Há uma nova marca de telecomunicações em Portugal. Chama-se NOWO [lê-se nôvo] e é resultado de um rebranding feito à marca Cabovisão. A partir de agora os antigos clientes da Cabovisão passam a ser clientes da NOWO e mantêm exatamente as mesmas condições de contrato e serviços que tinham. Na prática a empresa é a mesma, o nome da marca é que é diferente.
Mas o objetivo do diretor executivo da NOWO, Miguel Veiga Martins, é que os atuais clientes se sintam atraídos pela nova oferta de telecomunicações da empresa. Esta oferta é diferente daquilo que o mercado tem até aqui oferecido: o propósito é que o consumidor pague apenas por aquilo que encaixa no seu perfil de consumidor.
O mercado das telecomunicações em Portugal é liderado pela subscrição de pacotes de telecomunicações que, dependendo dos casos, podem juntar internet fixa, internet móvel, telefone fixo, telefone móvel e televisão. Mas os consumidores escolhem entre pacotes já preestabelecidos: com a NOWO é o consumidor que faz o seu pacote.
82% das famílias portuguesas são subscritoras de um pacote de telecomunicações integradas. Fonte: ANACOM
A base do serviço da NOWO é uma ligação de internet de 100 Mbps e 33 canais analógicos por 19,99 euros por mês. A partir daqui pode ir acrescentando ‘extras’. Se quiser internet de 200 Mbps então pagará mais 8 euros por mês. Se quiser associar um cartão de telemóvel com 2GB de internet e 2.000 minutos de conversação, então pagará mais sete euros por cartão. Se quiser ter não 33, mas 80 canais de televisão pagará mais 8 euros. Se não quiser ter televisão, não tem. Se não quiser telefone fixo, não tem. E por aí em diante.
Na página online da NOWO e também nas lojas físicas da marca existe um simulador onde os consumidores podem misturar diferentes serviços e perceber de imediato qual é preço final que terão de pagar.
A diferença deste tarifário é que funciona como um alfaiate – é feito a pedido pelo utilizador – ou como se fosse um serviço de self service – imagine uma bancada onde estão diferentes ingredientes, o consumidor paga por aqueles que quiser levar.
“O mercado é dominado pelos pacotes de serviços. Se calhar o mercado já está um bocado saturado”, disse Miguel Veiga Martins, durante a apresentação da nova marca e do novo serviço, a propósito dos modelos de negócio praticados em Portugal. “O mercado está saturado, o modelo de negócio em si está saturado. Passou, é um ciclo. Agora é preciso transformá-lo, revolucioná-lo. O mercado atingiu uma maturidade tão grande que é preciso mudar o modelo de negócio”.
“Esta estratégia vai trazer mais justiça ao mercado. Porque apenas deve pagar pelos serviços que escolhe. O cliente deve escolher serviços e não pacotes predefinidos. A mobilidade é um ponto crucial. Vamos ser muito agressivos. O móvel é o futuro, é um grau de liberdade”, acrescentou o responsável.
Além desta maior flexibilidade na subscrição de serviços, a NOWO quer destacar-se também pelos períodos de fidelização. Na NOWO não existem contratos de 24 meses. O máximo que os consumidores terão de fidelização será um ano.
Se optar por um período de fidelização de 12 meses então não terá de pagar qualquer taxa de ativação e instalação de serviços. Se optar por 6 meses de fidelização terá de pagar 30 euros. Se optar por um tarifário sem fidelização então pagará 50 euros pela ativação e instalação de serviços. Em qualquer um dos casos os valores estão significativamente abaixo daqueles que agora são praticados pelas empresas MEO, NOS e Vodafone e por aqueles que eram inclusive praticados pela Cabovisão.
A Cabovisão foi fundada em 1993 e passou a operar no mercado português passados dois anos. Passa para a NOWO 220 mil clientes
A isto acresce o facto de o valor de aluguer da box já estar incluído no preço final, ou seja, na prática é como se não existisse esse encargo como um extra.
“Isto é disrupção no mercado”, asseverou o diretor de marketing da NOWO, José Henriques. “Acreditamos que estamos a mudar o modelo de negócios do sector das telecomunicações”, acrescentaria mais tarde o diretor executivo, Miguel Veiga Martins.
O plano a curto prazo
Além da transição de toda a marca Cabovisão para a marca Nowo, a empresa já tem os seus objetivos traçados para os próximos tempos.
Com esta nova marca e com esta nova proposta de modelo de negócio para os consumidores, a NOWO espera nos próximos dois anos representar 10% das receitas de telecomunicações que são geradas em Portugal. Esta meta diz respeito a todo o ‘bolo’ do mercado de telecomunicações, incluindo o segmento móvel. É, portanto, uma meta ambiciosa.
Há já alguns meses que a Cabovisão tem um serviço de telefonia móvel que é disponibilizado como operador virtual (MVNO). O CEO revelou que atualmente este serviço já é usado por 10% da sua base de clientes, mas que no futuro é objetivo disponibilizar uma oferta de telefonia móvel que seja independente, para atrair mais consumidores. Esta será uma das mudanças que poderá ajudar a empresa a concretizar o seu objetivo.
De acordo com números revelados na conferência de imprensa, a Cabovisão representa atualmente cerca de 5% do total de receitas do mercado [4,3% de acordo com a ANACOM], no próximo ano pretende chegar aos 6% e em dois anos chegar a 10%. “Temos rede suficiente para isso, temos ambição para isso”, explicou o CEO.
A rede da NOWO abrange 900 mil casas e atualmente só 200 mil estão com serviços da empresa, o que para Miguel Veiga Martins é um indicador claro de por onde a empresa vai querer expandir. No final destes dois anos as expectativas são de duplicação da base de clientes.
Por muito tentadora que seja a proposta comercial da NOWO, a disponibilização da rede fixa no território continua a ser uma grande barreira para a empresa visto que não tem uma abrangência tão ampla como as redes das empresas concorrentes. Por isso é que o CEO admite algum investimento.
“Se houver clientes adjacentes às nossas regiões, faremos esse investimento. Nestes dois anos vamos querer chegar a clientes que não estão dentro da nossa rede. Vamos fazer investimento para upgrade à nossa rede”.
Daí que o serviço de telefonia móvel represente uma grande importância nessa estratégia: este já não estará limitado geograficamente, estará disponível para todos os interessados. Ainda não há confirmação de quando esta oferta de telefonia independente de pacotes será disponibilizada pela NOWO.
Apesar da competição agressiva que existe entre os operadores de telecomunicações em Portugal, Miguel Veiga Martins deixou uma palavra de apreço ao trabalho que tem sido desenvolvido.
“[Portugal] É um mercado extremamente competitivo, de elevada qualidade, houve um bom trabalho dos operadores. Estamos muito à frente na inovação, na qualidade, mas não tanto nos preços”, analisou.