer ao iPad? Provavelmente o mesmo que tem feito até aqui – imprimir algumas melhorias no tablet, algumas delas inspiradas nas novidades do mais recente iPhone. Vai o iPad transformar-se num iPhone X gigante? Isso já parece menos provável.