Realidade Virtual é um conceito mais antigo que aquilo que muitas pessoas têm ideia. No entanto, dado o seu elevado custo foi sempre explorado numa perspetiva de treino militar ou para finalidades de terapia. Com o passar dos anos alguns foram olhando para a tecnologia como uma nova forma de entretenimento, seja através da visualização de conteúdos 360° ou a nível de jogos.
Esta exploração da realidade virtual no campo do entretenimento implica, no entanto, resolver diversos desafios a fim de cativar os consumidores. Caso a imagem apresentada não fosse fluída o suficiente iria não só destruir a imersão do jogador como também causar a desagradável sensação de enjoo. No entanto, para se ter equipamentos capazes de garantir essa fluidez, o preço seria demasiado elevado para ter uma adoção aceitável.
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Com o passar dos anos foram aparecendo produtos que já começavam a oferecer todas as características técnicas para uma boa experiência assim como um preço mais próximo das capacidades do consumidor comum, sendo exemplos disso a PlayStation VR e o novo Oculus Quest 2. Apesar de ainda só cativarem o público mais entusiasta e tecnológico, a biblioteca de jogos de realidade virtual tem vindo a crescer permitindo que os jogadores viajem para qualquer lado e tornem-se aquilo que queiram. E que melhor escolha que ser um pirata do espaço?
Para quem tenha essa vocação, temos Space Pirate Trainer, um jogo ao estilo Arcade, que permitirá ao jogador enfrentar várias vagas de robots inimigos implacáveis que farão de tudo para atingir o jogador. Mas será que este treino é eficiente ou será que deixará o jogador perdido no vazio do espaço?
Mãe! Vou ser um Pirata do Espaço!
Em Space Pirate Trainer o jogador é um pirata do espaço e terá de sobreviver a um conjunto de vagas de robots inimigos que farão de tudo para o derrotar. Cada vaga vai aumentando o nível de dificuldade, seja pela quantidade de inimigos ou pela qualidade dos inimigos. Inicialmente os robots são simples drones esféricos que vão disparando sobre o jogador, mas, com o avançar das rondas, vão aparecendo versões mais fortes, seja com defesas mais elevadas ou mesmo com a capacidade de disparar misseis explosivos guiados.
Para enfrentar cada uma destas vagas o jogador dispõe de duas pistolas, uma para cada mão, onde cada uma delas tem seis modos diferentes de ataque. Estes modos podem ser combinados ao gosto do jogador de modo a melhor se adaptarem ao estilo de jogo ou ao inimigo que se está a enfrentar. Os modos disponíveis são: o Pulse Laser, modo de um disparo simples; Quark Cannon, modo de disparo semi-automático; Shot Works, disparos inflamáveis como fogo de artifício; Rail Gun, um modo que necessita de ser carregado antes de disparar um poderoso laser; Ray Gun, um laser continuo que acaba por aquecer a arma; e, finalmente, a Ion Grenade, um modo que dispara granadas que podem ser acionadas pelo jogador.
Além das armas, o jogador poderá trocar cada uma delas por um escudo. Este, à semelhança das armas, tem dois modos que podem ser utilizados. Um deles, o mais tradicional, é um escudo capaz de aguentar com qualquer disparo com a possibilidade de criar um pequeno campo de força que desvia os disparos por um breve período de tempo. O segundo modo, mais ofensivo, é o modo Volton, onde o jogador passa a ter um bastão que tem a capacidade de puxar os drones para perto ou mesmo de os atirar contra o chão, contra outros drones ou mesmo para os cortar ao meio. Para os mais aventureiros, é ainda possível utilizar o bastão para desviar os disparos quase como se fosse um sabre de luz.
O Volton tem ainda a possibilidade de ativar alguns elementos do cenário para atacar as ondas inimigas, ideal principalmente nos momentos mais frenéticos. Estes elementos podem lançar feixes de eletricidade para queimar os circuitos dos drones, lançar uma enchente de misseis ou mesmo disparar um gigantesco canhão laser para destruir qualquer drone que lhe toque.
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Além dos equipamentos que o jogador tem ao seu dispor para sobreviver aos ataques, o jogador poderá ainda utilizar o seu corpo para se desviar dos disparos. Quando se está prestes a ser atingido, o jogo entra em modo Bullet Time onde o tempo abranda durante uns breves momentos, permitindo que nos desviemos do disparo como se estivéssemos num filme. Dependendo do espaço físico que o jogador tenha ao seu dispor, é possível derrotar vagas e vagas de inimigos sem utilizar o escudo estando, simplesmente a desviar dos disparos que vão aparecendo por todo o lado.
