Primeiro vieram as lojas pioneiras e os primórdios dos negócios online. Depois vieram as redes sociais e a maturação dos meios digitais. Seguiram-se os smartphones, os tablets e a economia das aplicações móveis. Agora vem aí uma nova etapa, aquela que para o presidente da Associação da Economia Digital (ACEPI) é a quarta grande era do comércio eletrónico.
“Com a introdução dos dispositivos ativados por voz em nossa casa, achamos que a próxima geração do eCommerce vai ser muito impulsionada por todas estas tecnologias e pela inteligência artificial”, começou por explicar o presidente da ACEPI, Alexandre Nilo Fonseca, num encontro com jornalistas.
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A referência era para dispositivos como as colunas inteligentes Amazon Echo e Google Home. Ainda que a sua disponibilidade seja ainda bastante limitada – no caso de Portugal só a Amazon Echo está disponível para compra sem intermediários -, em países como os EUA estas colunas inteligentes começam a ganhar um espaço importante na casa das pessoas. E dentro desse espaço, representam um papel importante na área das pesquisas e das compras feitas através da internet.
Além das plataformas de voz e da inteligência artificial, há um terceiro elemento que vai ajudar a transformar a experiência de compra dos utilizadores – a chamada Internet das Coisas, sobretudo através de sistemas de beacons. Estes sistemas que emitem notificações mediante a proximidade do utilizador, que já existem há alguns anos e nunca se conseguiram afirmar por completo, têm agora uma nova oportunidade.
Na prática estamos a entrar numa fase em que a capacidade preditiva das empresas será um elemento-chave não só na diferenciação relativamente à concorrência, mas vai ser fulcral na captação de novos clientes. Mais do que nunca as empresas têm de comunicar com os clientes no local certo e à hora certa, podendo os beacons representar aqui um papel importante.
“Agora conseguimos prever o que as pessoas querem e se vão querer artigos semelhantes. Conseguimos antecipar o consumo dos utilizadores com base no seu comportamento”, explicou Alexandre Nilo Fonseca.
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Na era do comércio eletrónico 4.0 as lojas vão evoluir mais no sentido de showrooms, funcionando como uma experiência física que vai ajudar a suportar as decisões online que o consumidor depois vai tomar. Na prática vai haver, em certa medida, uma inversão da tendência que se verificou nos últimos anos – as pessoas pesquisavam os produtos online e depois dirigiam-se às lojas físicas para concretizar a compra.
“Nos próximos anos vamos ver a fusão dos conceitos de webrooming e showrooming e as empresas de sucesso serão aquelas que conseguirem captar os consumidores nestas duas dimensões”, salientou o porta-voz da ACEPI.
Portugal tem atualmente três milhões de utilizadores de internet que fazem compras online, um número que apesar de ser interessante para muitos negócios, fica aquém dos 700 milhões de utilizadores de internet que existem no mundo e que fazem compras online fora dos seus países de origem. Este é, para Alexandre Nilo Fonseca, o grande mercado a atacar.
“Essa é a oportunidade. (…) Perto de 60% das empresas portuguesas estão offline. Não estamos a aproveitar nada do resto do mundo”, disse, referindo-se à fraca presença de empresas portuguesas na internet.
A era do comércio eletrónico 4.0 vai ainda definir-se pelas experiências de compra em vários dispositivos e pela presença em várias plataformas. É aqui neste elemento que algumas das grandes tendências tecnológicas do momento, como a realidade aumentada, a realidade virtual e até o blockchain, vão funcionar como aceleradores económicos.