Landing.jobs: A resolver um dos grandes problemas da Europa, uma carreira de cada vez

Vietnamitas, japoneses, australianos, argentinos, canadianos, sul-africanos, brasileiros e portugueses, entre outros. A Landing.jobs já ajudou pessoas dos cinco continentes a conseguirem uma nova oportunidade na sua carreira.

Desde o primeiro dia que a Landing.jobs é uma plataforma orientada para as oportunidades de emprego na área das novas tecnologias. Apesar de nesse sentido nada ter mudado – continua a ser a principal faceta desta startup portuguesa -, a Landing.jobs começou a adotar uma visão mais abrangente.




Já não se trata apenas de juntar os melhores profissionais às melhores oportunidades de mercado. Trata-se também de ajudá-los a gerir a carreira profissional, de melhorar ou endireitar a sua posição no mercado mediante as competências que cada um apresenta.

“Há muita gente que nem sequer pensou [na carreira]. O que interessa é receber o dinheiro ao final do mês ou ‘estou chateado com o meu chefe agora, vou mudar de emprego’. Quando tu fazes as coisas de uma forma não estruturada, o que é que acontece? Podes ter sorte. Há muita gente que eu conheço que tem sorte e ainda bem. Mas há muitas outras pessoas das quais não ouves falar e que estão perdidas, tomaram decisões erradas de carreira. Depois mais à frente admitem que as tomaram e na prática a Landing.jobs quer posicionar-se como o parceiro de carreira para os profissionais de tecnologia”, explicou em entrevista ao FUTURE BEHIND um dos fundadores da startup, Pedro Oliveira.

Quem entrar na página da Landing.jobs vai encontrar algo parecido com a ‘Zomato das oportunidades de emprego’, ou seja, é possível definir vários parâmetros para encontrar a melhor correspondência de emprego. Pode selecionar a cidade para a qual a proposta se destina, qual a posição desejada, a data de publicação, o nível de experiência, o idioma e, não menos importante, é possível definir o salário mínimo desejado.

A partir do cruzamento destas informações com as propostas que existem na plataforma, dá-se o melhor match para o perfil do candidato. Atualmente existem perto de 500 ofertas na Landing.jobs, com Lisboa e Berlim a liderarem o maior número de vagas disponíveis.

A Alemanha é o melhor mercado da Landing.jobs, a Sky o melhor cliente

Tendo em conta tudo o que já fez, a Landing.jobs está a aproximar-se de um marco importante: conseguir dar mil novas oportunidades aos profissionais de tecnologias, um valor que Pedro Oliveira espera atingir ainda antes do final do ano.

“Vamos ser sinceros: a empregabilidade não é um problema nesta área. Quando digo isto aos jornalistas, aos que não são de tecnologia, ficam ‘não há desemprego, como assim?’. (…) Não há desemprego, pelo contrário. Se alguém desempregado nesta área vier falar comigo, eu pergunto ‘mas por que razão estás desempregado?’. Tem de haver explicação e não é a crise, não pode ser”.

Pedro Oliveira, ao centro, a discursar na abertura da edição do ano passado do festival. À esquerda está José Paiva, também cofundador da startup. À direita está Paulo Carvalho, diretor municipal de economia e inovação na CM de Lisboa. #Crédito: Landing.jobs / Facebook

Se do lado dos profissionais pode não haver grande dificuldade em arranjar um novo desafio para a carreira, fruto da grande absorção que o mercado está a ter, já as empresas têm dificuldade na medida contrária, isto é, os recursos humanos disponíveis são muito qualificados, mas limitados em número.

Este é aliás um dos grandes problemas atuais da Europa. Estudos da União Europeia apontam para a falta de 750 mil profissionais ligados às áreas tecnológicas até 2020. Esta situação pode criar um fosso de potencial relativamente aos EUA e às economias asiáticas. “É fácil de perceber: as universidades europeias não têm capacidade de output para as necessidades do mercado”, comentou o jovem empreendedor português.

“Há muita falta [de profissionais], nós notamos isso. Mas também há muita falta de as pessoas estarem no sítio certo. É isso que eu noto: há muitos profissionais de tecnologia, mas não dá para as vagas todas, é verdade, mas o que eu sinto é que as pessoas não estão no sítio certo”.

Mais de 300 empresas já recorreram à Landing.jobs para processos de contratação

É neste sentido que a Landing.jobs tem feito alguma evangelização a favor do trabalho remoto. “Ao falarmos muito disto, começamos a educar as empresas para essa realidade. As empresas muitas vezes querem contratar profissionais de tecnologia e têm falta de, então nós dizemos ‘já pensaram em remote?’. E eles ‘nunca tinha pensado nisso’”. “‘Lê isto, pensa bem nisto, pois aumentas a tua capacidade para atrair talento’”, diz-lhes Pedro Oliveira na resposta.

