Felix Kjellberg. Palmer Luckey. Mark Zuckerberg. Sundar Pichai. Binny Bansal. Sachin Bansal. Tim Cook. Estes são os senhores do mundo tecnológico que fazem parte da exclusiva lista das cem pessoas mais influentes do mundo, elaborada pela revista Time.
Os nomes referidos pertencem a diferentes empresas, diferentes projetos e foram selecionados por diferentes motivos. Mas figuram ao lado de outras personalidades importantes da sociedade mundial como é o presidente da China, o Papa Francisco ou alguns artistas de renome como Leonardo DiCaprio e Adele.
Este é um sinal claro de como cada vez mais o sector das tecnologias tem uma influência não só na vida das pessoas, mas na forma como o mundo está a mexer-se. Sozinhos não definem movimentos ou tendências, mas podemos considerar que conseguem exercer uma maior força em alguns temas. Uma declaração num jornal ou uma publicação nas redes sociais pode deixar milhões em alvoroço.
Não participámos no processo de seleção da Time, mas não é difícil de perceber o porquê de cada um daqueles nomes.
É um grande influenciador entre os mais jovens e tem uma audiência de 43,5 milhões de seguidores apenas no YouTube. Já acumulou mais de 11 mil milhões de visualizações, metendo algumas séries de televisão no bolso pequeno das calças.
Acrescente-lhe mais alguns milhões noutras redes sociais e tem aqui uma das pessoas com maior capacidade de influência num público-alvo específico e que para muitas marcas seria valiosíssimo.
PewDiePie faz parte de uma equipa exclusiva de youtubers que a Google contratou para fazer séries especiais e que só estão disponíveis mediante subscrição, querendo isto dizer que até as maiores empresas do mundo querem estar ao lado deste sueco. Estima-se que em 2015 tenha faturado perto de 7,5 milhões de dólares.
É fundador e diretor executivo da Oculus VR, empresa responsável por aquele que é um dos melhores gadgets de realidade virtual até à data, os Oculus Rift. Todos esperam grandes feitos por parte da realidade virtual, incluindo o Facebook. Por isso é que a maior rede social do mundo é agora dona da Oculus VR, depois de ter investido dois mil milhões de dólares.
Mas não se trata apenas de revitalizar um mercado que parecia perdido para sempre. Palmer Luckey pode com os Oculus Rift revolucionar dois dos mais importantes segmentos de entretenimento e das indústrias mais valiosas do mundo: videojogos e cinema. Não é por acaso que a sua nomeação na Time 100 está assinada por Ridley Scott.
Além desta vertente, Mark Zuckerberg está a tentar mudar o mundo de diferentes formas. Está na realidade virtual como acabámos de ver, mas está também a tentar levar Internet até todo o mundo e em alguns casos sem custos.
Zuckerberg é ainda aquilo a que o presidente da Fundação Gulbenkian, Artur Santos Silva, chama de hackers filantropos. Juntamente com a sua mulher – que figura ao seu lado na nomeação da Time – vai doar 99% das suas ações do Facebook para projetos de caridade e empreendedorismo social. Estamos a falar de mais de 40 mil milhões de dólares dados para tornar o mundo num lugar melhor.
São todos serviços com mais de mil milhões de utilizadores e muito provavelmente, você usa algum. Tem ainda assento no conselho de administração de uma das mais promissoras tecnológicas dos próximos anos, a Magic Leap.
Se o currículo e os cargos por si só chegam para justificar uma nomeação do género, Sundar Pichai representa aqui muito mais do que um CEO.
Ele é um exemplo de alguém que nasceu longe do ‘sonho americano’ e que graças ao trabalho e à inteligência conseguiu ocupar um dos cargos mais ambicionados entre gestores. É também um dos rostos da afirmação da Índia como uma potência mundial de grandes cérebros – o diretor executivo da Microsoft, Satya Nadella, é outro.
Pela proximidade que tem com a Índia e com o enorme potencial que o país pode desenvolver, Pichai está claramente entre um dos que tem igualmente grande potencial a nível influenciador.
Apesar de o nome deixar essa impressão, não são familiares. Mas são dois empreendedores tecnológicos de respeito na Índia e fundadores do maior portal de compras online da nação, o Flipkart.
Estão entre as 100 pessoas mais ricas da Índia e a aposta contínua no desenvolvimento do seu projeto faz com que valha mais de 13 mil milhões de dólares.
Mas Cook é importante por muito mais e relembramos aqui um ‘pequeno’ exemplo: quando escreveu uma carta aberta a falar da sua homossexualidade. A posição do CEO da Apple foi notícia nos principais meios de comunicação e o tema voltou a ser discutido de forma pública. Não é possível quantificar mudanças específicas que originou, mas foi mais uma voz de peso num tema que continua a gerar histórias lamentáveis, sobretudo relacionadas com discriminação.
Mas é também Tim Cook quem está a tornar a Apple uma empresa quase totalmente verde nos consumos de energia. A tecnológica desenvolveu até um robô que consegue desmontar iPhone em apenas 11 segundos para permitir um melhor aproveitamento dos seus componentes.
Na prática Tim Cook não está só a construir um legado de tecnologia, está a construir uma empresa de valores.
E ainda Elon Musk…
Brincadeira, o nome de Elon Musk não está na lista da Forbes. E aproveitamos este facto para salientar outras ausências que podem ser vistas como surpresas.
No caso de Musk é o homem que está a liderar uma verdadeira revolução elétrica – carros, baterias para as casas, uma das maiores fábricas do mundo de baterias elétricas – e a nova corrida espacial – a SpaceX tem conseguido feitos impressionantes, como aterrar um foguetão no meio do mar.
É um dos empreendedores norte-americanos e gurus tecnológicos que mais tem dado que falar no último ano, mas não surge na lista.
De fora também fica outro empreendedor igualmente famoso, Jeff Bezos, que além de ter uma das maiores plataformas de comércio eletrónico, de ter posição na área do entretenimento, de também ter foguetões aterráveis, é ainda dono do The Washigton Post, um dos jornais mais respeitados e influentes do mundo. Mas não está na lista.
O seu ‘arquirrival’ no comércio eletrónico, o chinês Jack Ma, um dos mais poderosos da também por si toda-poderosa China, também não. No caso de Jack Ma é também um bom exemplo da ocidentalização de algumas das pessoas mais relevantes do continente asiático.
Travis Kalanick, fundador da Uber e disruptor do segmento da mobilidade em todo o mundo, também não está. Taxistas têm paralisado cidades inteiras por causa do serviço criado por Kalanick, que também está a colocar em debate questões importantes como as legislações que não conseguem acompanhar a rapidez do desenvolvimento tecnológico. Faz tudo isto, mas também não chega ao top 100 dos influenciadores.
Não nesta lista, mas talvez venham a estar noutras. A Forbes, o Business Insider e outras publicações de alcance mundial vão apresentando ao longo do ano as suas listas de pessoas mais influentes no mundo – ou de forma geral ou tendo em conta segmentos específicos como a tecnologia.