A NOS apresentou hoje um novo serviço de televisão ao qual chama UMA. Na prática é uma nova experiência de TV que pretende melhorar a utilização que cada pessoa tem com os conteúdos disponíveis na televisão. Olhando para algumas das funcionalidades do serviço percebe-se que nem todas as ideias são originais, mas a NOS fica com o mérito de ser a empresa que agrega as diferentes experiências num serviço de televisão unificado.
O UMA está cimentado em quatro características: pesquisa por voz feita através do comando que permite trocar de canal ou encontrar conteúdos; ter perfis pessoais dentro do serviço de TV; recomendação de conteúdos; e suporte para conteúdos em Ultra HD.
No caso da pesquisa por voz a Vodafone já tem em Portugal um sistema que permite, através do smartphone e com a ajuda de uma aplicação móvel, procurar por canais. No caso da NOS a pesquisa é feita no comando e estende-se além da troca de canais: é possível dizer ‘Procurar atriz Jennifer Lawrence’ e ver surgir no ecrã alguns dos filmes nos quais a atriz participa e que estão disponíveis no sistema de conteúdos da NOS.
No caso da recomendação personalizada de conteúdos, da criação de perfis e do suporte para Ultra HD é com naturalidade que se vê este movimento da operadora de telecomunicações como uma resposta ao Netflix. O serviço norte-americano disponibiliza funcionalidades semelhantes, mas é um serviço externo.
Com o UMA a experiência está toda integrada na TV e não requer aplicações extra ou até um dispositivo móvel a acompanhar. A NOS também atualizou a aplicação NOS TV para que os utilizadores possam ter, dentro do possível, a mesma experiência no tablet e no smartphone, caso queiram aceder aos conteúdos sobretudo quando estão fora de casa.
Deve ficar claro um elemento: o serviço NOS UMA só estará acessível para os utilizadores que subscreverem um dos três pacotes NOS UMA disponíveis.
Ao subscrever um destes pacotes estará a assegurar a nova box de TV da empresa de telecomunicações, que tem dois elementos de destaque: suporta conteúdos em Ultra HD e não tem um disco rígido. Quer isto dizer que todas as gravações que fizer ou agendar estarão guardadas em armazenamento na nuvem, o que faz com que os conteúdos estejam sempre disponíveis desde que haja uma ligação à Internet.
A NOS iguala assim o MEO e a Vodafone na disponibilização de uma box com suporte para conteúdos Ultra HD.
A escolha de retirar o disco rígido à box também permite baixar os consumos energéticos do equipamento, o que para a NOS é uma mais valia do ponto de vista ecológico.
Quem já é cliente da NOS, sobretudo os que têm o serviço de televisão Iris, vão poder migrar para o UMA, mas só mediante a troca para um dos tarifários mais recentes.
Primeiras impressões do NOS UMA
Durante o evento de apresentação do novo serviço, que decorreu em Lisboa, pudemos experimentar o novo interface e as suas principais funcionalidades. Foi uma experiência de dez minutos, mas que permitiu tirar algumas conclusões.
Em primeiro lugar há a destacar o interface minimalista, mas visualmente rico que a NOS implementou no UMA. Os conteúdos estão agregados e distribuídos por imagens de tamanho generoso, em determinados menus as imagens ocupam mesmo todo o ecrã e durante os momentos de pesquisa os conteúdos que estão a dar na televisão passam para segundo plano, mas nunca param.
O menu principal é constituído por oito separadores. Dentro de cada um destes separadores existem mais separadores: num primeiro momento poderá exigir uma curva de aprendizagem acentuada para saber onde estão os diferentes elementos, mas será uma questão de hábito.
Relativamente à pesquisa por voz a experiência foi mista: parece-nos que a tecnologia funciona maioritariamente bem pois consegue reconhecer termos em português e em inglês, mas houve momentos em que o sistema simplesmente disse que não reconhecia o que lhe foi dito. Não nos aconteceu apenas durante o período de experimentação, aconteceu a um executivo da NOS durante a apresentação do serviço. Será mais comum na pesquisa de atores e filmes, já que o sistema para trocar de canal funciona na perfeição e é veloz.
Um aspeto curioso: a NOS incluiu no sistema de reconhecimento algumas palavra-chave que vão levar o utilizador diretamente para alguns canais. Se disse ao comando ‘Receita’ a televisão muda para um canal de culinária. Se disser ‘Olé’ vai para o canal dedicado à tauromaquia. São easter eggs e não há uma lista oficial pois o objetivo é que venham a ser descobertos por brincadeira pelos utilizadores.
Um dos aspetos que mais gostámos na pesquisa e que coloca o sistema da NOS num patamar de destaque é o facto de ser feita em todo o sistema: se procurar pelo ator Jonhy Depp vão surgir-lhe resultados de filmes que estão incluídos nas grelhas dos canais, vão surgir resultados do videoclube da NOS e vão ainda estar integrados os resultados do NPlay.
A resposta do interface é rápida, ainda que não seja totalmente fluída devido à grande quantidade de conteúdos que surgem por via das pesquisas feitas. É um aspeto que pode vir a ser afinado com o tempo através de futuras atualizações que o serviço UMA venha a receber.
Relativamente aos conteúdos Ultra HD a NOS tem o canal Hispasat 4K que permite tirar total partido desta resolução nos conteúdos. A operadora tem também um acordo que vai garantir a transmissão de oito jogos do Europeu de Futebol 2016 em 4K juntamente com a RTP. Parece-nos importante esclarecer que não é necessário ter um televisor Ultra HD para tirar partido das restantes funcionalidades do UMA, mas no caso da qualidade dos conteúdos será imprescindível.
Por fim uma nota sobre o sistema de recomendações que o UMA será capaz de fazer. Em tão pouco tempo foi impossível saber se os algoritmos que alimentam o sistema têm bons palpites ou não. Mas é de destacar o facto de o trabalho de ‘dados’ da NOS não se ficar apenas pelas sugestões com base no estilo de filmes e séries preferidas de cada um. Se entrar no canal Hollywood, por exemplo, o UMA vai colocar-lhe do lado direito um resumo dos conteúdos desse canal que têm tido mais visualizações.
Numa outra parte do sistema é possível encontrar quais os conteúdos em direto mais vistos pelos restantes utilizadores do serviço UMA. Ou seja, é um sistema de recomendação que tem em conta os gostos pessoais, mas que também dá grande destaque ao ‘poder’ da comunidade. É uma proposta interessante e ambiciosa.
No geral, todo o NOS UMA pode ser considerado como interessante e ambicioso. É o agregar de vários serviços, funcionalidades e experiências de utilização que os utilizadores estão habituados a ter de forma partida. A NOS entra assim na era da ‘inteligência’ e consegue fazer com que mesmo televisores mais antigos tenham agora toda uma nova vida e sentido de modernização.
Como já é hábito no segmento das telecomunicações não será de esperar que os principais rivais – MEO e Vodafone – fiquem parados. E no fim não ‘ganha a Alemanha’ como se costuma dizer no mundo do futebol: ganham os consumidores portugueses.