“As empresas que são remote friendly ou remote first têm muita alavancagem para contratar talento de tecnologia. Mas muito mais”.

É também no sentido de colocar as pessoas certas no sítio certo que surge o Landing.careers, o festival de tecnologia organizado pela Landing.jobs. Como já tínhamos reportado no ano passado, é onde ‘se junta a fome à vontade de comer’.

De feira de emprego a laboratório

As edições anteriores do grande evento anual da Landing.jobs – anteriormente Landing.festival, agora Landing.careers – estiveram acima de tudo focadas na criação de novas oportunidades de emprego. A edição deste ano sofreu uma reconfiguração, justamente para começar a responder ao novo posicionamento mais abrangente da startup.

Sim, o networking e as oportunidades de emprego vão lá estar – pelo Pavilhão de Portugal, em Lisboa, vão passar perto de 60 tecnológicas. Mas este ano há um maior foco nos debates, nos workshops, nas demonstrações técnicas e até na hackathon. O evento já não é uma feira de emprego, é um festival de tecnologia.

A hackathon deste ano tem um prémio total de 6.000 euros que será distribuído pelos vencedores de 13 desafios diferentes. #Crédito: Landing.jobs

“Acima de tudo que quem lá for, dos participantes, que lhes abra a mente, para novas perspectivas de vida, novas perspetivas de carreira. Se ficarem preocupados fixe, se não ficarem preocupados ok, também não há problema”, disse Pedro Oliveira relativamente às expectativas para o evento.

O cofundador da Landing.jobs adiantou que está especialmente curioso para ver qual o impacto e qual a receção às sessões técnicas que vão decorrer nos dois dias. Na prática a startup vai também passar a usar o festival como o seu laboratório de ideias embrionárias, isto é, tomar o pulso ao mercado para saber de que forma a plataforma tecnológica da Landing.jobs deve evoluir a seguir para conseguir garantir uma boa gestão de carreira.

“Estamos a aprender, estamos a aprender como isso vai ser feito. É com um coach? É dar acesso a mentores? São sessões de experts? São webinars numa determinada área? Ou é marketing insight – dizes às pessoas se o teu salário é quanto devias estar a ganhar ou se queres mudar de cidade, quanto é que devias ganhar naquela cidade, com base nos nossos dados?”.

Nem o próprio Pedro Oliveira tem ainda a resposta, mas estas questões ajudam a perceber um pouco a próxima direção a ser tomada pela plataforma da empresa. Pois em bom rigor, ninguém sabe o que o futuro reserva na área da tecnologia e a futurologia não passa disso mesmo.

Da falta de profissionais à não necessidade deles

Têm sido tantos os alertas sobre a falta de profissionais de novas tecnologias que se a situação não for bem gerida, há sempre a possibilidade de a médio e longo prazo acabarmos com mais profissionais do que aqueles que serão realmente necessários. Já existem várias áreas profissionais na sociedade onde atualmente isso acontece, portanto não seria totalmente de estranhar se tal voltasse a acontecer.

Pedro Oliveira não concorda com esta perspetiva. De acordo com a sua análise, ainda é muito grande o fosso entre vagas disponíveis e profissionais disponíveis. Este fosso, considera, não vai apresentar uma tendência de diminuição, mas sim de aumento.

Uma das razões para esta opinião é o facto de haver uma grande rotatividade entre profissionais de tecnologia e também uma taxa considerável de desistências, isto é, pessoas que depois escolhem seguir outros percursos profissionais mais ligados à gestão ou até de áreas completamente distintas.

Há no entanto um cenário que preocupa Pedro Oliveira: a automatização das profissões. Leia-se, as máquinas a tomarem conta dos postos de trabalho. Não é à toa que já existem grandes gurus da tecnologia a falar sobre a possibilidade de os governos criarem um rendimento de vida mínimo, pois no futuro muito provavelmente não vai haver emprego para todos.

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“Vai ter que se começar a falar seriamente sobre esse assunto porque as machines are taking over. É normal, tudo o que for trabalhos manuais ou que requeiram menos criatividade – e já nem é lógica, é criatividade, que também já se consegue simular. É inacreditável. O meu problema é esse, é essa parte”, adiantou.

Também não é à toa que o Landing.careers vai ter um painel cujo tema será ‘Quando os robôs ganham o controlo’.

“É algo que me preocupa. Já vai afetar a nossa geração e a dos nossos filhos sem dúvida. (…) Por um lado pode ser bom, as pessoas vão dedicar-se a problemas maiores”, considera.

Será mesmo este o futuro do trabalho?

Rui da Rocha Ferreira: Fã incondicional do Movimento 37 do AlphaGo.
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