Há certas verdades que são inegáveis, aquelas que ninguém pensa, sequer, em questionar. Podemos afirmar que se estão a ler este artigo é porque respiram… e provavelmente são Humanos. Podemos ainda dizer que a Nintendo tem um orgulho enorme na sua marca e isso faz da empresa japonesa uma entidade um pouco fechada ao mundo exterior. Podemos dizer que a Sony PlayStation se orgulha dos seus exclusivos e que a Microsoft, através da Xbox, vai pelo mesmo caminho.
Podemos dizer ainda que os iPhones são da Apple e todos nós sabemos que a Google é conhecida pelo seu motor de busca e também pelo sistema operativo Android.
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Mas e se as coisas estiverem a mudar? O ano de 2019 começou de forma muito cativante para os amantes de videojogos com a Capcom a trazer de volta Resident Evil 2 e mais tarde a voltar em grande com Devil May Cry 5, no entanto agora sabemos que estes dois pequenos acontecimentos eram apenas o início de uma avalanche de novidades que irão para sempre mudar a indústria ligada aos videojogos.
Vamos por partes: Primeiro o anúncio da Google que mostrou o novo produto Stadia; Depois temos a Nintendo a apresentar Cuphead (até aqui um exclusivo Microsoft) para a Switch seguido do anúncio por parte do estúdio responsável pelo título que mais tarde o jogo terá suporte para Xbox Live Achievements na Nintendo Switch; E por fim temos o anuncio que jogos como Detroit: Become Human e Heavy Rain do estúdio Quantic Dream, até aqui exclusivos PlayStation, vão chegar ao PC através da loja Epic Store.
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Google Stadia – Embora a tecnologia seja surpreendente não é isso que mais me espanta ou que me faz dizer que este serviço vem alterar a indústria. Sim, ter acesso a jogos de topo sem necessitar de hardware de topo e tudo isto devido ao poder da internet e à capacidade que a gigante Alphabet tem para guardar e transmitir informação é fantástico mas o que mais me deixou surpreendido foi a guerra que a google declarou às principais empresas do universo gaming, aquele sentimento que a Google é amiga de todos e que está mais que disponível para abrir a sua nova plataforma ao crossplay é na minha opinião uma forma de bater o pé e dizer “ok, estamos fartos de divisão, queremos meter as pessoas a jogar onde querem, o que querem!”.
Sim é verdade que ainda falta saber que modelo de negócio vai usar a gigante para lançar este produto mas a verdade é que não só pelo poder de fogo dos data centres da Google mas também pela liberdade que apresenta, Stadia tem tudo para deixar Nintendo, Microsoft e Sony preocupadas. Sem falar de toda a ramificação da indústria que, se este modelo resultar, vai ter que se adaptar à falta de cópias físicas do jogos… sem consolas não há discos, não é verdade?
Não quero com isto dizer que o Stadia vai acabar com os jogos físicos, a televisão não acabou com a rádio e a internet não acabou com os jornais, mas a verdade é que ambos os exemplos acima perderam muita audiência quando apareceram as suas “evoluções”.
O sucesso do serviço Stadia vai mudar a indústria, mas se falhar também o vai fazer… se falhar, o ideal vai continuar nas mentes de muitas pessoas e mais tarde vai regressar ao mercado quando este estiver pronto para o receber (caso não esteja agora). Quem não se lembra da tentativa da Nintendo na realidade virtual quando o mercado e a tecnologia em questão ainda não eram compatíveis?
Nintendo / Microsoft – A Nintendo é uma marca muito característica, capaz de surpreender todos de geração em geração com produtos que vai apresentando. Fê-lo com a família DS, com a Nintendo 64, com a Nintendo Wii, mais recentemente com a Switch ou, antes disso, com a poderosa Nintendo Gamecube.
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Se a Nintendo consegue surpreender não é por andar a girar aos sete ventos que trunfos têm na manga, antes pelo contrário. A marca japonesa consegue, como poucas outras, manter os seus segredos bem trancados e abre as portas a muito pouca gente. Por tudo isto, como devem imaginar, foi para mim uma surpresa muito grande ver um exclusivo Microsoft a chegar à consola híbrida da Nintendo… mas mais surpreendente foi o anúncio que chegava pouco depois, que Cuphead na Switch terá, no futuro, acesso aos achievements Xbox Live.
Será isto o primeiro passo para que a porta da Nintendo fique semiaberta à possibilidade de crossplay com a marca Norte Americana? Ou será isto um testar de águas para a chegada de serviços como o Xbox Live Gold à Nintendo Switch?
Ninguém sabe, mas já imaginaram as possibilidades que isso abriria? Um catálogo de mais de 500 jogos, com títulos que começam na xbox 360.
Esta abertura de portas da Nintendo, para mim só pode significar uma coisa: Estamos no ano em que tudo vai mudar. O crossplay vai chegar e vamos, muito brevemente, passar a escolher as consolas que queremos pelas suas características únicas e não pelo catálogo que apresentam. Os exclusivos, cada vez mais, serão visões do passado ou limitados a um período curto de exclusividade… os consumidores começaram a bater o pé e as grandes empresas estão finalmente a dar ouvidos. Não acreditam? Olhem o exemplo da Quantic Dream…
Sony PlayStation – A marca japonesa é, na minha opinião, a marca que melhor catálogo de exclusivos tem. E como todos sabemos o orgulho por esses mesmos exclusivos é bem visível, verdade seja dita, é mesmo para estar orgulhoso.
Pensem em títulos como God of War, Uncharted, Gran Turismo ou mesmo o recente Marvel’s Spider-Man. São títulos que toda a gente conhece mas só quem tem uma PlayStation os pode jogar, mas isso está a mudar…. Olhem este tweet.
Pois é, agora já não precisamos de uma PlayStation para jogar alguns dos títulos da Quantic Dream, até agora exclusivos para a consola da Sony. Não tenho forma de saber que movimentos aconteceram nos bastidores para chegar a este ponto mas a verdade é que isto trata-se de um rombo no cofre que é o catálogo de exclusivos PlayStation. Não por serem os exclusivos mais fortes ou mais recentes mas sim porque mostra que a marca que sempre bateu o pé ao crossplay e contra a possibilidade das grandes marcas trabalharem em conjunto para o bem dos consumidores está agora mais aberta a essa mesma possibilidade.
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Com a chegada do Stadia e com a entrada de características Xbox na Nintendo Switch o mercado está a navegar, cada vez mais, em direção à unificação. Será que a Sony PlayStation vai querer ficar para trás neste novo mercado que se começa a desenhar? Não me parece!
A partir deste momento, e com rumores de futuras gerações de consolas a começarem a surgir as marcas terão que ser cada vez mais criativas com o hardware que colocam no mercado pois, como já referi anteriormente, está a chegar o momento de escolher a próxima consola não pelos jogos que poderá vir a ter mas pelas suas características… sejam elas poder gráfico, mobilidade ou mesmo características inovadoras.
Será possível inovar? Essa conversa fica para depois, mas penso que já todos tivemos um cheirinho de inovação na apresentação da Google na GDC 2019… viram bem aquela demo e a qualidade gráfica da água?