Atualização – Depois da ação da Apple, também a Google optou por tomar a mesma medida e retirar o jogo da Epic Games – Fortnite – da sua loja de aplicações. Para os utilizadores Android acaba por não ser tão dramático já que os mesmos podem fazer download da app através do website da Epic Games. Tal como a Apple, também a Google “obriga” a que os developers de jogos para a sua plataforma utilizem os meios da Google para processar os pagamentos, pedindo também 30% de todas as compras feitas in-app. No entanto, a empresa responsável pelo sistema operativo Android apenas tem esta regra para jogos.
Nota de redação – Vamos continuar a atualizar o artigo, acrescentado Atos aos três originais, sempre que for pertinente. No fim desta real batalha contamos ter um resumo do processo legal que ficará para sempre marcado na história dos videojogos.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Artigo original:
Se acham que o ano de 2020 estava estranho, esperem até lerem o que temos para vos contar. Se a Apple, gigante de Cupertino, já estava a ser olhada de lado pelos seus utilizadores mais ligados ao mundo dos videojogos ao fazer com o serviço de cloud gaming da Xbox o mesmo que tinha feito com o serviço Google Stadia – não o autorizar – agora o caso muda de figura quando a marca da maçã decidiu entrar em guerra com a Epic Games, e logo por causa do tão jogado Fortine… para terem uma ideia, estima-se que o jogo tenha mais de 70 milhões de utilizadores ativos por mês, “alguns” destes no sistema operativo da Apple – iOS.
Ato 1
A Epic Games acusa a Apple de ser ter o monopólio no que toca a pagamentos dentro das apps vendidas na App Store do iOS, fazendo com que os developers concordem com a impossibilidade de oferecer outros meios de pagamento aos seus utilizadores, com acontece, por exemplo, no sistema operativo macOS. A Epic vai mais longe e diz que a Apple sendo o intermediário entre consumidores e criadores, mas também sendo a única entidade que processa os pagamentos de vendas in-app, tem o poder de cobrar uma taxa “exorbitante” de 30% de todas as compras feitas in-app.
A Epic vai continuando, no processo legal que lançou contra a empresa que nos trouxe o iPhone, e diz que a “conduta anticompetiva” no que diz respeito ao “processo de pagamento in-app no sistema iOS” prejudica tanto os developers que não podem escolher como querem processar pagamento e são forçados a pagar o “Apple Tax”, bem como os utilizadores que acabam por não ter outra escolha se não pagar através da Apple, tendo assim “preços mais altos para um serviço de qualidade inferior”.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Sendo a Epic Games um dos developers afetados por esta política da gigante tecnológica, a empresa diz ser que tal política afetou tanto a empresa como os utilizadores de um dos mais famosos jogos da atualidade – Fortnite. Afeta a Epic porque a empresa vê-se obrigada a distribuir a app unicamente através da App Store e a usar, claro está, o processamento de pagamentos da Apple. Por sua vez afeta os utilizadores porque estes acabam a pagar mais pelo mesmo serviço, isto para “pagar os 30% de Apple Tax”.
Mas há mais… a Epic diz ter tentado negociar uma forma de parar as restrições que considera “ilegais e irracionais”, e que para além disso deixou publica a sua vontade de ver a Apple deixar de lado esta conduta “anticompetitiva”, mas que a empresa de Cupertino se recusou a “largar o seu controlo sob o ecossistema iOS”
Para concluir o primeiro ato de uma peça que ainda agora começou, a criadora do jogo Fortnite ofereceu pela primeira vez aos utilizadores do jogo a opção de pagar diretamente à Epic. Abrindo assim porta a que os utilizadores escolhessem entre pagar através da Apple, como até aqui tinham feito, ou pagar diretamente ao developer com um desconto de 20%. Diz a Epic que esta ação fez com que, pela primeira vez, os utilizadores Fortnite na plataforma Apple “tivessem uma opção competitiva em alternativa à solução de pagamento Apple”.
