Atualizar o hardware das consolas?

 A Nintendo pode ter a solução!

No meu primeiro artigo de opinião para o FUTURE BEHIND, falava de como as consolas de meia geração poderiam mudar fundamentalmente o mercado dos videojogos. A ideia de atualizar uma plataforma, tornando-a mais poderosa mesmo a correr os mesmos jogos, acaba com o trunfo das consolas assegurarem sempre a melhor versão possível do jogo. Com a PlayStation 4 Neo e a Xbox One Scorpio, os consumidores que já tenham uma PS4 ou XB1 não ficam com uma consola ‘ultrapassada’, mas serão cortejados por uma versão melhor do mesmo sistema. No caso da Xbox, com o programa Play Anywhere, a questão já nem se coloca, se considerarmos a possibilidade de ter um PC com especificações ainda melhores. Xbox para quê, se já temos uma boa máquina com Windows 10?

O ano de 2016 está a marcar um ponto de viragem nas consolas domésticas do qual não haverá volta atrás. No futuro, ‘PlayStation 4’ e ‘Xbox’ serão plataformas com múltiplas versões e não apenas o nome de uma consola. Pelo menos no caso da PlayStation, tenho a certeza que se manterá o conceito de gerações. Um dia, teremos uma PlayStation 5 bastante diferente das várias PS4, mas virá de raiz melhor preparada para ter múltiplas versões e iterações. A Nintendo provou com as suas portáteis que os fãs estão dispostos a atualizar o seu hardware, mas as consolas domésticas são um assunto bem mais dispendioso. Será preciso ter uma maneira simples de melhorar o sistema sem ter de comprar uma consola nova, e a Nintendo sabe disto.

Na semana passada a Eurogamer noticiou o que acredita ser a próxima consola da Nintendo e a minha opinião é formada com base nisso. Em suma, a Nintendo NX será uma consola portátil, que inclui comandos destacáveis e uma dock que permite ligá-la ao televisor e funcionar como uma consola doméstica. Não há especificações técnicas, mas alegadamente irá incluir o processador Tegra X1 ou uma versão melhorada / sucessora do mesmo.

O que o artigo não especifica é a maneira como a base para ligar à TV irá funcionar. Poderá ser apenas uma peça de plástico com uma saída HDMI ou então trazer uma unidade de processamento adicional. Na minha opinião, o segundo caso será verdadeiro.

Imagem conceptual. Crédito: Eurogamer.net

O entusiasmo dos fãs da Nintendo em descobrir o que será a sua próxima consola trouxe à baila imensas patentes e ideias da empresa. Destas, destaca-se uma sobre estas mesmas unidades que permite assim aumentar a capacidade do output de uma consola. Acreditando que a NX terá um processador Tegra X1, realmente poderemos ter jogos portáteis com gráficos impressionantes, mas a nível doméstico não irão competir com a PS4 e muito menos com as próximas iterações das consolas. A alternativa será, então, que a dock de ligação à TV tenha a capacidade de aumentar o poder da consola, permitindo um output impecável com os desejados 1080p e 60fps.

Neste cenário, a Nintendo NX poderá surgir no mercado como um verdadeiro híbrido, que permite jogar no televisor com a máxima qualidade e levar a consola connosco para continuar os mesmos jogos em qualquer lado, mesmo que numa resolução inferior. Para todos os efeitos, o Tegra X1 já é bem mais poderoso do que uma Wii U, por isso mesmo no modo portátil poderemos ter jogos bastante impressionantes. Mas o mais interessante deste cenário é a maneira como pode resolver o problema das atualizações de hardware: quando a Nintendo quiser lançar uma versão 4K da sua consola, apenas terá de lançar uma dock com o processamento adicional necessário para esse efeito.

Não posso terminar sem fazer um contraponto. Há duas gerações de consolas que a Nintendo abandonou a corrida pelo sistema com as melhores especificações possíveis. Tendo em conta que a sua presença tem sido muito mais forte ao nível das consolas portáteis, é natural que se sinta menos motivada a investir no segmento doméstico. A natureza híbrida da consola, assim, poderá ficar-se apenas pela funcionalidade de permitir jogar na TV. Em breve saberemos: a Nintendo NX tem lançamento previsto para março de 2017 e, por isso, não deverá faltar muito até um anúncio oficial.



Telmo Couto: Engenheiro informático de profissão, sou um fã de videojogos e acompanho a indústria desde a adolescência, ainda no tempo das revistas. Escrevo regularmente para o Meus Jogos, onde há 6 anos lidero uma equipa de críticos amadores.
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