No início da semana falávamos da necessidade de os equipamentos de realidade virtual ficarem independentes. O facto de serem necessários equipamentos externos aos próprios óculos de realidade virtual, muitas vezes dispositivos estes que têm de ser muito específicos nas configurações técnicas, é algo que não contribui para uma maior massificação da tecnologia VR.
Um dos exemplos que demos foi justamente o dos Google Daydream View, os óculos de realidade virtual desenvolvidos pela tecnológica de Mountain View. Lançados em novembro de 2016, necessitam de modelos específicos de smartphones Android para funcionar.
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Até agora só existem seis modelos compatíveis: Google Pixel, Lenovo Moto Z, Huawei Mate Pro 9, ZTE Axon 7, Asus Zenfone AR e Samsung Galaxy S8. No início desta semana esta lista era teoricamente ainda mais desmotivante para os consumidores portugueses. O Google Pixel não se vende por cá, o Huawei Mate Pro 9 também não, o ZTE Axon 7 é difícil de encontrar, o Asus Zenfone AR não estava ainda disponível e o Galaxy S8 não era oficialmente compatível.
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Mas qual golpe certeiro, em apenas dois dias a situação mostrou alguns sinais de melhoria: o Samsung Galaxy S8 começou a receber a atualização de software que o torna compatível com o ecossistema Google Daydream e a Asus disponibilizou o Zenfone AR no mercado português.
A dualidade do Galaxy S8
Antes da apresentação do Samsung Galaxy S8 havia muita especulação sobre que planos teria a tecnológica sul-coreana para o seu equipamento na área da realidade virtual. A Samsung tem o seu próprio sistema, os Gear VR, que são desenvolvidos em parceria com a Oculus.
Esperava-se que dentro desta linha o Galaxy S8 fosse compatível com a mais recente versão dos Samsung Gear VR – e assim aconteceu. Mas quando todos viram o poder de fogo do Samsung Galaxy S8 a pergunta que se seguiu foi: será que um dia serão compatíveis com os Daydream View?
A Samsung não deu essa resposta de forma imediata e teve que ser a própria Google a fazer o anúncio durante a conferência de programadores Google I/O. Parceiras de longa data através do ecossistema Android, a verdade é que a Samsung e a Google acabam por ser rivais em muitos outros sectores.
Caso a Samsung não tornasse o Galaxy S8 compatível os Daydream View essa seria uma decisão que se entendia perfeitamente, mas que também podia abrir uma fenda na relação entre as duas empresas.
Esta semana começou a ser disponibilizada a atualização de software que ativa a compatibilidade do Galaxy S8 com os Daydream View. Por agora só há relatos de que essa atualização foi disponibilizada nos EUA pela operadora Verizon, mas este é um indicador de que a atualização está pronta e vai começar a ser distribuída.
Quanto tempo até chegar a todo o mundo? Isso é outra questão e que não está só dependente da Samsung, mas também de dezenas de operadores de telecomunicações. No entanto devido à grande popularidade do Samsung Galaxy S8, que em Portugal até bateu o recorde de pré-vendas da marca, esta é uma novidade que vai interessar a todos os que ainda não saltaram para o ecossistema Google Daydream.
A dualidade do Zenfone AR
O Asus Zenfone AR também tem dois lados, mas não no mesmo sentido que o Galaxy S8. No caso do equipamento da Asus este é o primeiro smartphone do mundo a integrar as duas tecnologias emergentes do ecossistema Android: Google Tango, para realidade aumentada, e Google Daydream, para realidade virtual.
O smartphone foi originalmente apresentado no Consumer Electronic Show e chegou esta semana a Portugal: no mercado português tem um preço recomendado de 900 euros, colocando-o num segmento de mercado ultra-premium.
As especificações também colocam este equipamento no topo da pirâmide dos smartphones Android: ecrã Super AMOLED de 5,7 polegadas e uma resolução de 2.560×1.440píxeis; processador Snapdragon 821 otimizado para o Project Tango; 256GB de armazenamento em arquitetura UFS 2.0; e ainda 8GB de memória RAM.
Na parte traseira existem três sensores de imagem que tornam o equipamento apto para experiências de realidade aumentada, sobretudo através do sensor de profundidade. Já o sensor principal é capaz de captar imagens com 23 megapíxeis de resolução.
Soluções caras
Se há algo que estes dois smartphones têm em comum é o preço elevado. O que não deixa de funcionar como um contra-senso à estratégia da Google em querer tornar o Daydream View numa plataforma de realidade virtual democratizada. Os óculos em si são baratos – custam 79 euros nos mercados europeus onde estão disponíveis -, mas este preço perde alguma relevância tendo em conta que os equipamentos compatíveis custam todos acima dos 500 euros.
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Esta compatibilidade ‘topo de gama’ faz sentido para garantir que os utilizadores têm sempre uma boa experiência de realidade virtual, o que implica um smartphone com um ecrã de altíssima resolução, processadores velozes e bastante memória RAM.
A questão é que nestes níveis de preço os consumidores interessados em experiências de realidade virtual de qualidade já podem começar a equacionar outros investimentos – basta recordar que os Oculus Rift atualmente estão em promoção de verão.