O jogo dispõe de quatro modos de jogo, o modo Arcade, onde o jogador terá de enfrentar dezenas de vagas de robots a fim de conseguir derrotar a nave-mãe numa épica e incrivelmente frenética batalha dispondo unicamente de três vidas, o modo Explorer, semelhante ao modo anterior, mas onde uma parte da vida é recuperada à custa dos pontos colecionados, o modo Hardcore onde não existe Bullet Time e todo o desvio tem de ser feito em tempo real e o modo Classic, que tem a estrutura que inicialmente foi apresentada na versão beta deste jogo. No entanto, apesar de quatro modos de jogo, todos estes são bastante semelhantes não oferecendo muitas outras opções para aqueles que queiram um pouco mais. O jogo poderia contar com outros modos, como desafios que incentivassem o jogador a utilizar uma certa combinação de armas ou até um modo de treino para se treinar essas mesmas combinações.
Todos os modos de jogo, assim como o estilo de jogo que o jogador opte por tomar é colocado numa leaderboard onde é possível comparar a nossa performance com outros jogadores ou amigos. Além disso, caso o jogador consiga atingir certos objetivos, tem ainda a possibilidade de desbloquear novas skins para as suas armas ou cenários.
Com fio ou sem fio? Eis a questão.
Algo que os jogos de Realidade Virtual oferecem aos jogadores que outras plataformas não conseguem, é a possibilidade de o transportar para um local completamente diferente criando toda uma sensação de liberdade. Contudo, a esta data, a maioria dos headsets disponíveis no mercado necessitam de uma ligação com fios a um computador ou consola o que poderá afetar essa liberdade.
No caso de Space Pirate Trainer, esse é um ponto que é necessário ter em atenção, pois o jogador poderá ficar de tal maneira envolto na ação do jogo, esquecendo-se que está preso e podendo magoar-se ou estragar alguma coisa.
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A análise a este jogo foi feita maioritariamente na versão disponível para o Oculus Quest 2, um headset de Realidade Virtual que nos permite visitar estes mundos sem a limitação de estarmos agarrados a um fio. No entanto, a fim de ser possível correr este jogo devidamente no Quest 2 os programadores tiveram de reduzir alguns elementos gráficos face à versão de PC.
Quando comparadas lado a lado é evidente que a versão de computador é visualmente superior à versão do Quest 2. O ponto mais notório é quando estamos a utilizar o escudo, sendo a versão de PC mais detalhada e com mais efeitos enquanto que a versão Quest 2 é mais simples. Mesmo assim, a liberdade de movimento que se ganha tem muito mais valor do que os gráficos melhorados, principalmente quando dispomos de um espaço amplo o suficiente para andarmos de um lado para o outro.
Mesmo assim, qualquer que seja a versão, o jogo garante sempre uma ação frenética e bastante divertida. Adicionalmente, o jogo conta com cross-buy na Oculus Store o que permite que, para além da versão portátil, poderá ser também utilizado com cabo no Quest 2 nas alturas que o jogador pretenda uma experiência com visuais mais elaborados.
Considerações finais
Space Pirate Trainer é um jogo arcade com um conceito bastante simples, mas que garante várias horas de diversão pura e com ação muito frenética.
Mesmo sendo um pouco limitado em termos de conteúdo e opções de jogo, todos aqueles que gostem de se tornar cada vez melhores, terão o incentivo de melhorar a sua posição na leaderboard e ainda de desbloquear todos os cenários e skins disponíveis no jogo. A possibilidade de combinar os diversos modos de armas e escudos permite que o jogador se desafie a sobreviver à maioria das vagas usando uma certa combinação.
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Para aqueles que tenham a possibilidade de dedicar uma boa área ao jogo, a experiência torna-se ainda mais imersiva, sendo uma sensação indescritível esquecer do local onde fisicamente estamos e sentindo que estamos numa plataforma, no meio do espaço, rodeados de drones prontos para disparar sobre nós. É um jogo obrigatório para todos aqueles que tenham a hipótese de visitar o mundo da Realidade Virtual.
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N.R.: A análise a Space Pirate Trainer foi realizada num Oculus Quest 2 com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela i-illusions.