Era muito difícil passar em frente ao stand da Budsy e não falar com uma empresa que quer utilizar as novas tecnologias, como a Internet das Coisas e a inteligência artificial, para democratizar o acesso à canábis e para melhorar a experiência de utilização deste processo.
“Somos uma empresa tecnológica de canábis de Los Angeles, na Califórnia, e aquilo que oferecemos é entregas personalizadas através de uma solução de toque única. Temos uma aplicação que podes descarregar gratuitamente ou podes comprar um dos nossos botões IoT”, começou por explicar o diretor executivo da startup, Majyd Hassan, em entrevista ao FUTURE BEHIND.
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A empresa tem um botão inteligente que em conceito funcionam da mesma forma que os Dash Buttons da Amazon: sempre que o utilizador quer mais de um determinado produto, basta carregar no botão que o mesmo é-lhe entregue em casa. No caso da Budsy o produto é canábis.
“A ideia é que quando o consumidor quiser a entrega ou usa a aplicação ou usa o botão. O nosso objetivo é que dentro de 30 a 40 minutos tenha a entrega à porta de casa”, acrescentou o empreendedor.
Se até aqui o conceito de Internet das Coisas aplicada à venda e consumo de canábis faz sentido, em que parte entra mesmo a inteligência artificial? “Assim que o cliente terminar o consumo, pode dar feedback na nossa aplicação e a nossa aplicação vai aprender aquilo que gostas e o que não gostas através do nosso sistema de inteligência artificial. Sempre que carregares no botão vai enviar algo diferente, mais próximo daquilo que estás à procura com base no feedback que vai sendo dado na aplicação”.
Fruto deste feedback, e de um conjunto de indicadores que o utilizador dá quando configura a aplicação, a Budsy vai enviar uma mistura de canábis que se aproxima o máximo possível daquilo que o utilizador deseja em termos de resultados práticos.
Majyd Hassan esteve depois a explicar que a planta de canábis tem mais de 200 variedades e muitas têm efeitos diferentes: algumas são mais indicadas para o cérebro, como a sativa, outras mais indicadas para efeitos no restante corpo. “Os utilizadores podem indicar na aplicação as suas preferências relativamente ao que procuram – algo que estimule a criatividade ou algo que ajude a aliviar a dor”, explicou.
Ainda que o conceito faça sentido em termos de experiência de utilização e que até possa ter potencial em termos de mercado, provavelmente estará a questionar-se: a venda de canábis é legal?
Na Califórnia, EUA, de onde a Budsy é oriunda, a venda e consumo de canábis já era legal para efeitos medicinais. Em novembro do ano passado foi aprovado um novo quadro regulatório que também legaliza a venda e consumo para efeitos recreativos, regras essas que entram totalmente em vigor em janeiro de 2018. O que a Budsy está a fazer é preparar tudo para ter todo o processo de negócio a funcionar por essa altura.
Mesmo nos EUA existem várias restrições, pois as leis variam de estado para estado e em algumas localizações a canábis é definida como uma droga de classe 1, sendo equiparada à heroína.
“Infelizmente ainda não podemos operar aqui na bonita cidade de Lisboa, mas se a regulação mudar adoraríamos vir para a Europa”, atirou depois Majyd Hassan.
O CEO da Budsy explicou depois que, legalmente, na Califórnia é permitido entregar 28 gramas de canábis de cada vez, mas para segurança do condutor e do consumidor, as entregas vão estar limitadas a 3,54 gramas. “Por norma esta é a média de consumo de uma pessoa ao longo de uma semana. Queremos garantir que utilizas o botão com frequência, que deverá ser de quatro vezes num mês – isso é bom para nós e para o utilizador pois vai receber algo diferente todas as semanas”, detalhou.
Majyd Hassan confirmou ainda que o botão IoT vai ter associado um mecanismo de segurança que previne utilizações erradas, como outra pessoa da casa carregar sem intenção no botão de encomenda.
A Budsy ainda participou no concurso de startups do Web Summit, mas acabou por não conseguir passar às semifinais. No entanto Majyd Hassan não fecha a porta à possibilidade de conseguir algum investimento.
“Se alguém estiver disposto a investir, por exemplo, se algum investidor português gostasse de investir no mercado norte-americano, sim, estaríamos completamente abertos para investimento”, finalizou.