Ato 2
Um ato mais curto, mas que, na verdade, pode ter mais impacto no desenrolar deste verdadeiro Battle Royale a dois…
A empresa agora liderada por Tim Cook não gostou de perder o controlo sobre os pagamentos in-app e, diz a Epic que, em vez de “tolerar esta competição saudável, responde ao retirar o jogo Fortnite da App Store”. Isto faz com que, como já tínhamos referido, novos utilizadores não possam descarregar a app e que os utilizadores existentes não possam atualizar a mesma.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
A Epic, também responsável pelo motor gráfico Unreal, diz que esta ação por parte da Apple é, na verdade, “um exemplo de como a Apple usa o seu enorme poder para impor restrições irracionais e manter o seu monopólio sobre o mercado do processamento de pagamentos no sistema operativo iOS”.
Ato 3
Depois da ação da Apple a Epic não ficou quieta e decidiu avançar para um processo legal onde acusa a Apple de tudo o que aqui referimos, sendo que a empresa responsável pelo jogo agora retirado da loja de aplicações da Apple diz que “sofreu, e sofre, dano financeiro devido a estas medidas da Apple”, mas que o processo que agora entra na malha legal não serve para recuperar essas perdas. A Epic quer unicamente acabar com o “domínio da Apple em mercados chave no universo tecnológico” e com isto “abrir espaço para o progresso” e pede que “os dispositivos móveis da Apple estejam abertos ao mesmo tipo de concorrência que existe nos computadores Apple”.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
A Epic termina ao pedir ao tribunal que proíba “a Apple de continuar a impor restrições anticompetitivas no ecossistema iOS e garanta que 2020 não é como “1984””.
Porquê 1984? Como a Epic relembra no primeiro ponto do seu processo legal contra a Apple, foi em 1984 que a Apple lançava o seu Macintosh. Este lançamento ficou marcado por uma campanha onde a marca da maçã trazia à memória a obra de George Orwell’s sobre totalitarismo – 1984 – ao mostrar a Apple como a empresa que chegava para libertar o mercado do monopólio que pertencia até então à IBM.
Ato 3.1
Teve que ser, depois de publicado o artigo tivemos que voltar para atualizar. Se a Epic tentou atacar com um headshot ao colocar a maçã de Cupertino em tribunal pela “imposição de restrições anticompetitivas” no sistema operativo iOS, Tim Cook e a sua Apple desviaram-se da bala e contra-atacaram com um verdadeiro ataque aéreo…
Segundo informações partilhadas pela Epic, a Apple está a planear fechar as contas de developers e cortar, de vez, a empresa responsável pelo motor gráfico Unreal das suas plataformas. Claro que a gigante tecnológica já deixou claro que não quer ter que chegar a este resultado…
Em declarações ao The Verge a Apple diz que “quer manter a Epic como parte do Developer Program” e ainda que a situação em que a Epic se colocou é fácil de resolver, basta que para isso lancem um “update para o jogo Fortnite onde revertam a app até ao ponto onde ficará de acordo com as regras e guidelines” que são iguais para todos os developers.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
A batalha parece estar para continuar já que tudo parece indicar que nenhuma das gigantes tem vontade de voltar atrás nas suas ações.
Ato Final
Não sabemos. É impossível prever como é que esta guerra entre a realeza do século XXI vai acabar, se a Apple volta atrás e coloca novamente a aplicação na sua App Store, permitindo o método de pagamento da Epic, ou se, por sua vez, a Epic acaba por ceder e volta a aceitar os termos da Apple para voltar a ter o seu jogo disponível para os utilizadores iOS.
A única coisa que sabemos é que, no meio de tanta batalha, a “Victory Royale” dificilmente virá para o lado do consumidor já que estas guerras tendem a ser demoradas e até lá os utilizadores iOS estão impossibilitados de aceder, ou atualizar, a um dos mais famosos jogos dos últimos anos.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Por agora, fiquem com o vídeo que a Epic Games partilhou, em clara resposta à Apple e em alusão ao seu famoso anúncio de 1984: