No núcleo empresarial das Torres de Lisboa, a gigante britânica Sky tem dois andares com uma capacidade total para 200 funcionários. Para gerir a operação em Portugal? Nada disso – os serviços da Sky nem sequer estão disponíveis no mercado português. Mas é a partir de Portugal que é desenvolvida uma parte importante da tecnologia da empresa – e daqueles 200 lugares disponíveis, só 120 é que estão preenchidos.
A Sky criou um centro tecnológico em Lisboa ainda antes de estar na moda. A aposta remonta ao ano de 2012, quando a empresa comprou a Acetrax AG, uma organização que tinha presença em vários países e que estava a desenvolver soluções de video on demand (VOD) a partir de Portugal.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Dessa aquisição nasceu a Sky Store, a loja criada pela empresa britânica e através da qual os seus clientes podem comprar conteúdos digitais – foi nessa altura que a Sky percebeu o potencial de talento tecnológico que havia em em terras lusas.
“Viram que era possível encontrar talento de grande qualidade aqui em Portugal. Depois em 2015 acabaram por formalizar esta unidade como centro de excelência”, contou o diretor de tecnologia do Sky Technology Centre, Pedro Geada, em conferência de imprensa.
Os trabalhos de desenvolvimento continuaram e só em 2015 é que o centro de operações viria a ser oficialmente rebatizado como um dos vários polos tecnológicos da Sky que estão espalhados pelo mundo. Pedro Geada, na fotografia em baixo, tem sido o homem forte da Sky em Portugal e é ele quem nos últimos cinco anos tem supervisionado os trabalhos de desenvolvimento.
Em Lisboa ainda se desenvolve sobretudo a Sky Store, um trabalho em constante transformação tendo em conta o agigantamento de novos players no segmento de VOD como a Netflix, a Amazon e os próprios operadores de telecomunicações. É também a partir das Torres de Lisboa que são desenvolvidas funcionalidades para o Sky Interactive, um serviço que permite aos consumidores atualizarem os seus planos de subscrição.
Depois o centro de operações português tem sido fundamental no desenvolvimento de pequenas ferramentas que são integradas nos trabalhos de outros centros tecnológicos da Sky. Pedro Geada assegurou que a tecnologia é o segundo grande pilar da Sky, pois é importante garantir que os consumidores têm acesso aos conteúdos em qualquer dispositivo, em qualquer lugar e em qualquer momento.
“A Sky desenvolve muitos serviços internamente para se poder diferenciar do mercado naquilo que faz”, acrescentou.
Leia também | O futuro da televisão da Vodafone está a ser desenvolvido em Portugal
Atualmente a Sky tem 22 milhões de utilizadores em mercados como a Alemanha, Espanha e Itália, entre outros, um número que é o motor de outros grandes números: por mês a empresa regista três mil milhões de pesquisas nos seus sistemas e por ano é responsável pela transmissão de nove exabytes de conteúdos, ou seja, nove mil milhões de gigabytes de dados através de redes de distribuição de conteúdos (CND na sigla em inglês).
Para Pedro Geada e para a sua equipa este é justamente um dos pontos de interesse de trabalhar na Sky – a dimensão e a escala dos serviços posicionam-se como um desafio laboral completamente diferente. Quando há picos de interesse, quando sai uma série nova por exemplo, o número de acessos por segundo pode chegar aos 30 mil utilizadores, pelo que se o serviço falhar um único segundo, do outro lado vão estar 30 mil pessoas não satisfeitas com a experiência de utilização.
Foi assim que ao longo dos últimos cinco anos a Sky acumulou 120 profissionais focados em desenvolvimento, manutenção e operações em Lisboa e também é por isso que a gigante britânica quer agora reforçar as suas fileiras: até junho de 2018 vão ser integrados mais 40 profissionais.
A Sky está oficialmente no mercado à procura talento. Programadores de back-end, programadores para Android e iOS, profissionais de DevOps e profissionais de testes de automação são os perfis mais procurados. Java e .Net são as tecnologias que reinam dentro do mundo português da Sky, mas Pedro Geada disse que está acima de tudo à procura de profissionais que mostrem capacidade de adaptação, pois com a evolução constante da tecnologia é preciso ter quem responda ao mesmo nível.
“Apesar de estarmos numa empresa de 31 mil pessoas, tentamos preservar esta cultura de startup”, defendeu.
Pedro Geada reconhece que ao longo dos anos as contratações de profissionais tecnológicos em Portugal têm sido mais difíceis, pois “tem havido mais concorrência”. “Quando chegamos até uma pessoa, às vezes já não chegam até nós porque já foram apanhados por outros centros [tecnológicos que estão a recrutar]”, contou em conferência de imprensa.
“As empresas que dão mais luta [pelos candidatos]? Um bocadinho todas. Há uma diversidade muito grande, temos profissionais que também vêm de empresas muito diversas, alguns até das empresas que estão a contratar”.
O que alegra o diretor de tecnologia é o facto de nos últimos cinco anos a empresa ter tido poucas saídas de profissionais. “Achamos que é um bom lugar para trabalhar”, concluiu.