Foi um dos primeiros elementos que nos chamou a atenção no Huawei Nova: a caixa do equipamento traz um destaque onde é possível ler a frase “Huawei Design”. É um pormenor, mas que faz toda a diferença. Este é um sinal claro de que a marca chinesa quer fazer do design um dos pontos fortes dos seus seus equipamentos.
A Huawei tem vindo a melhorar gradualmente neste aspeto. Os smartphones Huawei Nexus 6P e Huawei P9 foram os pontos altos desta aposta – que agora continua com o Huawei Mate 9 Porsche Design. Em comum têm o facto de serem todos equipamentos topo de gama e com uma etiqueta de preço dos 550 euros para cima.
É um valor que olhando para o mercado português não está acessível a uma boa parte dos consumidores. É aqui que entra o Huawei Nova.
A tecnológica asiática conseguiu com este equipamento construir um dispositivo com uma boa relação qualidade-preço. Numa altura em que a Huawei parece estar a cavalgar rumo ao topo – não só na venda de smartphones, como no posicionamento dos seus equipamentos -, este Nova é uma entrada muito bem-vinda pois traz algum equilíbrio ao portfólio da empresa.
Por 400 euros os consumidores levam para casa um smartphone de gama média-alta com uma boa relação qualidade-preço. Na prática é como se estivessem a comprar um mini-topo de gama.
Estética apurada
Em termos de aspeto e design o Huawei Nova parece ter nascido justamente de um cruzamento entre o Nexus 6P e o Huawei P9. A maior evidência está na faixa de vidro preto que foi colocada na parte traseira para envolver a câmara fotográfica. Mas em vez de herdar a construção em alumínio mais vincado do Nexus 6P, a Huawei escolheu o mesmo metal do seu P9.
Isto resultado num equipamento mais agradável ao toque e com um aspeto mais amigável. Além do alumínio mais suave, o dispositivo caracteriza-se pelas curvas mais arredondadas. Isto aliado ao facto de ter um ecrã de cinco polegadas torna o Huawei Nova num smartphone fácil de manusear, mesmo só com uma mão.
Até o botão de bloqueio, na lateral direita, tem um perfil cobreado justamente como o Huawei P9. É um pequeno toque de personalidade num dispositivo que por si só já consegue destacar-se no segmento de mercado onde atua.
Todos estes elementos fazem com que este smartphone tenha não só um aspeto premium, como corresponde a esta expectativa em termos de tato. Um trabalho muito bem feito por parte da equipa da Huawei que começa aqui de facto a explorar elementos de design que estão a tornar-se muito próprios e associados à marca.
Houve um elemento que não nos agradou. Na parte inferior traseira existe um friso que se destaca do restante corpo. Se isto não é tão percetível a nível visual, nota-se com o toque há uma diferença de relevo, ainda que mínima, entre esta parte e o restante corpo do smartphone.
Mas nem só de design se faz um equipamento. Para uma boa parte dos consumidores será crucial ter um dispositivo com o qual existe uma ‘atração física’, só que além da forma também é necessário conteúdo.
O elemento que mais nos agradou no Huawei Nova foi… a autonomia. Mesmo construindo um dispositivo que é compacto, o facto de estar equipado com um processador que tem como missão entregar um desempenho constante, mas sem consumir muita energia, parece ter funcionado.
A bateria do Huawei Nova é de 3.020 mAh
A bateria do Huawei Nova dá facilmente para mais do que um dia sob utilização intensa, um dia e meio numa utilização normal e se bem poupadinho, também pode ficar dois dias longe das tomadas elétricas.
Esta acabou por ser uma boa surpresa pois apesar dos esforços feitos pelas empresas em tecnologias de autonomia, os restantes avanços que os smartphones registam acabam por condicionar este aspeto. Para tornar tudo mais apetecível o Huawei Nova tem tecnologia de carregamento rápido, o que lhe permite recuperar alguma energia suficiente para o resto do dia em apenas alguns minutos.
É de longe um dos sistemas mais práticos para autenticação no smartphone, com a Huawei a fazer com que seja ainda mais interessante. A grande velocidade de reconhecimento da impressão digital faz com que o smartphone desbloqueie automaticamente depois de lhe colocar o dedo.
Além da velocidade, a taxa de reconhecimento foi quase perfeita. Apenas um ou outra vez ao tocar no sensor não foi feito o reconhecimento imediato da impressão digital, pelo que este é sem dúvida um dos pontos muito positivos do equipamento.
Desempenho regular
O Huawei Nova não é um smartphone topo de gama e por isso nota-se na utilização diária que não tem os mesmos níveis de resposta dos equipamentos que lideram o ecossistema Android. Mas isso não significa que o utilizador vá encontrar um equipamento limitado.
O Nova é um dispositivo bastante equilibrado. Ao longo de duas semanas de utilização apresentou um desempenho sempre fluído e sem quebras. É rápido a abrir as aplicações, é rápido na transição entre aplicações e consegue garantir que a experiência de utilização é sempre constante.
