A Apple fatura como poucas empresas. No primeiro trimestre de 2016 conseguiu receitas de 50,6 mil milhões de dólares, lucros de 10,5 mil milhões de dólares e tem neste momento uma ‘pilha’ de dinheiro avaliada em 233 mil milhões de dólares. Mas nada apaga o facto de esta ser a primeira vez nos últimos 13 anos em que as receitas da tecnológica caíram. Leu bem: seria preciso recuar 51 trimestres, até ao distante ano de 2003, para encontrar a última quebra nas receitas da Apple numa evolução ano-a-ano (YoY).
Este tombo deve-se ao facto de as principais categorias de produtos da Apple terem sofrido uma quebra nas vendas, como pode comparar na seguinte infografia.
O primeiro trimestre do ano costuma ser o mais fraco para a maior parte das tecnológicas que vendem eletrónica de consumo, mas no caso específico da Apple todas as atenções viram-se para o iPhone. Foi o grande responsável pela escalada possante que a empresa teve nos últimos anos em receitas e lucros. Para ter uma ideia a Apple teve receitas de 5,26 mil milhões de dólares e um lucro de 770 milhões de dólares no último trimestre antes da chegada do iPhone.
As vendas do telemóvel baixaram pela primeira vez numa base de comparação anual. Algo que seria inevitável em determinada altura, mas algo que fará soar muitas campainhas para os lados de Cupertino.
O iPhone SE apresentado no final de março servirá para contrariar nos próximos trimestres a tendência de estagnação. Por exemplo, os resultados da Apple na China também baixaram, em contraste com o que foi conseguido na Índia onde as receitas subiram 50%. Isto significa que ainda há mercados por explorar e que é necessário fazê-lo com uma alteração de estratégia.
Qual é a vantagem de ter uma posição consolidada no mercado? Poder faturar com serviços. A gigante norte-americana pode não estar a vender tantos gadgets, mas as receitas oriundas por exemplo da App Store aumentaram 35% em comparação com igual período do ano passado.
Mas sendo a Apple a Apple – perdoem a redundância -, os analistas, investidores e consumidores esperam que parte da solução venha através do lançamento de uma nova categoria de produtos. O Apple Watch tem dado uma ajuda, mas ainda não vende o suficiente para ‘remendar’ as quebras sentidas nas principais categorias de produtos.
Durante a conferência de análise aos resultados o diretor executivo da Apple, Tim Cook, salientou um facto interessante: nos últimos anos a marca da maçã adquiriu 15 startups para permitir um crescimento no portfólio de produtos. Tim Cook não referiu especificamente o que pode vir, quando pode vir e em que formatos, mas esta deixa já será o suficiente para haver especulação nas próximas semanas.
Carros, realidade virtual ou até uma nova categoria de produtos. Prepare-se pois nos próximos dias vai ler muitos artigos a dizer que a Apple precisa de encontrar um novo grande sucesso. Não é que estejam errados, mas não é esse o caminho de todas as empresas, sobretudo as tecnológicas?