A importância do Android Wear 2.0

A Apple não desistiu do Apple Watch apesar das vendas pouco fulgurantes e da receção amena que o dispositivo teve. Em vez disso a tecnológica voltou logo à mesa de trabalho e decidiu melhorar a experiência que os utilizadores podem ter com o dispositivo. Os resultados estão à vista: melhor software e melhor estratégia resultaram num aumento muito considerável das vendas do Apple Watch no final de 2016.

Com o lançamento do Android Wear 2.0 a Google segue a mesma abordagem.




Os últimos dados relativos à venda de relógios inteligentes em 2016 colocam o Android Wear fora do top três a nível mundial. Em primeiro lugar surge a Apple e o seu watchOS. Na segunda posição surge a Fitbit com o seu sistema proprietário. E em terceiro lugar surge a Samsung com o Tizen OS.

A Google e os seus parceiros de hardware estão incluídos na categoria ‘Outros’, uma posição muito pouco habitual para a empresa que no caso do sistema operativo Android, para smartphones, tem mais de 80% do mercado.

A consultora Canalys diz mesmo que durante o primeiro trimestre deste ano as vendas de equipamentos com Android Wear vão baixar, devido ao adiamento que a Google fez relativamente à disponibilização da nova versão do sistema operativo.

Este adiamento foi no entanto uma decisão importante para aquilo que a Google pretenderá atingir no futuro. Mesmo tendo os números contra si e mesmo tendo uma empresa como a Lenovo a dizer que vai desistir dos smartwatches, a Google resistiu às críticas para lançar uma melhor experiência com o Android Wear 2.0.

Para isso adotou uma boa estratégia nesse sentido: foi disponibilizando várias versões de pré-visualização do software, foi ouvindo a comunidade ao longo de vários meses e o resultado que agora alcança é importante não só para o Android Wear, como para o mercado de smatwatches.

Neste momento ainda há bastante diversidade. Para o caso de a Google desistir por completo deste segmento, então corremos o risco de ter um mercado que daqui a alguns anos será dominado apenas por duas empresas, três no máximo – algo que já está a acontecer nos smartphones e não é totalmente positivo.

Olhando para as novas funcionalidades que o sistema operativo recebeu, talvez os consumidores comecem a olhar para o ecossistema dos relógios inteligentes de outra forma. O Android Wear 2.0 dá mais liberdade ao relógio como gadget, dá-lhe mais funcionalidades e dá-lhe mais sentido de existência.

Neste momento parece claro que o mercado dos relógios não vai ser a mina de ouro sucessora dos smartphones. A abordagem que a Google e a Apple estão a tomar é a de conquistar um utilizador de cada vez, com melhorias significativas e que têm de facto um impacto no papel do relógio no quotidiano.

O que há de novo

Uma das principais novidades é a inclusão do assistente digital Google Assistant, o mesmo que já equipa os smartphones Pixel, a coluna inteligente Google Home e a aplicação Google Allo. O utilizador só precisa de pressionar no botão principal do relógio para ativar o assistente e dizer o comando que pretende executar: pode ser uma pesquisa, pode ser o envio de um SMS, pode ser uma marcação num restaurante.

Agora também é possível instalar aplicações diretamente nos relógios com Android Wear 2.0, querendo isto dizer que os smartwatches ficam mais independentes dos smartphones.

A Google criou uma versão especial do Google Play que pode ser acedida diretamente através do wearable e que dá ao relógio aplicações nativas. Imagine que saiu de casa e se esqueceu do smartphone – se tiver um dispositivo que suporta redes 4G ou se estiver numa zona com Wi-Fi, pode descarregar a aplicação da Uber e fazer o pedido de um veículo.

Há também a registar melhorias no mostrador dos relógios. Com o Android Wear 2.0 a Google permite que o utilizador personalize atalhos diretamente no mostrador, atalhos que tanto podem ser o acesso à meteorologia, à informação da bolsa de valores, a um contacto ou a outra aplicação definida pelo utilizador.

É possível atribuir diferentes atalhos – ou complicações, no seu termo técnico – a diferentes mostradores, querendo isto dizer que a pessoa pode ir mudando o mostrador ao longo do dia não só para o relógio ter um aspeto diferente, mas para condizer o atalho com as atividades que costuma realizar naquele período do dia.

Os sistemas de comunicação por mensagem também receberam uma atualização de software importante que tem como objetivo facilitar a comunicação rápida através do pulso. Aplicações como o Facebook Messenger, Google Hangouts, Telegram ou WhatsApp perguntam ao utilizador como quer responder: com a voz, através da escrita ou com respostas inteligentes.

No caso das respostas inteligentes o sistema operativo faz uma análise do contexto da mensagem e sugere aquela que lhe parece ser uma resposta adequada.

O Android Wear 2.0 vem ainda equipado com um conjunto interessante de funcionalidades: consegue detetar de forma automática qual o exercício que o utilizador está a fazer; suporta redes 4G; suporta pagamentos com o Android Pay; e é compatível com o iPhone da Apple. E claro, sofreu uma remodelação visual que torna o software mais ‘fresco’.

Quais os relógios compatíveis

De acordo com a Google, esta é a lista de equipamentos que atualmente são compatíveis com o sistema operativo Android Wear 2.0.

Asus ZenWatch 2
Asus ZenWatch 3
Casio Smart Outdoor
Casio PRO TREK Smart
Fossil Q Founder
Fossil Q Marshal
Fossil Q Wander
Huawei Watch
LG G Watch R
LG Watch Urbane
LG Watch Urbane 2nd Edition LTE
LG Watch Sport
LG Watch Style
Michael Kors Access
Moto 360 de segunda geração
Moto 360 for Women
Moto 360 Sport
New Balance RunIQ
Nixon Mission
Polar M600
TAG Heuer Connected

A atualização Android Wear 2.0 só está disponível em dois relógios neste momento – LG Watch Sport e LG Watch Style – e a sua comercialização não vai estar numa primeira fase acessível em Portugal. Ao longo das próximas semanas o software vai começar a chegar aos restantes equipamentos que são compatíveis.

Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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