A Smart Talk é uma marca portuguesa dedicada à venda de acessórios para smartphones. Agora também tem uma vertente de reparação de equipamentos, mas as capas, películas, colunas e powerbanks continuam a ser o principal motor da empresa.
Dentro da categoria de acessórios para smartphones agora também cabem os óculos de realidade virtual. Depois de analisarmos os óculos VR da Smart Talk chegámos a uma conclusão: são melhores que os óculos de cartão da Google, mas não são tão bons quanto os Gear VR da Samsung.
O preço dos óculos Smart Talk é competitivo: 50 euros e garante compatibilidade com dezenas de equipamentos Android e também com o iPhone. Esta pode muito bem ser uma das mais convidativas portas de entrada para os que querem ter uma primeira experiência de realidade virtual.
Explicamos porquê.
Equipamento básico e cumpridor
Os óculos da Smart Talk ainda têm um volume considerável, mas conseguem manter-se leves. Este é um aspeto importante dentro desta categoria de produtos. O dispositivo é construído em plástico, essencial para manter a leveza, mas não apresenta a mesma qualidade de construção de uns Samsung Gear VR por exemplo.
A menor aposta na qualidade de construção acaba por ter um grande revés: existem infiltrações de iluminação nos óculos. Quer isto dizer que quando os coloca na cara, se estiver num ambiente com bastante luz, vai conseguir ver pequenas frinchas atrás do smartphone.
A experiência de realidade virtual nestas condições nunca é a melhor pois impede uma total imersão – está ali um lembrete da ‘realidade’ e que acaba por ser distrativo. As infiltrações não são gigantes, mas são notórias e esse é um aspeto que importa referir.
Existem elementos no design dos óculos que são inteligentes: há orifícios nas partes laterais para que o utilizador consiga ter escapatórias para os fios dos auscultadores, independentemente da orientação do telemóvel. E também existem buracos na parte frontal que devem ter sido pensados como sistema de arrefecimento – há experiência VR exigentes e que conseguem deixar os smartphones bem ‘quentinhos’.
Na parte de hardware resta falar dos elásticos – são generosos no tamanho e fáceis de regular – e nas esponjas que cobrem a parte dos óculos que estão em contacto com a cara do utilizador. São confortáveis e não provocam marcas na face. Podia e devia ter sido colocada uma esponja na parte que cobre o nariz, pois aí já pode provocar marcas dependendo da estrutura do nariz de cada pessoa.
São baratos, tal como a realidade virtual precisa de ser
Se equipamentos como os Oculus Rift ou os HTC Vive vão puxar a realidade virtual em termos tecnológicos, são os equipamentos mais acessíveis que vão puxar a tecnologia para junto dos consumidores.
O smartphone é um equipamento já democratizado e que está disponível de forma acessível – a partir dos cem euros é possível ter um minicomputador de bolso. Agora com mais 50 euros pode transformar esse minicomputador numa mini-sala de experiências virtuais.
Os óculos da Smart Talk garantem uma boa experiência de visualização. Este foi aliás o aspeto que mais surpreendeu pela positiva no equipamento. Para testes usámos um smartphone com ecrã de cinco polegadas e resolução Full HD, o que também ajudou.
Mas as lentes do Smart Talk VR têm qualidade e garantem limpidez nos conteúdos, seja jogos ou um ambiente de imersão em 360º.
Outro aspeto que consideramos muito positivo é o ajuste independente de cada lente – tanto na distância focal como na posição relativamente ao centro dos olhos. Este é um elemento valioso e fácil de manusear nos óculos – aliás, o equipamento em si é todo ele fácil de perceber e manusear.
O facto de ser compatível com smartphones Android e iOS – a gaveta dos óculos é ajustável ao tamanho de diferentes equipamentos – também é uma mais-valia, mas também traz uma grande desvantagem: se o design do smartphone for pequeno, sobra espaço preto por cima das imagens. Ou seja, é bom ter uma abordagem generalista, mas isto condiciona a total imersão dos conteúdos.
Na parte dos conteúdos há uma outra questão que a Smart Talk não assegurou: muitas das aplicações que existem no Google Play, por exemplo, foram pensadas para o Google Cardboard. Os óculos de cartão da tecnológica norte-americana têm de lado um botão que permite interagir com os conteúdos. Por vezes é preciso navegar nos menus e clicar em ‘Ok’ para conseguirmos avançar. Os óculos da Smart Talk não têm este botão.
Conclusão: pode ter de abrir e fechar a gaveta do smartphone várias vezes numa mesma experiência, sobretudo se não a conhecer e não souber que menus lhe vai apresentar. Isto acaba por tornar-se pouco prático.
Para finalizar
Acima de tudo os óculos da Smart Talk são um bom investimento para quem procura a sua primeira experiência de realidade virtual. Os óculos de cartão da Google são teoricamente mais indicados para este primeiro contacto, mas a qualidade superior das lentes e o facto de não ter de segurar o equipamento com as mãos fazem do Smart Talk VR uma escolha mais apropriada.
São mais caros que o Carboard? São, é um facto. Mas também têm mais condições para perdurar no tempo. Vemos o Carboard como um convite para a VR – os Smart Talk são o equipamento de entrada de gama.
Caso venham a existir novas versões há margem para evoluir em ergonomia, usabilidade e conforto. E aquelas frinchas têm de desaparecer, definitivamente. Podem arruinar a experiência visual por completo e de certa forma condiciona o próprio propósito do equipamento que é isso mesmo, conceder experiências.
Por 50 euros leva um dispositivo que cumpre. E por este preço não há grandes motivos para não querer experimentar e usufruir das cada vez mais e melhores experiências de realidade virtual.