O processador Snapdragon 625 tem oito núcleos, o que ajuda a explicar em parte este comportamento bem conseguido. Os 3GB de RAM também têm influência neste aspeto já que permite que as aplicações ‘respirem’ melhor no smartphone. No puro aspeto do processamento o Nova é um dispositivo de gama média-alta. Perde é um pouco na parte gráfica.
A unidade gráfica Adreno 506 garante que o Nova suporta virtualmente todos os jogos que existem na loja do Android, mas isso não significa que o desempenho seja exímio em todos. Jogos como Plants vs. Zombies Heroes e Minecraft: Story Mode executam sem qualquer problema. Já quando estamos a jogar um FIFA Mobile é notória alguma falta de desempenho, com os tempos de carregamento, com as transições entre menus e com o próprio jogo a não ser totalmente fluído.
Ainda assim é um equipamento mais do que suficiente para as tarefas básicas do dia a dia e não lhe deverá apresentar ‘transtornos’ em desempenho.
Outro elemento que cumpre bastante bem é o ecrã. Destacamos sobretudo os bons níveis de brilho que consegue atingir. O painel Full HD garante uma boa resolução para experiências multimédia, tendo também uma boa reprodução de cores: são vivas e cativantes. Do lado menos positivo destacaríamos o facto de os contrastes não serem tão apelativos como noutros equipamentos que usam painéis AMOLED – o do Huawei Nova é IPS.
De todos os elementos aquele que menos convenceu no smartphone foi o sistema de som. A Huawei utiliza uma coluna única, situada na parte inferior do smartphone, mas nem é essa o problema: o som até é reproduzido com um bom nível de volume, mas falta-lhe alcance dinâmico.
Ao lado da coluna existe uma entrada USB-C
Num dispositivo que já custa 400 euros teria sido interessante ver uma experiência sonora mais completa. Mas sabendo que a Huawei caprichou noutros segmentos, seria de esperar que em algum ponto o smartphone fosse mais fraco. ‘Sobrou’ para o som.
Fotografia precisava de mais dedicação
Além da questão do design, a Huawei também tem apostado bastante na fotografia. O duplo sensor fotográfico do Huawei P9 foi o ex libris da marca chinesa e basta olhar para os grandes equipamentos do mercado – Google Pixel, LG G5, Galaxy S7, iPhone 7 – que todos promete acima de tudo um aspeto premium e uma experiência de fotografia muito boa.
Sabendo que este dispositivo é familiar do P9, esperávamos uma qualidade fotográfica acima da média. Não contaríamos certamente com um duplo sensor, mas o único tivesse capacidade para ainda assim captar a nossa atenção.
A câmara do Huawei Nova é interessante, mas não é um fenómeno. Consegue captar imagens com bom detalhe, tem um disparo bastante rápido e um sistema de focagem igualmente veloz. As cores são satisfatórias e fiéis relativamente aos cenários da vida real. Em cenários de menor luminosidade o smartphone cumpre, mas também não espanta.
Mas não mostrou ter um comportamento que nos faça dizer que este é um elemento pelo qual deve mesmo considerar o smartphone. Vai permitir captar fotografias com qualidade e algumas até artísticas – existem modos criativos na aplicação de câmara -, mas no final de contas acaba por ter um desempenho mediano.
Considerações finais
O Huawei Nova foi uma bela surpresa. Aliás, foi uma das boas surpresas do ano de 2016. A tecnológica chinesa conseguiu construir aqui um equipamento que por ser tão interessante, pode até vir a canibalizar as vendas de alguns equipamentos como o Huawei P9 Lite.
O design, a construção, a bateria e o sensor de impressões digitais são elementos que estão claramente acima da média. Nos restantes campos de análise o smartphone cumpriu sempre bastante bem: é um dispositivo que não temos dificuldade em recomendar se este é um valor que estiver disposto a dar por um smartphone.
A versão personalizada do sistema operativo Android, com o EMUI, continua a não ser consensual, mas nota-se que a tecnológica chinesa tem feito uma otimização do software para que tenha cada vez menos impacto no desempenho geral do smartphone.
Há outros equipamentos a ter em conta como o Sony Xperia XA Ultra ou o próprio Honor 8, que acaba por ser outro dispositivo da própria Huawei. A apenas 50 euros de distância está o Alcatel Idol 4s que consegue ter um desempenho geral um pouco superior, já tem um ecrã 2K e tem ainda aquele extra de vir com uns óculos de realidade virtual.
São todos equipamentos interessantes e que estão a lutar entre si num curto espaço de investimento.
A Huawei pelo menos fez aquilo que lhe competia. Além de trazer algum investimento diferenciador ao segmento de média gama, produziu um equipamento que fará certamente os consumidores considerarem-no se estiverem dispostos a investir neste nível de preço.
Deste lado gostámos do que vimos e do que experimentámos. O Huawei Nova é importante pois não são só os dispositivos topo de gama com qualidade que tornam uma marca numa referência do mercado. Há mais consumidores para satisfazer e este Nova vem claramente trazer uma maior pressão à concorrência pela atenção dos consumidores.